Quando foi apresentada em 1984, a Espace revolucionou o mercado com o seu conceito monovolume. Quarenta anos depois, a nova geração passou a ser um SUV híbrido de sete lugares, derivado diretamente do novo Austral. Perdeu-se em originalidade, ganhou-se em competitividade no mercado, pelo menos é isso que a Renault espera. Conheça os principais detalhes.
Nos anos oitenta, os monovolumes começavam a encantar quem precisava de um carro habitável e relativamente compacto para transportar a família com o máximo de espaço e conforto. A Renault Espace foi um dos primeiros, lançada em 1984.
O conceito foi muito bem explorado pela marca francesa ao longo das décadas seguintes, em vários segmentos, até que o filão secou e o mercado se virou para os SUV e Crossover. Os companheiros da Aliança, a Nissan, podem ter sido os autores da “morte” dos monovolumes, quando apresentaram a primeira geração do Qashqai.

A anterior geração da Espace, a quinta, já era um modelo de transição entre os monovolumes clássicos e os crossover. Mas o mercado cada vez lhe prestava menos atenção, apesar (ou por causa…) de um posicionamento no topo da gama da marca.
Austral de sete lugares
Após 1,3 milhões de monovolumes produzidos, a transição para o conceito SUV foi assumida agora com esta sexta geração, que só manteve o nome da anterior. E esta decisão de manter o nome pode ter algo de polémica, sobretudo para quem era adepto do conceito monovolume.

Uma coisa é certa, a nova Espace está longe de revolucionar o mercado como fez a sua antecessora nos anos oitenta na Europa. Agora não passa de uma variante mais comprida do novo SUV Austral.
Vi-a em 2021…
A primeira vez que vi esta nova Espace foi em 2021, numa sessão reservada aos jornalistas membros do júri do The Car Of The Year. Aceitei, como todos os meus colegas, receber a informação mas não a divulgar na altura. Tive por isso tempo para me habituar à ideia desta nova Espace SUV.

A plataforma CMF-CD é obviamente a mesma do Austral e do Megane E-Tech Electric, o desenho da frente só muda nas barras verticais da grelha. O painel de bordo continua a ter o excelente sistema de infotainment OpenR Link, com sistema operativo Android Automotive, que inclui uma série de aplicações Google e o seu ótimo comando por voz.
Mais comprida
As diferenças estão nas dimensões, com a Espace a ter mais 7,1 cm de distância entre-eixos e mais 21 cm de comprimento que o Austral, chegando aos 4,72 metros totais. Mas é 14 cm cm mais curta que a geração anterior, um “downsizing” que se estende às principais cotas e justifica uma descida de 215 kg no peso total. A altura ao solo é de 180 mm.

Face à geração anterior, a rigidez estrutural aumentou 27% e a Espace mantém o sistema 4Control Advanced do Austral, que reduz o diâmetro de viragem dos 11,6 para os 10,4 metros, esperando-se que facilite muito a condução em espaços apertados.
5+2 lugares
Por dentro, as diferenças começam na segunda fila de bancos, que desliza 220 mm longitudinalmente, para maximizar o espaço dos seus três lugares ou para dar uma hipótese de a terceira fila de dois lugares poder ser usada.

O sexto e sétimo lugares dobram-se para o piso e são adequados a crianças não muito grandes. O acesso não é dos mais fáceis, pois os assentos da segunda fila não levantam do chão, só deslizam para diante.
Só versão “Full Hybrid”
Em Portugal, só está prevista a comercialização desta versão de sete lugares, mas existe uma de cinco, noutros mercados. Para a versão de sete, a capacidade da mala varia entre os 477 litros, apenas com cinco lugares em uso, ou 159 litros, com sete lugares erguidos.

A única motorização disponível no nosso mercado será a E-Tech Full Hybrid que usa um motor 1.2 turbo a gasolina, de três cilindros e dois motores elétricos, perfazendo uma potência combinada de 200 cv, com 410 Nm de binário e um consumo anunciado de 4,6 l/100 km. A velocidade máxima é de 175 km/h e os 0-100 km/h demoram 8,8 segundos.
Conclusão
A nova Espace chega em Outubro, passou a ser mais um SUV num mercado cada vez mais saturado deste tipo de veículos, mas com as vendas a não mostrar sinais de inverter a tendência de subida. Não é um modelo inovador, como o original, mas não tenho dúvidas que terá vendas bem melhores que a geração anterior, até porque desceu para um segmento menos caro. Ao rivalizar diretamente com o Peugeot 5008, a minha estimativa é que a Espace custe mais 2500 euros que o Austral, reforçando a posição da Renault no segmento “C”, que é a sua grande prioridade estratégica.
Francisco Mota
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