Como tudo o que envolve eletrónica nos nossos dias, também os automóveis precisam de atualizações. A gama VW T-Cross recebe a sua grande atualização, obrigatória para se manter entre os B-SUV mais vendidos na Europa. Conheça tudo o que mudou neste restyling, em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.


















Lançado em 2019 e fabricado na unidade da VW em Pamplona, Espanha, o T-Cross acumulou 1,2 milhões de unidades vendidas nos últimos três anos, de acordo com dados fornecidos pela Volkswagen. Um volume que o coloca entre os B-SUV melhor sucedidos no segmento mais disputado da Europa.

Feito com base na plataforma MQB-A0, que serve também para o VW Polo e muitos outros veículos das marcas do grupo neste segmento, o T-Cross tem 4,12 metros de comprimento e 2,55 metros de distância entre eixos, um pouco abaixo dos 4,30 metros de comprimento e 2,61 metros de distância entre-eixos do Peugeot 2008, o líder do segmento.
Retoques de estilo
Mas são precisamente as dimensões exteriores compactas, em conjunto com o bom aproveitamento do espaço interior que têm feito o sucesso do T-Cross, além da imagem de marca. Por isso, as mudanças visuais neste restyling não foram muitas.

O arranjo da grelha dianteira e dos faróis foi ligeiramente modificado, tal como os farolins traseiros, que são de LED em todas as versões. Também os para-choques foram redesenhados, mais ainda nesta versão R-Line com aspeto mais desportivo. Claro que as jantes também têm novo desenho, aqui com pneus de medida 205/55 R17.
Interior melhorado
Por dentro, o tablier tem também novo desenho, não só do painel de instrumentos digital, mas também tem um novo ecrã tátil de 10” para o sistema de infotainment. Está colocado em destaque, em vez de inserido no tablier, como antes. Mantém-se o módulo da climatização separado mais abaixo, com botões táteis.

Os bancos também têm novos revestimentos e há mais plásticos de tato macio no habitáculo. A versão deste ensaio é a mais equipada, mas existem três outros níveis: o Style, que é paralelo ao R-Line em preço e conteúdo, e os mais acessíveis Urban e T-Cross.
1.0 TSI Evo2
Quanto ao motor 1.0 TSI passa de 110 a 115 cv, fazendo agora parte da família EA211 evo2. Tem três cilindros, injeção direta e turbocompressor e foi melhorado para cumprir as novas normas de emissões poluentes.

Tem alterações no comando variável das válvulas de admissão e escape, um novo catalisador colocado mais próximo do motor, turbocompressor de geometria variável e injetores de gasolina de dez orifícios. Está acoplado à conhecida caixa de dupla embraiagem DSG7.
Espaço bem aproveitado
A silhueta de B-SUV tradicional, com 1,56 metros de altura, inclui portas altas o suficiente para facilitar o acesso. Na segunda fila, o espaço em comprimento é bom e pode ser ajustado, pois o banco desliza longitudinalmente em 140 mm, fazendo variar a capacidade da mala entre 385 e 455 litros. A largura é menos generosa e há um túnel no piso.

A posição de condução é alta para um B-SUV, mas o volante tem boa pega, está bem posicionado e os seus ajustes e os do banco são amplos. O banco tem apoio lateral suficiente e é confortável. Boa visibilidade em todas as direções.
Ergonomia acertada
O painel de instrumentos tem leitura relativamente fácil e o infotainment precisa de alguma habituação para encontrar o que se procura. A caixa de velocidades tem uma alavanca convencional e uma posição “S” para passagens mais rápidas. É uma boa opção, para quando se quer andar mais depressa, pois não há modos de condução.

Apenas no topo do tablier se encontram os materiais macios de que a VW fala. No topo das portas permanecem plásticos duros. Mas a decoração e, sobretudo, o acabamento superficial de todos os materiais é bastante bom.
Em cidade
O motor é muito suave e silencioso em cidade, com uma resposta pronta desde baixos regimes e a caixa de dupla embraiagem, em modo automático, é também muito discreta a fazer passagens. O condutor nota-as, mas sem que isso seja um incómodo. Elogios para a assistência e precisão da direção, bem como para a facilidade de doseamento dos travões.

Guiar em cidade é uma experiência muito fácil, a única crítica vai para a relativa dureza da suspensão e dos pneus, que não permitem um nível de conforto muito bom, sobretudo em passadeiras elevadas e em piso degradado. Em manobras, a caixa pode ser um pouco lenta a escolher a marcha-atrás.
Consumos reais
No habitual teste de consumos reais em cidade TARGA 67, sempre com o A/C desligado, obtive um consumo médio de 7,4 l/100 km. Nos tempos que correm, não é nada que espante, tanto mais que o peso é de apenas 1270 kg. Mas, não tendo nenhuma ajuda híbrida, não é possível ao 1.0 TSI fazer melhor.

Em autoestrada, no teste de consumos reais TARGA 67, feito a 120 km/h estabilizados, o consumo obtido foi de 6,3 l/100 km. Melhor do que em cidade, pois o motor é menos solicitado, em termos de mudanças de regime e utilização do binário máximo, que atinge os 200 Nm às 2000 rpm.
Autoestrada não o “assusta”
Também em autoestrada se nota alguma firmeza do conjunto suspensão/pneus, nada de muito desconfortável e, pelo menos, tem o mérito de evitar as oscilações típicas de alguns SUV quando passam sobre lombas ou depressões do piso. Ruídos aerodinâmicos e de rolamento não são muito baixos. Boa estabilidade.

Passando a uma estrada secundária e ao modo “S” da caixa, o conjunto motriz ganha maior rapidez de resposta. A outra alternativa é usar as patilhas da caixa colocadas no volante, que proporcionam passagens rápidas e suaves, mas são muito pequenas.
Dinâmica adequada
A inclinação lateral em curva não é nada exagerada, o T-Cross mantém-se preciso na entrada em curva, seguindo com rigor as ordens dadas pelo condutor com a direção. Os pneus retardam bem a chegada da subviragem e a tração dianteira, à saída das curvas, não mostra dificuldades em colocar o binário no chão.

Não posso dizer que os 5 cv a mais do motor façam grande diferença, continuam mais do que suficientes para um B-SUV familiar como este, capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 10,0 segundos (ganhou 1,3 segundos) e de atingir os 193 km/h (mais 4 km/h).
Conclusão
A atualização, ou melhor, o restyling do T-Cross focou-se nos pontos essenciais, com aumento de equipamento, por exemplo nas ajudas eletrónicas à condução. Manteve as suas características de base e só é pena que ainda não tenha chegado a altura de este 1.0 TSI receber uma ajuda “mild hybrid”. Custos de produção são certamente a razão para isso, tanto mais que o preço não é dos mais baixos do segmento.
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
VW T-Cross 1.0 TSI 115 R-Line DSG
Potência: 115 cv
Preço: 34 273 euro
Veredicto: 3,5 estrelas
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