Primeiro Teste – Nissan Qashqai E-Power 2: Agora é gastar menos…

Híbrido em série na segunda geração

Highlights
  • Nissan continua a investir no seu sistema híbrido em série. Agora anuncia redução de consumos, de que bem precisava

A tecnologia E-Power entra na segunda geração na Europa, com prioridades diferentes. Se, na primeira o objetivo era proporcionar uma condução o mais próxima possível à de um carro elétrico, nesta segunda geração, o alvo é descer os consumos. Saiba o que mudou neste Primeiro Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por Guillem Hernandez.

Na verdade, a tecnologia híbrida E-Power começou no Japão, numa aplicação que nunca foi comercializada fora do arquipélago. Na Europa, a segunda geração foi a primeira a ser vendida o que faz desta nova geração a terceira em termos absolutos, a segunda da Europa. Não é que isto seja muito importante, mas mostra o empenho e a experiência que a Nissan tem nesta solução que, curiosamente, mais nenhuma marca usa na Aliança Renault/Nissan/Mitsubishi.

HEV em série

Começando pelo princípio, o E-Power é um sistema HEV, ou seja, híbrido não recarregável do exterior (não é um Plug-in) que tem a particularidade de ter uma configuração em série. A tração às rodas da frente é sempre feita por um motor elétrico. A montante tem um motor a gasolina que move um gerador elétrico, que envia a eletricidade diretamente para o motor que move as rodas, ou para uma pequena bateria, que mantém sempre carga suficiente para que o motor elétrico das rodas nunca tenha baixas de energia.

Série versus paralelo

A diferença para a maioria dos outros HEV é que esses funcionam em paralelo, ou seja, a tração às rodas pode ser feita só pelo motor elétrico em pequenos períodos, só pelo motor a combustão, em determinadas situações ou pelos dois em paralelo, noutras condições. Isto não quer dizer que a Nissan inventou o conceito do híbrido em série, existem outras marcas que também o usam.

As novidades

Mas então o que mudou nesta nova geração do E-Power? Mudou muita coisa a começar pelo motor de três cilindros a gasolina, que apesar de manter a mesma cilindrada 1.5, e os três cilindros, agora têm mais curso e menos diâmetro para aumentar o binário. Tem um turbocompressor maior e trabalha a “meio ciclo Miller” como disseram os engenheiros, ou seja, apenas no lado da admissão. A Nissan chama-lhe combustão STARC e fez subir a eficiência de 39 para 41%.

O que se ganha

O motor ganhou muito em rigidez estrutural o que permite perder menos energia por vibração. Os atritos internos também foram reduzidos e o resultado foi uma notável redução de 5,6 dB no ruído emitido acima das 3500 rpm. O objetivo dos engenheiros era deixar o condutor na dúvida: estará o motor a gasolina a funcionar ou não?…

O objetivo do motor é funcionar sempre em torno do regime de maior eficiência, as 2000 rpm, de modo a produzir mais energia e consumir menos. Ou seja, funcionar quase como um gerador. Por isso, este motor a gasolina só poderá ser utilizado em conjunto com o sistema E-Power, nunca sozinho. Detalhe importante, os intervalos entre as revisões ao motor subiram de 15 para 20 mil quilómetros.

Consumos a descer

Em relação a consumos, não tive ocasião de fazer uma comparação direta entre a nova geração do Qashqai E-Power e a nova. Não por falta de carros, que a Nissan até disponibilizou no local as duas gerações, mas porque o programa era demasiado sobrecarregado e faltou tempo. Por isso limito-me a apresentar os valores anunciados pela Nissan, seguindo o protocolo WLTP para ciclo misto. A Nissan anuncia 5,1 l/100 km, para o modelo anterior e 4,5 l/100 km para o modelo novo. A marca garante que numa utilização real, a diferença é maior. Terei que esperar até ter uma unidade em Portugal para tirar as dúvidas no teste de consumos reais TARGA 67.

Mais potência em Sport

No que respeita à potência, mantiveram-se os 140 KW, ou seja 190 cv. Mas no modo de condução Sport, a potência máxima sobe aos 151 KW, ou seja 205 cv. Curiosamente, o binário máximo até desceu dos 330 para os 311 Nm, em modo Normal, em modo Sport mantém-se nos 330 Nm. A aceleração 0-100 Km/h mantém-se nos 7,9 segundos no modo Normal e desce aos 7,6 segundos no modo Sport.

Melhor aerodinâmica

Outras alterações interessantes foram feitas na aerodinâmica, como no perfil das capas dos retrovisores, no plano sob o motor, novas derivas nos cantos dianteiros dos para-choques e também novas jantes de 17” com discos de travão maiores.

Detalhes de ergonomia

No habitáculo não há muitas diferenças. A posição de condução é relativamente alta e a visibilidade é boa. O banco tem razoável apoio lateral e o volante suficientes regulações. O comando da transmissão na consola não é dos mais práticos e o botão para escolher os modos de condução é muito pequeno. E a arrumação dos botões EV e E-Pedal, sem ser muito boa, não atrapalha.

Gen 1 versus Gen 2

Pude guiar o Qashqai E-Power anterior durante uns quinze minutos em meio urbano e depois o novo modelo. O que posso dizer é que a insonorização do novo sistema é melhor e que o motor a gasolina sobe menos facilmente de regime e não entoa a harmonia de variação contínua do anterior motor a gasolina. Há razões para isto. O anterior sistema foi a compilação de elementos que já existiam no banco de orgãos da Nissan, enquanto que no novo foram projetados para este objetivo, levando a marca a dizer que tem um 5 em 1, numa referência à muito maior compacidade dos principais elementos do novo E-Power.

De resto, outra diferença que ficou clara foi fazer uma aceleração a fundo no modo Sport em ambos os carros. No novo E-Power sente-se mais força, sem que o motor a gasolina entre em rotações muito altas. Pelo oposto, o modo EV parece conseguir maior distância em modo 100% elétrico de cada vez que atua, desde que se pise o acelerador com delicadeza.

Um percurso maior com o novo modelo, maioritariamente em autoestrada a velocidades legais mostrou que o novo Qashqai faz poucos ruídos aerodinâmicos, poucos ruídos de rolamento e tem bastante estabilidade. Quanto ao desempenho em estradas sinuosas, a análise terá que ficar para mais tarde.

Conclusão

A Nissan vai substituir o anterior E-Power pelo novo até ao final deste ano, não se esperando grandes diferenças nas relações preço/equipamento. Pela minha parte espero pela ocasião de fazer as medições de consumos reais dentro dos protocolos TARGA 67, para os poder comparar com o modelo anterior.

Ver também, seguindo o link: Vídeo – Nissan Qashqai E-Power: Quase como num elétrico

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