Primeiro Teste – Mitsubishi Outlander PHEV: O regresso

Mitsubishi Outlander PHEV

Highlights
  • Mitsubishi Outlander PHEV regressa com um sistema híbrido renovado

Em 2013, o Mitsubishi Outlander foi o primeiro SUV PHEV no mercado europeu. Recebeu várias atualizações ao longo dos anos e agora regressa numa geração inteiramente nova e concebida para a Europa. Neste Primeiro Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota, descubra tudo o que tem de novo o Outlander PHEV.

Há uma dúzia de anos, o sistema de funcionamento híbrido recarregável do Outlander PHEV suscitava curiosidade e obrigava os mais interessados a estudar o assunto para perceber como dele tirar o melhor rendimento. A Mitsubishi teve um papel pioneiro neste assunto, ao ser a primeira a colocar no mercado europeu um SUV PHEV. Além de alguns consumidores, convenceu também alguns políticos, que atribuiram benesses ao sistema PHEV, algumas das quais ainda duram até hoje.

Vários restylings

O Outlander foi recebendo restylings, mais ao nível do estilo e interiores do que ao nível mecânico. A Mitsubishi manteve o essencial do sistema original até 2021. Nessa altura, lançou no Japão e em outros mercados selecionados a nova geração do seu sistema PHEV, o mesmo que chega agora à generalidade dos mercados europeus, incluíndo a Portugal, onde as gerações anteriores ainda têm 5300 unidades a circular nas nossas estradas.

Esta nova geração do Mitsubishi Outlander utiliza a plataforma CMF-CD, da Aliança Renault/Nissan/Mitsubishi, partilhada com modelos como os Nissan Qashqai e X-Trail, com suspensão multi-link atrás. Face ao anterior Outlander, a Mitsubishi afirma que a rigidez subiu 24%, na frente e 15%, atrás com menos 18% de rolamento em curva. O comprimento é de 4719 mm e a distância entre-eixos de 2704 mm.

Grupo motriz

Mas o grupo motriz é diferente e específico da Mitsubishi. Tudo começa com um motor a gasolina atmosférico de quatro cilindros e 2360 cc, que debita 100 kW (136 cv) e 203 Nm. Depois, tem um motor elétrico para as rodas da frente com 85 KW (116 cv) e 255 Nm e outro motor elétrico de 100 KW (136 cv) e 195 Nm para as rodas de trás. O total combinado é de 225 kW (306 cv). A bateria é de 22,7 KWh.

O sistema pode funcionar de três maneiras. Em modo puramente elétrico, com uma autonomia anunciada de 86 km. Em modo híbrido em série, em que o motor a gasolina atua um gerador que carrega a bateria para alimentar os motores elétricos, portanto com tração elétrica às rodas. A terceira maneira é híbrido em paralelo, em que o motor a gasolina traciona as rodas da frente e é ajudado pelos motores elétricos. A mudança entre os modos híbridos é automática, não é escolhida pelo condutor.

Modos à escolha

O que o condutor pode escolher são os modos de condução, que estão divididos em duas áreas. Há um botão na consola que dá acesso à escolha entre os modos de funcionamento Normal/Elétrico/Save/Charge. O terceiro mantém a carga existente na bateria, para usar mais tarde, enquanto o último carrega a bateria em andamento, através da ação do motor a gasolina e do gerador separado.

Noutro botão, o condutor pode escolher outros modos de condução, relativos ao tipo de condições do piso: Asfalto/Neve/Gravilha/Lama/Normal/Eco/Potência, que alteram o funcionamento do acelerador, direção, controlo de tração e de estabilidade, entre outros parâmetros, como a utilização dos dois motores elétricos. Há muito por onde escolher. A Mitsubishi anuncia os seguintes ângulos para condução fora de estrada: ataque: 18,7 e saída 22,5 graus. A altura ao solo é de 199 mm.

Primeiras impressões

Neste Primeiro Teste TARGA 67, apenas guiei o Outlander em cidade, em autoestrada, em estrada secundária e num caminho de terra em muito bom estado. Ainda assim foi suficiente para retirar algumas impressões. A posição de condução é alta mas o banco está bem enquadrado com o volante e com o painel de instrumentos. Os comandos da climatização estão fora do infotainment, em baixo na consola e muito fáceis de usar.

Em modo 100% elétrico (vai até aos 135 km/h), o isolamento é muito bom, com boa resposta do acelerador, sem nenhuma brusquidão. Travões bem calibrados e as patilhas permitem escolher entre cinco níveis de regeneração na desaceleração, além de um nível zero, muito útil em vias rápidas. A direção é um pouco assistida em excesso, mas nada de muito exagerado. A suspensão, pneus e bancos proporcionam um bom nível de conforto. O ambiente do habitáculo é tipicamente japonês de topo, com decorações que não serão ao gosto europeu. Mas a sensação de qualidade geral é boa. Bom espaço nos lugares da frente e também nos de trás, mesmo no lugar do meio. A mala tem 495 litros.

Bem isolado

Em autoestrada o isolamento acústico continua bom, mas nota-se um ligeiro zunido dos motores elétricos, talvez porque o motor  gasolina é muito silencioso. A transmissão faz efeito de variação contínua, nas subidas e descidas de rotação do motor a gasolina, quando se acelera e desacelera. Muito pouco ruído aerodinâmico ou de rolamento mas um certo bambolear da estrutura monobloco, quando o piso é desnivelado. Em modo “Power” os 306 cv mostram do que são capazes, apesar dos 2145 kg, com uma aceleração 0-100 km/h anunciada em 7,9 segundos.

Passando a uma estrada secundária, de piso um pouco degradado, com muitos remendos, o conforto manteve-se a bom nível, à custa de movimentos da carroçaria não muito amortecidos. Mas o equilíbrio pareceu correto para este tipo de veículo, fazendo lembrar alguns dos seus antepassados, os puros TT de há várias décadas.

S-AWC

O diferencial ativo traseiro S-AWC distribui o binário entre as rodas de trás de forma a criar uma vectorização ativa que ajuda a curvar em estradas com curvas mais fechadas. Na primeira metade da curva, pode aparecer um pouco de subviragem, mas fácil de gerir. Na segunda metade, quando se reacelera forte, o motor traseiro é capaz de provocar uma ligeira deriva que ajuda a rodar o Outlander e a sair da curva mais depressa. Em piso de terra, esta tendência amplia-se e até é possível provocar uns slides de potência.

O estilo da carroçarias talvez não seja o mais atual, para os gostos europeus, tal como alguns detalhes de decoração do habitáculo. Não ter uma tomada CCS e em vez disso continuar com uma CHAdeMO, menos vulgar nos postos de carregamento, pode ser um problema para carregar a bateria em modo rápido. A Mitsubishi anuncia 32 minutos para ir dos 0 aos 80% numa CHAdeMO de 50 KW DC e 6h30 para uma carga completa numa tomada AC de 3,5 KW. Neste teste não tive tempo para testar consumos.

Conclusão

A seu favor, o novo Outlander PHEV tem a boa reputação do modelo anterior, que foi declinado em três gerações, por isso esta é considerada a quarta. Tem também o espaço e o conforto como pontos fortes mas a eficiência energética parece não estar ao nível do rival que a marca considera o seu principal alvo, o Toyota RAV4 PHEV. Espero por um teste mais completo para tirar as dúvidas.

Mitsubishi Outlander PHEV

Potência: 306 cv

Preço: 54 120 euros

Veredicto: 3 estrelas

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