A oitava geração do Golf recebeu um restyling que pouco se nota, quando visto por fora. Mas há outras novidades mais interessantes para conhecer, como se pode ver neste Primeiro Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota.
Os números nunca dizem tudo, mas dizem muita coisa. No caso do Golf começam por dizer que, com uma produção total de 37 milhões, somando todas as gerações desde 1974, o Golf é o terceiro modelo mais vendido de sempre no mundo.
A SIVA, o importador da Volkswagen em Portugal, tentou encontrar um número para o mercado nacional, mas à falta de registos credíveis, sobretudo os relativos à atividade do importador anterior, o melhor que conseguiu foi 190 000 unidades, que respeita aos Golf que foram registados em Portugal e cujas matrículas ainda não foram abatidas.
Há outros números que a VW avança, talvez um pouco mais expeculativos, como os 85 milhões de condutores e passageiros transportados numa das gerações do Golf, ou os 350 mil milhões de quilómetros percorridos por todos os Golf vendidos no mundo. São estimativas, claro, mas dão uma ideia do impacte que o modelo tem tido.
Golf: uma sub-marca
De entre todas as gerações do Golf, a mais vendida foi a primeira, que esteve no catálogo da VW entre 1974 e 1983 e atingiu os 6,9 milhões, seguida de perto pela segunda (1983 a 1991) e pela sétima (2012 a 2019) ambas com 6,3 milhões. A “pior” foi a quinta (2003 a 2008) com “apenas” 3,4 milhões.
Mais do que um modelo, o Golf é uma sub-marca que deu origem a derivados como a carrinha Variant, os sucessivos descapotáveis, as versões desportivas GTI, G60, Rallye e R, bem como a versão monovolume Plus e até as versões com visual “off road” que receberam o nome Alltrack.
A história é tão rica de detalhes, que um dia vou ter que fazer aqui no TARGA 67 um artigo sobre este percurso de 50 anos do modelo mais influente no mercado europeu do último meio século.
O Golf representa um património inestimável, que vai ter continuidade na era elétrica, depois de a VW ter chegado a pôr a hipótese de ter no ID.3 o substituto do Golf, assim como o Golf tomou o lugar do Carocha. Mas essa ideia foi abandonada. Tal como a de substituir os GTI por GTX, para as versões elétricas desportivas.
Cinco anos depois
Cinco anos depois do seu lançamento oficial à imprensa, que ocorreu em 2019 em Portugal, nas desafiantes estradas do Douro, a oitava geração do Golf recebe um restyling. À primeira vista, as diferenças não são muitas, pelo menos por fora.
Os faróis foram retocados no seu interior e passam a ter o sistema IQ.Light Matrix LED; e as luzes de traz também receberam ligeiros retoques, tendo agora animações de boas vindas e de despedida. O desenho do para-choques da frente é ligeiramente diferente, bem como o de trás, que deixa de ter as enormes imitações de saídas de escape.
O logótipo da frente é iluminado à noite, juntando-se ao friso que atravessa a grelha e já fazia o mesmo efeito. O radar está posicionado mais abaixo na grelha. As jantes têm cinco novos tipos de desenho e há mais três cores disponíveis.
E por dentro?
Por dentro também há algumas mudanças. A começar pelo novo sistema de infotainment MIB4, que pode ter um monitor até 12,9” e passa a ter os “sliders” de ajuste da temperatura da climatização iluminados. Além disso, vai passar a incluir ChatGPT no final do ano. O novo volante deixa as teclas táteis e regressa às teclas físicas, há novas inserções decorativas e um renovado painel de instrumentos digital. Os bancos têm tecidos com novas decorações.
Talvez mais importante é a renovada gama de motores. Deixa de existir o motor 1.0 TSI de três cilindros, substituído por uma versão de 115 cv do renovado 1.5 TSI Evo2 de quatro cilindros, que também está disponível em versão de 150 cv com turbocompressor de geometria variável. Acoplados a caixas DSG7 têm sistema “mild-hybrid” e chamam-se eTSI; com caixa manual, só disponível na versão de 115 cv, não tem componente híbrido.
PHEV com 140 km de autonomia
Continua a estar disponível o 2.0 TDI Diesel, com versões de 115 cv (33 784 euros) ou 150 cv (39 623 euros) e há duas versões híbridas PHEV. O 1.5 TSI e-Hybrid (45 145 euros) tem 204 cv de potência combinada, enquanto o 1.5 TSI GTE (50 111 euros) chega aos 272 cv, mais 27 cv que na versão anterior.
Ambos passam a ter uma bateria híbrida de 19,7 KWh (era de 13,0 kWh) que permite autonomia em modo elétrico de 140 km, no eHybrid e de 131 km, no GTE. Nas versões anteriores, estas autonomias elétricas eram de, respetivamente, 71 km e 63 km.
A bateria pode ser carregada a 11 KW AC (antes só até 3,6 kW), a novidade é que agora também pode ser abastecida em carregadores rápidos até 40 KW (50 kW no GTE). Uma mudança significativa, em termos de facilidade de utilização.
Preços alinhados
Por fim, o Golf GTI (49 078 euros) vai continuar a sua carreira, sempre com o motor 2.0 TSI sem sistema híbrido e agora com a potência aumentada para 265 cv, mais 20 cv que na versão anterior. O Golf GTI Clubsport (300 cv, 58 796 euros) e o Golf R (333 cv, 62 145 euros), este com tração às quatro rodas 4Motion, estarão disponíveis durante o segundo semestre.
Os níveis de equipamento começam no Golf de base, a que se seguem a versão especial de lançamento 50 Anos e depois o Style e R-line. Os preços começam nos 28 620 euros do 1.5 TSI de 115 cv ou nos 29 597 euros da versão 50 Anos com o mesmo motor, que oferece um nível de equipamento que acrescenta mais valor. O 1.5 eTSI DSG de 115 cv custa desde 34 090 euros e o 1.5 eTSI DSG de 150 cv custa desde 41 327 euros.
São preços alinhados com os concorrentes designados pela SIVA no nosso mercado: Peugeot 308, BMW Série 1, MB Classe A e Opel Astra, entre outros. E a VW reforça a oferta entre os compradores frotistas com duas versões para empresas, o Golf 1.5 TSI 115 cv por 25 000 euros e o Golf Variant Life com o mesmo motor, por 27 490 euros.
Continua a ser vendida a versão carrinha Variant, que recebeu as mesmas evoluções, mas não está disponível em versões PHEV. O preço base da motorização 1.5 TSI de 115 cv é de 30 644 euros.
Ao volante
Nesta apresentação à imprensa nacional do novo Golf, tive a oportunidade de fazer um pequeno Primeiro Teste, essencialmente em cidade e via rápida, ao volante do 1.5 eTSI, a versão “mild hybrid” que usa o motor 1.5 TSI de 150 cv, acoplado a uma caixa DSG7 de dupla embraiagem que contém um motor/gerador elétrico.
A nível dinâmico, o Golf não mudou grande coisa. A suspensão é muito confortavel, mas mantendo bom controlo de movimentos, a direção está muito bem assistida e os travões são fáceis de dosear.
A resposta do motor é rápida e disponível desde baixos regimes, com muito pouca vibração ou ruído. A caixa de velocidades DSG7 mostrou-se suave nas passagens em modo automático e rápida usando as patilhas, que continuam a ser demasiado pequenas.
De resto, o habitáculo continua a ter um ambiente premium, reforçado por alguns detalhes agora adicionados. Os bancos da frente são confortáveis e o da esquerda fornece bom apoio lateral, além de ter regulação das costas por roda contínua, mais preciso que a alavanca por níveis do banco do passageiro. O espaço e acesso aos lugares de trás é bom, bem como os 381 litros da mala.
Conclusão
Ainda não foi altura para aferir consumos com o mínimo de rigor, isso ficará para o teste completo a publicar em breve no TARGA 67. Mas esta primeira impressão mostra que a VW está empenhada em reforçar a posição do Golf no mercado europeu e português, pois nem todos os clientes querem forçosamente comprar mais um SUV.
Francisco Mota
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