Foi no dia 9 de Maio de 1950 oficialmente fundada a S.E.A.T. (Sociedad Española de Automóviles de Turismo) que comemora 75 anos de uma carreira que marcou a indústria automóvel. Depois de ser a marca que motorizou Espanha, é hoje uma empresa virada para as novas mobilidades, com as suas duas marcas Seat e Cupra.
Tudo começou em Junho de 1940, quando um grupo de empresas nacionais se juntaram o Banco Urquijo para fundar a S.I.A.T (Sociedad Ibérica de Automóviles de Turismo) com o objetivo de formar uma indústria automóvel local, numa altura em que, passada a guerra civil, a sociedade começava a crescer e a procura de veículos automóveis ganhava finalmente alguma dimensão. A ideia inicial do banco era manter a empresa privada, mas em 1942, o General Franco decide nacionalizar a SIAT. O objetivo deixou de ser fazer automóveis estrangeiros sob licença e passou a ser dominar todo o processo de fabrico, desde o projeto inicial à entrega do produto final e à sua assistência em todo o país.

Mas como não existia experiência de produzir automóveis em série no país, foi considerado que, durante um período inicial seria bom estabelecer um acordo com um grupo estrangeiro para produzir os seus modelos em Espanha. Com o início da segunda grande guerra, o projecto foi congelado, mas não abandonado, devido à sua importância estratégica. Após o fim do conflito, em 1947, a SIAT foi reativada e no ano seguinte, foi assinado um acordo de colaboração técnica com a FIAT, para a produção de modelos da marca italiana em Espanha.
Fundação em 5 Maio 1950
O resultado destas negociações levou à fundação da SEAT (Sociedade Española de Automóviles de Turismo) a 5 de maio de 1950, faz hoje exatamente 75 anos. Na nova empresa, o Estado tinha 51% do capital, o Banco Urquijo era parceiro minoritário e a FIAT detinha 7%. Curiosamente, nesta altura, também esteve em equação pelo Estado espanhol fazer a parceria com a Volkswagen, o que aconteceria décadas mais tarde, mas a FIAT foi preferida. Estava assim criado o maior grupo industrial de Espanha e o maior empregador, que contribuiria significativamente para a industrialização de zonas rurais.

A ideia inicial era instalar a Seat em Valladolid ou Burgos, para ajudar a desenvolver estas áreas. Mas a decisão final acabou por ser a zona franca de Barcelona, que oferecia melhor acesso a outros países europeus por via ferroviária e via marítima. O primeiro presidente da SEAT foi José Ortiz-Echagüe Purtas, anteriormente CEO da Construcciones Aeronáuticas SA e com experiência na produção industrial.
Acordo com a FIAT
A construção da fábrica SEAT na zona franca de Barcelona começou ainda em 1950, um ano depois começou a ser instalada a rede de fornecedores. A inauguração da unidade fabril ocorreu a 5 de Junho de 1953 e o primeiro modelo a sair da linha de produção, a 13 de Novembro do mesmo ano, foi o SEAT 1400. Na verdade, era um FIAT com um emblema diferente na grelha. Contudo, nos meses seguintes, a percentagem de incorporação de componentes fabricados em Espanha aumentou rapidamente, chegando aos 93% no ano seguinte.

No entanto, o primeiro modelo era considerado um carro de luxo, não acessível à maioria dos compradores, era preciso um modelo mais barato. Em 1957 a SEAT foi considerada pronta para dar inicio à produção de um modelo em grande escala, o SEAT 600. Este sim, era um pequeno carro acessível a muito mais famílias e foi rapidamente adotado por muitos compradores. Tornou-se num símbolo da industrialização e da recuperação económica de Espanha depois da Guerra Civil e da segunda grande guerra, o chamado milagre espanhol.
Troca de ações
Outra data importante foi 1967, o ano em que a FIAT levantou as restrições que tinha imposto à SEAT no que respeita a exportações e a marca espanhola pode começar a vender noutros países que não apenas Espanha, onde dominava facilmente o mercado. Como contrapartida a esta mudança no acordo inicial, a FIAT exigiu uma subida no capital da SEAT dos iniciais 7% para 36%, enquanto que a quota do Estado espanhol descia de 51% para 32%, os seis maiores bancos de Espanha detinham os restantes 32%, descendo dos iniciais 42%. A FIAT garantia agora o controlo da SEAT.

Em 1975, estava concluída a primeira fase das novas instalações situadas em Martorell, numa altura de expansão em que a SEAT dominava 58% do mercado espanhol de automóveis novos. Mas foi a década na qual começaram a instalar-se em Espanha outros construtores estrangeiros, atraídos pelas condições oferecidas pelo país. Quanto à SEAT, começou a produzir duas versões do Lancia Beta, mais uma prova da qualidade da sua fabricação.
Expansão
A SEAT abriu mais fábricas em Espanha, por exemplo uma dedicada a fazer caixas de velocidades, outra de transmissões e mais fábricas de componentes, por vezes comprando instalações a produtores mais pequenos. Mas esta fase de crescimento culminou com um confronto com a FIAT nos anos oitenta. Os espanhóis exigiam maior investimento dos italianos, para poderem fazer a SEAT crescer ainda mais, mas os italianos não estavam dispostos a isso, devido à sua própria situação financeira. Assim, em 1982, terminou um acordo de 30 anos entre as duas empresas.

Para assinalar o momento, a SEAT mudou de logótipo, para um semelhante ao que ainda hoje usa nos seus automóveis. Em paralelo, o primeiro SEAT desenvolvido sem a participação da FIAT chegou ao mercado, tratava-se do Ronda, um familiar compacto de cinco portas desenhado por Rayton Fissore em colaboração com Martorell. O modelo levou a FIAT a colocar a SEAT em tribunal, pois considerava o SEAT Ronda demasiado parecido com o seu FIAT Ritmo. Um tribunal em Paris declarou que as diferenças entre os dois modelos eram suficientes para não declarar o Ronda uma cópia do Ritmo.
Acordo com VW
Ainda em 1982, a SEAT iniciou conversações com o grupo VW, ao mesmo tempo que se instalava em Espanha com fábricas para produzir alguns dos seus próprios modelos, como o Passat e o Polo. A 16 de Junho de 1983, foi assinado um acordo entre a VW e a SEAT. O primeiro modelo lançado após este acordo foi a primeira geração do Ibiza, que juntava alguns componentes do chassis do Ritmo, os famosos motores System Porsche e estilo de Giugiaro. Este cocktail também serviu de base ao familiar Málaga.

A 18 de Junho de 1986, a VW comprou 51% do capital da SEAT e em Dezembro já tinha 75%, tornando-se no acionista maioritário. Em Dezembro de 1990, a VW comprou os restantes 25% e a SEAT passou a ser uma marca totalmente integrada no grupo Volkswagen. A prioridade era centralizar grande parte das atividades em Martorell, fazendo crescer as instalações, sendo inaugurada esta nova fase em 1993, considerada então uma das fábricas mais modernas da Europa.
Ibiza e Córdoba
Os primeiros modelos a sair da renovada Martorell foram a segunda geração do Ibiza e o Córdoba. Em 1998, a fábrica da zona franca de Barcelona encerrou os seus trabalhos, com a produção transferida para Martorell, era o fim de uma era. Seguiram-se muito outros modelos, que usaram os componentes base de modelos VW, mas com estilo, interiores e afinações de suspensão diferentes, na maioria dos casos. A SEAT afirmou a sua identidade dentro do grupo Volkswagen.

O Ibiza foi o modelo mais carismático e com maior volume de vendas da SEAT, desde que a primeira geração foi lançada. Mas o sucesso do Leon, que comemora agora os seus 25 anos, significa a evolução da imagem da marca ao longo dos anos, marcando uma posição também num segmento fundamental na Europa, o dos familiares compactos. Quanto ao futuro, a transição energética é um dado adquirido, bem como o desenvolvimento da marca Cupra, com uma gama cada vez mais alargada, também ela bem ancorada nas novas mobilidades. Parabéns, SEAT!
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