Teste – SEAT Leon 1.5 e-Hybrid: Evolução bem-vinda

Lançado em 2020, o SEAT Leon recebe agora um ligeiro restyling e uma nova versão híbrida “plug-in”. Qual a extensão e os resultados desta evolução foi o que descobrimos em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

Lançada em 1999, a primeira geração do Leon foi desenhada pela Italdesign de Giugiaro e reposicionou a SEAT no importante segmento “C”, com um produto que partilhava a plataforma e o essencial da mecânica com vários modelos do grupo VW, entre eles o então dominante Golf. A verdade é que nunca houve o perigo de confundir um com o outro, pois a SEAT soube diferenciar bem o Leon e dar-lhe uma personalidade própria.

Em 2005, surgiu a segunda geração, desta vez desenhada pelo italiano Walter De Silva, que lhe reforçou o espírito mediterrânico, ao mesmo tempo que as versões mais desportivas ganhavam potência. A terceira geração foi desenhada por Alejandro Messonero-Romanos e lançada em 2012, tendo vendido 1,1 milhões de unidades, sendo substituída pela quarta geração em 2020, da autoria do mesmo designer e que continua a sua carreira de sucesso, tendo recebido novas motorizações híbridas.

Esta quarta geração, como aconteceu a muitos outros modelos de várias marcas lançados na mesma altura, não teve vida fácil, pois o lançamento coincidiu com o período da pandemia. O desenho tem resistido muito bem ao passar do tempo ao ponto de, após cinco anos, não precisar de intervenções significativas para continuar atrativo. Recebeu faróis da matriz de LED e luzes traseiras com interior diferente, painel de instrumentos com mais configurações e ecrã central tátil de 12,9”, com novo sistema operativo. Também passou a integrar mais ajudas eletrónicas ao condutor e uma App específica para os proprietários controlarem o seu Leon à distância.

Novo motor 1.5 Miller

Em termos de gama, a maior novidade é a nova versão híbrida “plug-in” designada e-Hybrid. Utiliza um novo motor 1.5 TSI a gasolina que funciona segundo o ciclo Miller e que debita 150 cv; e um motor elétrico de 116 cv, integrado na caixa DSG de dupla embraiagem e sete relações. A potência combinada é de 204 cv e o binário de 350 Nm. A bateria híbrida tem agora uma capacidade bruta de 25,7 KWh (tinha 13,2 KWh) o que permite à SEAT anunciar uma autonomia em modo elétrico de 131 Km, em ciclo combinado e de 171 Km, em ciclo urbano, segundo as normas laboratoriais WLTP.

A bateria nova tem ainda a vantagem de poder ser carregada até 50 KW DC, demorando 26 minutos para ir dos 0 aos 80% de carga. Também pode ser carregada até 11 KW AC. Esta bateria maior está colocada sob o banco da segunda fila, onde costuma estar o depósito de gasolina que assim foi mudado para debaixo da mala. Desceu de 45 para 40 litros de capacidade mas, ainda assim, fez diminuir a capacidade da mala de 380 para 270 litros. O habitáculo continua a ter um desenho muito atual, usando materiais de razoável qualidade e com um nível de equipamento muito bom nesta versão FR. O espaço nos lugares da frente é mais que suficiente e na segunda fila também não falta habitabilidade, mas apenas para dois adultos, que não vão encontrar dificuldades de acesso devido à correta altura das portas. O eventual passageiro do meio tem um lugar mais estreito, alto e duro, além de um túnel no piso.

Ao volante

A posição de condução é muito boa, relativamente baixa, com amplos ajustes do banco, que é confortável e tem bom suporte lateral. O volante não está demasiado inclinado, tem uma pega anatómica a algumas teclas físicas fáceis de operar, além de patilhas para a caixa, mas demasiado pequenas. O ecrã tátil passou a ter iluminação nos botões táteis de deslizar que regulam o volume do sistema de som e a temperatura dos dois lados da cabine, separadamente.

A regulação da climatização faz-se através de botões táteis que estão permanentemente visíveis em rodapé do ecrã e fazem abrir a página respetiva, quando se usam. Na parte horizontal da consola está o botão “engine start” e o gatilho da caixa de velocidades além de outros três botões físicos.

Bateria maior

A visibilidade é razoável e o sistema e-Hybrid arranca sempre em modo elétrico, sem nenhum tipo de ruído proveniente do motor de ímanes permanentes. Comecei este teste com a bateria a 100% de carga e em modo EV, que mostrou ter uma resposta bem calibrada para trânsito denso ou em vias rápidas mais desimpedidas. A intensidade da regeneração na desaceleração regula-se numa página do infotainment em três níveis: auto, alto, baixo. Este comando devia estar melhor acessível, talvez na consola ou no volante. O modo auto é o mais versátil, o modo alto é o melhor para trânsito intenso e o modo baixo, o melhor para vias rápidas.

Quando a capacidade útil (19,7 KWh) da bateria chegou ao fim, tinham passado 134 Km. Entrou então em ação o modo híbrido, ou seja, o Leon passou a funcionar como um “full hybrid”. Altura ideal para fazer “reset” e dar inicio ao teste de consumos reais em cidade. Com a bateria a marca 0%, A/C desligado e usando o modo de regeneração mais alto, o consumo registado em cidade foi de 4,7 l/100 km. Passando à autoestrada a 120 km/h estabilizados, com a regeneração no mínimo o consumo subiu aos 6,5 l/100 km. Bons valores, que mostram o desempenho do motor a gasolina e do sistema quando funciona como “full hybrid”.

Boa ergonomia

Em termos de condução, existem quatro modos disponíveis: eco/comfort/performance/individual, sendo o último configurável. Os parâmetros alteráveis, em modo híbrido, são a resposta do acelerador, assistência da direção, amortecimento, ESC e sistema híbrido. Em todos eles a direção está bem assistida, nunca ficando demasiado leve e com bastante precisão e rapidez. O pedal de travão não é difícil de dosear na passagem de travagem magnética para mecânica e o duo suspensão/pneus 225/40 R18 é firme, sem ser demasiado desconfortável. Nota-se bem a diferença entre o modo mais e menos amortecido.

Em autoestrada, o Leon é muito estável, com as massas muito bem controladas, com um pouco de ruídos aerodinâmicos e de rolamento, mas o motor de quatro cilindros é bastante silencioso. As ajudas eletrónicas à condução não são demasiado intrusivas. Passando ao modo Performance, ganha-se um efetivo aumento da sensibilidade do acelerador e mais amortecimento, a assistência da direção não decresce de forma significativa. A velocidade máxima anunciada é de 217 km/h.

Muitos modos

Além dos modos Hybrid e e-Mode (o modo elétrico) ainda existe a possibilidade de manter a energia presente a um dado momento na bateria, para a usar mais tarde ou mesmo carregá-la em andamento, escolhendo uma percentagem de carga desejada. O motor a gasolina e o motor/gerador elétrico tratam do serviço, mas à custa de uma substancial subida do consumo de gasolina. Um modo muito pouco eficiente de usar um “plug-in”.

A SEAT anuncia uma aceleração 0-100 km/h em 8,4 segundos, pois o peso total é de 1302 kg. Acelerando a fundo, sente-se perfeitamente o contributo da parte elétrica no início, a baixa velocidade e depois o motor 1.5 turbo a aceitar o testemunho, levando o Leon a completar uma aceleração bastante satisfatória. Não será propriamente um desportivo, mas não anda muito longe disso, em termos de performance.

O modo Performance coloca a suspensão independente às quatro rodas a dar o melhor de si, com uma atitude em curva predominantemente neutra e muito bem controlada. Mesmo nos encadeados de curvas mais rápidos, o Leon não perde a compostura. Em curvas lentas, a tração das rodas da frente é sempre muito boa e a caixa de velocidades proporciona passagens rápidas, sem soluços e razoavelmente obedientes nas reduções.

O ESC entra no tempo certo quando se exagera e surge um pouco de subviragem nas entradas em curva demasiado ambiciosas, restabelecendo rapidamente a estabilidade. Tentar fazer rodar a traseira na primeira metade da curva não é exercício que o Leon faça com grande amplitude.

Conclusão

O Leon e-Hybrid ganhou com a bateria maior uma versatilidade de utilização bem maior do que na edição anterior. Já não se limita a fazer a viagem casa-trabalho-casa em modo elétrico sem necessidade de recarregar. Agora poderá mesmo fazer alguns dias sem ter que ser ligado à tomada e tem a vantagem de o poder fazer em carregadores rápidos. De resto, mantém todos os méritos bem conhecidos do modelo.

SEAT Leon 1.5 e-Hybrid

Potência: 204 cv

Preço: 41 805 euros

Veredicto: 4 estrelas

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