A marca de “value for money” da Stellantis chegou a Portugal. Chama-se Leapmotor, é chinesa e um dos seus modelos de lançamento é o SUV C10. Fique a conhecer todos os detalhes no Primeiro Teste Targa 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por Jorge Cunha.

Pelo Primeiro Teste TARGA 67 já passou o outro modelo com que a Leapmotor se lançou no nosso mercado, o pequeno citadino elétrico T03, um rival direto do Dacia Spring, sobre o qual poderá ler tudo seguindo o link no final deste Teste. O C10 é o segundo modelo de lançamento da Leapmotor e talvez seja melhor começar por olhar para a relação entre esta marca chinesa e o grupo Stellantis. Por facilidade, já lhe chamei a 15ª marca da Stellantis mas, indo ao detalhe, o negócio é mais complicado do que parece.

A Leapmotor e a Stellantis fizeram uma “joint-venture” que recebeu o nome Leapmotor International, na qual 51% do controlo é do grupo europeu, com ambições de chegar aos 100%. Esta nova entidade está responsável pela distribuição dos modelos Leapmotor, fabricados na China, fora do país de origem mas há intenção de os produzir também nas fábricas da Stellantis. Em paralelo, a Stellantis comprou 21% das ações da Leapmotor.
“Value for money”
Resumindo, é isto e tudo começa agora com o citadino T03 e o D-SUV C10. Este C10 posiciona-se no segmento dos grandes familiares, mas com um preço de um modelo do segmento abaixo, os C-SUV, com a Stellantis a anunciar um valor de entrada de 37 400 euros. É portanto um modelo (e uma marca) que se move nos terrenos do “value for money”, até para não colidir com outras marcas do grupo. A Leapmotor anuncia um plano de novos lançamentos nos próximos três anos que inclui cinco novos modelos, a somar aos atuais dois. Não há muita informação sobre esses modelos, mas um deles, o B10, será mostrado no salão de Xangai ainda este mês.


Tal como outras marcas chinesas, também a Leapmotor tem um plano de crescimento acelerado no domínio dos NEV (New Energy Vehicles) no qual é a terceira marca mais vendida no mercado chinês. Os NEV compreendem os elétricos e híbridos plug-in. Depois de ter vendido 300 000 unidades em 2024, espera subir às 500 000 em 2025.
Rede de concessionários
Em resposta a uma pergunta que é sempre colocada por potenciais clientes de novas marcas, a Stellantis garante que já está estabelecida uma rede de seis concessionários e reparadores autorizados em Portugal, todos comuns a outras marcas do grupo e com plano para crescer em paralelo ao crescimento das vendas.

Quanto ao C10, trata-se do primeiro modelo da marca feito a pensar nos mercados de exportação. Usa a plataforma LEAP 3.0 que recorre à tecnologia “cell-to-chassis” que integra a bateria na estrutura monobloco. Tem 4,739 metros de comprimento, praticamente o mesmo que um Peugeot 508 e 2,825 metros de distância entre-eixos. Em termos de desenho, adota um formato moderno, com faróis de LED esguios, puxadores de portas embutidos e formas suaves e arredondadas.
Só um motor
O motor elétrico de 160 KW (218 cv) e 320 Nm está colocado atrás e move as rodas traseiras. A bateria tem 69,9 KWh de capacidade, anunciando uma autonomia combinada de 424 km. Pode ser carregada até 6,6 KW AC, demorando 6h06m para ir dos 30 aos 80%. Também pode carregar até 84 KW DC, demorando 30 minutos para ir dos mesmos 30 a 80%. As prestações anunciadas são de 170 km/h de velocidade máxima e aceleração 0-100 km/h em 7,5 segundos. O peso é de 1980 kg. A autonomia em cidade é de 574 km, segundo o protocolo WLTP.



Este Primeiro Teste TARGA 67 foi limitado no tempo e na distância, mas deu para recolher as primeiras impressões do C10. Desde logo do habitáculo, com um ambiente minimalista, mas sem exageros. O ecrã central de 14,6” domina o tablier, mas ainda sobra espaço para um painel de instrumentos atrás do volante, com as informações essenciais à condução.
Muito espaço
O espaço disponível nos lugares da frente é bom e nos lugares de trás é muito bom, com piso plano e não demasiado alto em relação ao assento. A qualidade dos materiais não é muito impressionante, mas está de acordo com o preço.


O volante de dois braços tem botões multi-funções que fazem lembrar os da Tesla. A sua pega é correta tal como o posicionamento e ajustes. O ajuste dos retrovisores exteriores é feito selecionando essa função no ecrã e depois usando os botões do volante, tal como nos Tesla e igualmente pouco prático. O tamanho das letras e números nos dois ecrãs digitais é demasiado pequeno.

A posição de condução é aceitável, com um banco confortável, mas com pouco apoio lateral. A visibilidade é boa. Em andamento, a direção revela demasiada assistência e pouco tato, mas isso melhora passando do modo Eco para o Comfort e sobretudo para o Sport, existindo ainda um modo Individual, configurável.
Dinâmica competente
Há uma boa diferenciação entre os vários modos, também a nível de acelerador. O pedal de travão é fácil de dosear e existe opção de ligar a função “one pedal” que está bem calibrada, mas que só pode ser ativada com o carro parado.



O duo suspensão/pneus revelou-se um pouco firme no mau piso, mas não em excesso e com a vantagem de um mais que aceitável controlo das massas em curva. A inclinação lateral não é excessiva, considerando a vocação familiar deste C10.


Na autoestrada, o C10 mostrou estabilidade, mas as ajudas eletrónicas à condução, nomeadamente a manutenção de faixa, mostrou-se um pouco brusca. Em estrada secundária, húmida e numa sequência de curvas mais exigentes, em modo Sport, a tração traseira consegue gerar um pouco de sobreviragem, que o ESP cancela com alguma brusquidão. No final, ficou a impressão de que a afinação da suspensão para os gostos europeus foi razoavelmente bem conseguida, mas que as ajudas eletrónicas precisam ainda de um pouco mais de trabalho.
Conclusão
Com o Leapmotor C10, a Stellantis coloca no mercado um D-SUV espaçoso, ao preço de um modelo do segmento abaixo. Claro que o “value for money” não é tudo, pela frente há todo um trabalho de dar a conhecer a marca aos potenciais compradores, numa altura em que a chegada de marcas chinesas ao nosso mercado é torrencial.
Leapmotor C10
Potência: 218 cv
Preço: 37 400 euros
Veredicto: 3 estrelas
Ler também seguindo o LINK:Primeiro Teste – Leapmotor T03: À atenção da Dacia