Primeiro Teste – Opel Grandland: Elétrico e não só

A segunda geração do maior dos SUV da Opel surge este mês no mercado nacional, com versões elétricas e um semi-híbrido. É o primeiro Opel a usar a plataforma Stla Medium, com estilo exterior inovador e ambiente interior renovado. Primeiro Teste TARGA 67, conduzido na Alemanha por Francisco Mota e fotografado por Dani Heyne.

Talvez o nome Grandland não tenha sido o mais inspirado, quando a primeira geração foi estreada em 2017, mas mais importante do que isso foi que se tratou do primeiro projeto conjunto entre a Opel e a PSA, ainda antes de ser fundada a Stellantis. Partindo da plataforma EMP2 da PSA, o Grandland posicionou-se como o maior dos SUV da Opel, papel que ainda desempenha nesta nova geração. Aliás, até com um reforço dessa posição, pois as dimensões aumentaram todas. O mais importante foi o comprimento que cresceu 17 cm, chegando aos 4650 mm, seguido de mais 49 mm de largura e mais 35 mm de altura. Estas dimensões colocam o Grandland no extremo superior do segmento C-SUV, beneficiando a habitabilidade, sobretudo no comprimento para pernas nos lugares de trás e a capacidade da mala que sobe dos 514 aos 550 litros. No entanto, não está prevista uma versão de sete lugares, como o “primo” Peugeot 5008 oferece.

Novo estilo

O estilo mudou muito, seguindo um conceito de maior simplicidade de superfícies e arestas, com poucos adornos, zero cromados e aplicações negras na base dos flancos para sugerir maior altura ao solo do que a realidade. A frente estreia uma nova versão da grelha Vizor, com animações luminosas, que se repetem nas luzes traseiras, incluindo símbolos iluminados, nos dois extremos. Os faróis têm matriz de LED com 51 200 elementos. As jantes podem ser de 19 ou 20 polegadas e o tejadilho pintado de preto faz parecer  Grandland mais baixo. Note-se que a linha do tejadilho é praticamente horizontal, facilitando o acesso aos lugares de trás e permitindo um Cx de 0,28.

O habitáculo foi também muito alterado, não apenas no aumento de espaço mas também no desenho, que conta com um monitor tátil central bem posicionado, complementado por um friso de teclas físicas por baixo, para funções como a climatização. Há depois um painel de instrumentos mais pequeno e um head-up display, para as informações mais procuradas pelo condutor, mas não têm excesso de letras. O volante é novo, com a base plana e a posição de condução é adequada para um C-SUV, alta como se espera, mas com um banco confortável e com muito bom apoio. A qualidade dos materiais é pouco homogénea, com alguns de bom toque e outros duros e de aspeto simplista. Alguns são reciclados, mas não é por isso que não têm melhor aspeto.

Interior melhorado

A consola podia ter mais espaços de arrumação e mantém o conhecido gatilho da transmissão, encastrado na consola e de ação lenta. Também lá está o balanceiro para escolher entre os três modos de condução: Eco/Normal/Sport. A intensidade da regeneração nas desacelerações funciona através de duas patilhas no volante, em três níveis. Mas nenhum é realmente intenso, a Opel anuncia três níveis de desaceleração: 0,6 m/s2, 1,2 m/s2 e 1,8 m/s2, para os níveis 1, 2 e 3, respetivamente. Mas a prática mostrou que obriga a usar quase sempre o pedal de travão, que não está mal calibrado. A direção é leve no modo Eco, mas ganha consistência no modo Sport. Tal como a resposta do motor: 160 cv em modo Eco, 180 cv, em modo Normal e 213 cv em modo Sport. Carregando a fundo, está sempre disponível a potência máxima.

A plataforma Stla Medium tem suspensão independente às quatro rodas, com multi-braço atrás e amortecedores FSD (Frequency Selective Dampers), com duas válvulas e sensíveis à frequência do piso. Isso resulta num muito bom nível de conforto e de controlo, apesar dos pneus de medida 235/50 R20 e sem movimentos parasitas. Muito boa estabilidade nas “autobahn”, como seria de esperar e alguma agilidade nos poucos troços de estrada secundária desimpedida deste percurso.

A versão que guiei neste Primeiro Teste foi a Grandland Electric com bateria de 73 kWh (45 050€), que usa o motor elétrico dianteiro M4 com tração às rodas dianteiras. Tem 213 cv e 345 Nm de binário máximo e anuncia uma aceleração 0-100 km/h em 9,0 segundos, para uma velocidade máxima limitada de 170 km/h. São valores razoável, considerando o peso relativamente alto do Grandland, que nesta versão com bateria de 73 kWh atinge os 2120 kg. A parte positiva é que a Opel aponta uma autonomia média de 523 km.

Versão com 700 km de autonomia

Estará já disponível uma segunda versão elétrica com bateria de 82 kWh (49 850€) com a mesma potência e o mesmo binário, mas com autonomia aumentada para 582 km. A primeira bateria carrega a 160 kW e a segunda a 150 kW. No início do próximo ano estará disponível uma terceira versão elétrica com bateria de 97 kWh de capacidade e autonomia até 700 km. É uma versão com dois motores e tração às quatro rodas, ainda sem dados de potência e binário máximos anunciados. Também em 2025, estará disponível uma versão 1.6 PHEV, de 195 CV (43 850€) mostrando que a plataforma Stla Medium continua a ser multi energias, tal como a sua antecessoras EMP2 V3.

Além do Electric, tive ainda a possibilidade de testar a versão Hybrid, na verdade um semi-híbrido, ou “mild Hybrid” de 48 Volt. Vem equipado com o conhecido motor 1.2 Puretech turbo de três cilindros e 136 cv, com 230 Nm de binário máximo e caixa de dupla embraiagem de seis relações, com um motor/gerador de 21 cv e 51 Nm. Anuncia 202 km/h de velocidade máxima e faz os 0-100 Km/h em 10,2 segundos, anunciando 5,5 l/100 km de consumo médio e custa 36 100 euros. A Opel afirma que o sistema é capaz de circular em cidade em modo elétrico durante 50% do tempo. Não tive oportunidade de o comprovar, mas pude ver que, a baixa velocidade o motor/gerador elétrico consegue mover o Grandland sem dificuldade durante algumas centenas de metros.

Mild hybrid também

Claro que, depois de sair do Electric e do seu muito bem insonorizado interior, o “mild-hybrid” (36 100€) soa mais ruidoso, tanto devido ao motor a gasolina de três cilindros, como devido à caixa de dupla embraiagem, sobretudo em modo automático. Usando as patilhas em modo manual, há maior controlo e maior suavidade. A disponibilidade do sistema a baixos regimes é muito boa, com o motor elétrico a dar um contributo bem percetível e, depois, o turbocompressor faz o resto, a regimes mais altos, com a ajuda da caixa de velocidades. É um sistema que funciona bem, só me falta confirmar os consumos em cidade e autoestrada.

Conclusão

Esta nova geração do Opel Grandland, fabricada na Alemanha, representa uma subida de valor significativa, face à anterior. Em todos os aspetos. A versão elétrica que guiei pareceu-me até superior ao “primo” Peugeot e3008, pelo menos em termos dinâmicos, se não em ternos de requinte do interior. O certo é que a Opel passou a ter um C-SUV, quase D-SUV, competente, com um visual mais refinado e interiores melhorados.

Francisco Mota

(fotos de Dani Heyne)

Opel Grandland Electric

Potência: 213 cv

Preço: 45 050 euros

Veredicto: 3,5 estrelas

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