Os desenhos de automóveis “ao raio-X” são uma arte que se tem vindo a perder. Mas algumas marcas ainda continuam a utilizar este tipo de ilustrações para mostrar os detalhes dos seus novos modelos. É o caso da Audi, que tem uma coleção de “radiografias” do novo A6 e-tron, que permitem perceber melhor alguns dos detalhes deste executivo elétrico.
Há duas dezenas de anos, era rara a marca que não fornecia aos jornalistas ilustrações “ao raio-X” dos seus novos modelos. Feitas por artistas com profundo conhecimento técnico, estas imagens ajudavam a perceber o posicionamento de muitos dos componentes dos automóveis e até permitiam perceber como funcionavam alguns deles. Numa só imagem, era possível ficar a conhecer mais do que vários parágrafos de texto escritos por quem sabia do assunto.
Pouco publicadas
Mas as “radiografias” começaram a ser oferecidas por cada vez menos marcas, sem dúvida porque a sua realização tem um custo, que terá começado a ser visto como pouco rentável. Os jornalistas mais interessados pelas questões técnicas continuavam a estudar as radiografias, mas poucas apareciam impressas nos jornais e revistas, ou publicadas nos meios digitais. No entanto, algumas marcas continuaram a entender que o custo era justificável, pela informação que as radiografias proporcionam.
A Audi é uma dessas marcas, que produz vistas a “raio-X” de todos os seus novos lançamentos, incidindo nos aspetos mais inovadores e nos que requerem uma ilustração deste tipo para melhor fazer passar a informação pretendida.
O novo Audi A6 e-tron, a berlina e carrinha elétricos do segmento “E”, não podia deixar de ser lançado sem um tratamento devido “ao raio-X”. Ocasião perfeita para revisitar esta arte e ficar a conhecer melhor o A6 e-tron. Escolhemos 6 áreas diferentes:
1 – Suspensão
Na gama A6 e-tron, está disponível em opção uma suspensão pneumática adaptativa, ou seja, com molas de ar e amortecedores reguláveis eletrónicamente. No Audi Drive Select é possível escolher os vários modos de condução que fazem variar os parâmetros da suspensão, entre outros. Tal como se pode ver na “radiografia”, a suspensão da frente usa um esquema de braços triangulados sobrepostos e na traseira é usada uma arquitetura multi-link, com barras estabilizadoras nos dois eixos. A opção pela suspensão pneumática permite usar cinco alturas ao solo diferentes, que são ajustadas automaticamente de acordo com o modo de condução escolhido ou consoante a velocidade, neste caso para melhorar o desempenho aerodinâmico. Também se pode fazer subir a suspensão, para circular em pisos mais degradados, sem o risco de bater com o fundo no pavimento e escolher a altura mais conveniente para fazer cargas e descargas na bagageira.
2 – Iluminação
A tecnologia de iluminação já faz parte do ADN da Audi. No A6 e-tron os faróis e as luzes traseiras tridimensionais apresentam assinaturas de luz digitais. As luzes de circulação diurna são LED, na frente e as de trás são OLED de segunda geração. Cada painel OLED tem 45 segmentos, o que permite comunicação car-to-X, aumentando a segurança rodoviária. As luzes traseiras OLED têm dez painéis OLED perfazendo um total de 450 segmentos. Um novo algoritmo permite gerar uma nova imagem várias vezes por segundo. Na frente, a assinatura digital ativa é criada pela interação do algoritmo com doze segmentos que regulam a intensidade da luz para cima e para baixo. As luzes de trás têm função de comunicação com os carros que seguem o A6 e-tron, por exemplo avisando sobre avarias ou acidentes mais à frente, com símbolos de perigo. Além disso, esta nova geração de iluminação aposta forte na personalização com oito assinaturas de luz de circulação diurna dianteiras e luzes traseiras. O símbolo da marca também é iluminado. Para ilustrar tudo isto, a Audi escolheu uma perspectiva explodida, com todos os componentes separados.
3 – Carroçaria
Esta é uma das radiografias mais tradicionais, onde são usadas cores para identificar os vários tipos de materiais utilizados no “body-in-white”, ou seja, no monobloco antes de ser pintado. O A6 e-tron é feito sobre a nova plataforma PPE (Premium Platform Electric), partilhada também com o Audi Q6 e-tron. Trata-se de uma plataforma multi-materiais, composta de aço prensado a frio e a quente, mas também tem componentes noutros materiais, como alumínio, extrudido ou fundido. Cada material e tecnologia de fabrico são usados de acordo com os esforços existentes em cada local onde vai ser aplicado. Há também uma preocupação em diminuir o peso e fazer uma distribuição o mais equitativa possível entre a frente e a traseira do veículo, jogando com os painéis de alumínio para atingir esse objetivo. A utilização de super adesivos é uma prática já muito bem conhecida e utilizada para complementar a soldadura em locais específicos, podendo funcionar em alguns locais também como selante e isolante entre o aço e o alumínio.
4 – Bateria
Elemento fundamental num veículo 100% elétrico como o A6 e-tron, a bateria híbrida está colocada sob o habitáculo, para baixar o mais possível o Centro de Gravidade. Numa plataforma feita especificamente para elétricos, a sua caixa exterior está integrada no monobloco, contribuindo para a rigidez estrutural. Em termos de estrutura interna, a bateria é composta por 12 módulos de 180 células prismáticas cada, com uma capacidade bruta total de 100 KWh (94,9 KWh úteis). Isso garante uma autonomia de até 754 km, no A6 Sportback e-tron quattro. Com uma potência de 270 KW (280 KW em Launch Control) para o A6 Sportback e-tron Performance, a Audi anuncia uma aceleração 0-100 Km/h em 5,4 segundos, atingindo uma velocidade máxima de 210 km/h. A versão mais potente, o S6 e-tron chega aos 370 KW (405 KW em Launch Control) e consegue acelerar dos 0 aos 100 km/h em 3,9 segundos, com velocidade máxima de 240 km/h e autonomia de 661 km.
5 – Arquitetura 800V
Graças à arquitetura de 800 Volt e à potência de carregamento máxima de 270 KWh, é possível carregar até 310 km em 10 minutos, num carregador rápido de igual potência, ou superior. Uma carga de 10 até 80% demora 21 minutos, nas mesmas condições. O sistema de carregamento permite otimizar a operação em carregadores de 400 Volt, pois a bateria de 800 Volt é eletricamente dividida em dois bancos de 400 Volt que podem ser carregados em paralelo até 135 KW. A bateria está preparada para carregar numa wallbox de 11 KW AC e pode ser instalado um sistema de 22 kW AC. Há tomadas dois dois lados do veículo, de um lado para AC e do outro lado para AC e DC, facilitando assim a manobra de aproximação ao carregador.
6-Aerodinâmica
Mais uma área que faz parte do ADN da Audi e da sua própria história, a aerodinâmica também pode ser melhor ilustrada com uma “radiografia” como se pode ver na imagem acima. Para dar um exemplo de que alguns ainda se devem recordar, o Audi 100 de 1982 tinha já um Cx de 0,30, sendo o melhor da altura, por larga margem, título que manteve durante algum tempo. No caso do A6 e-tron Sportback é ainda mais importante pois trata-se do modelo com melhor coeficiente aerodinâmico de sempre na marca alemã e o melhor de todos os modelos do grupo, ao atingir um valor de Cx de 0,21. A parte frontal tem “air curtains” que melhoram o fluxo de ar em redor das rodas da frente. A zona do habitáculo é esguia e a linha do tejadilho inclina-se na direção da traseira. Dentro da “single frame” dianteira, existe uma cortina que se abre apenas quando necessário. O desempenho aerodinâmico também é atingido através do fundo plano, com revestimentos especificamente adaptados em torno das rodas. Existe um difusor na traseira para otimizar a saída de ar que passa sob o A6, com derivas verticais para maior estabilização do fluxo. O spoiler de tejadilho também contribui para a estabilidade das linhas do fluxo de ar depois de passarem pelo A6. As jantes têm carenagens específicas e os retrovisores digitais de segunda geração têm uma área exposta ao fluxo de ar muito menor do que os convencionais de vidro.
Conclusão
Estas são as 6 áreas mais inovadoras que a Audi ilustra através de imagens “ao raio-X”, aquelas em que a necessidade de comunicar todos os detalhes se faz mais facilmente com uma destas “radiografias” do que em texto. Além da informação que conseguem transmitir, são, em si, verdadeiras obras de arte gráfica. Uma arte que existe há muitas décadas na indústria automóvel.