Novidade – Ford Capri EV: Quem se lembra?

Quem se lembra do Capri? Pelos vistos, muita gente, pois a Ford decidiu ressuscitar o modelo, agora numa geração 100% elétrica e com formato crossover. Francisco Mota já o avaliou ao vivo e explica os principais detalhes.

O Capri foi pensado para a Europa e fabricado na Europa entre 1968 e 1986, durante três gerações que não lhe mudaram a fisionomia de coupé fastback de duas portas e quatro bons lugares. Inicialmente, foi feito com base no Ford Cortina MKII, mantendo a plataforma e alguns dos motores, mas também teve na gama blocos de outras origens dentro da Ford Motor Company, como um V6 e até um V4.

Foi um modelo bem sucedido, acumulando 1,9 milhões de unidades vendidas, sobretudo graças às motorizações de baixa cilindrada que equipavam as versões mais acessíveis. Era um coupé familiar relativamente versátil e utilizável por uma família, com um estilo marcante que lhe manteve a aura de produto aspiracional. O marketing da Ford usava a frase promocional “the car you always promissed yourself”.

O Mustang da Europa

Para alguns, era o Mustang da Europa, numa altura em que o mais famoso coupé do mundo não era comercializado por cá. Na verdade, o estilista Philip T. Clark esteve envolvido na definição de ambos os modelos, concebendo alguns detalhes que se tornaram emblemáticos do Capri. O capót muito mais longo do que era realmente preciso, foi um deles, o outro foi o formato em meia lua dos pilares traseiros e dos vidros laterais traseiros, que transitou de geração em geração ao ponto de se tornar o detalhe de estilo mais identificativo do modelo.

Curiosamente, depois de o último Capri ter sido produzido, a Ford nunca mais voltou a usar o nome em modelos sucessivos. Talvez porque o “after live” do modelo não tenha sido dos mais felizes. O estilo coupé e os preços abordáveis tornaram o Capri numa presa fácil dos proprietários negligentes, quando entrou no mercado de usados e o passar dos anos não melhorou nada.

Quarenta anos depois

Mas, passados quase quarenta anos, a Ford decide mesmo recuperar o Capri. Não como um modelo nostálgico, mas como o seu segundo protagonista europeu do departamento “Model E” que se dedica aos modelos 100% elétricos. Se está a fazer as contas e lhe parece que é o terceiro, convém lembrar que o Mustang Mach-E é um produto americano.

Os Ford elétricos europeus começaram há poucas semanas com o Explorer e o Capri deverá chegar até ao final do ano. O plano prevê ainda um Puma elétrico e um quarto modelo elétrico, de que nada ainda foi dito, mas será mais um produto feito com base na plataforma MEB, cujos direitos de fabricação a Ford comprou à Volkswagen. Todos os “Model E” europeus vão ser produzidos nas profundamente renovadas instalações da marca americana em Colónia, na Alemanha, uma fábrica histórica de onde saiu também o Capri original.

Ao vivo

A Ford organizou uma apresentação estática do novo Capri EV para o júri do “The Car Of The Year”, ao qual tenho a honra de pertencer. Trata-se do prémio fundado em 1964 e o mais cobiçado pela indústria automóvel, por isso os construtores lhe dão particular atenção.

Ao vivo, o Capri EV surpreende por não ser mais um SUV, nem sequer um SUV-coupé. A silhueta é a de um coupé “fastback” mas com uma sensação de altura ao solo típica de um crossover, em parte conseguida com as jantes de 21”, mas também o resultado das molduras negras dos guarda-lamas e dos baixos da carroçaria pintados na mesma cor.

Detalhes nostálgicos

O formato dos pilares traseiros recupera o do Capri original mas este novo modelo é um cinco portas. A frente faz levemente lembrar os faróis retangulares dos primeiros Capri, unidos por uma faixa negra que evoca a grelha agora desnecessária. O desenho da traseira estará mais distante do original, mas o conjunto não tem um ar nostálgico, tem um aspeto moderno. A fisionomia não deixa de fazer lembrar o Polestar 2, o que não é uma má referência. As dimensões seguem de perto as do Explorer, com a mesma distância entre-eixos de 2767 mm e um comprimento ligeiramente inferior de 4634 mm, contra os 4770 mm do C-SUV.

No habitáculo é quase tudo igual ao Explorer, do tablier ao volante, passando pelo monitor central tátil com ajuste de ângulo. Mas o ambiente é mais desportivo, pelas cores e pela maior proximidade do tejadilho. A mala anuncia 570 litros, mas que os 470 litros do Explorer, mas também mais baixa devido à tampa “fastback”. Para o lançamento, estão previstas duas motorizações, as mesmas do Explorer.

As motorizações

Um é tração traseira com 286 cv, 545 Nm, bateria de 77 kWh úteis e autonomia de 627 km, que carrega até 135 kW DC, indo dos 10 aos 80% em 28 minutos. Faz os 0-100 km/h em 6,4 segundos e atinge os 180 km/h.

O outro é um tração às quatro rodas, com 340 cv, 545 Nm, bateria de 79 kWh úteis e autonomia de 592 km, que carrega até 185 kW DC, indo dos 10 aos 80% em 26 minutos. Faz os 0-100 km/h em 5,3 segundos e também atinge os 180 km/h.

Sendo as mesmas opções do Explorer, é provável que também o Capri venha a receber a opção mais acessível já anunciada para o C-SUV, que terá uma bateria de 52 kWh e motor de 170 cv. Em ambos os casos, equipamento é coisa que não falta, em nenhum dos dois níveis anunciados, seja de conforto, infotainment, conetividade ou ajudas eletrónicas á condução.

Conclusão

Resta saber como irá reagir o mercado a um modelo elétrico que não tem a fisionomia de um SUV, mas prefere oferecer um crossover coupé de cinco portas. Resta também saber se o nome Capri ainda diz alguma coisa aos potencias compradores, ou se isso é apenas um detalhe. Depois de conduzir o Explorer, uma coisa parece certa, competência dinâmica não ira certamente faltar ao Capri EV.

Francisco Mota

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