Depois do fim de produção do Kadjar, a Renault precisava de um SUV para o topo do segmento C. O Austral é isso mesmo, um rival direto do VW Tiguan e Peugeot 3008 que até inclui uma versão “full hybrid” além de outras novidades importantes, Saiba quais.
O Kadjar foi lançado em 2015, teve um restyling em 2018 e terminou a sua produção em 2021. Cumpriu o seu papel, que não foi fácil, devido às restrições impostas pela crise sanitária.
Mas não se pode dizer que tenha deixado saudades, talvez por isso a Renault arquivou o seu nome e escolheu Austral para o SUV que o vai substituir no topo do segmento C, o segmento que a marca já anunciou como a sua prioridade estratégica.

Para rivalizar com os melhores do segmento, a Renault precisava de mais do que um simples sucessor do Kadjar, por isso investiu forte no novo modelo, em muitas áreas fulcrais.
Plataforma CMF-CD
A começar pela plataforma CMF-CD, que é anunciada como totalmente nova na marca, partilhada com outros modelos da Aliança Renault/Nissan/Mitsubishi, como o Qashqai.
É uma plataforma com maior rigidez torcional que a anterior e que pode receber suspensões traseiras de barra de torção ou independentes de quatro braços por roda. Também está habilitada a receber a terceira geração do sistema de direção às rodas traseiras da Renault, o 4Control Advanced.

Mas, mais importante nos tempos que correm, é a possibilidade desta CMF-CD poder receber motorizações “mild hybrid” e “full hybrid”. Pelo menos para já, pois seria muito estranho se uma versão “plug-in” não fosse apresentada dentro de pouco tempo.
Estilo atual
No estilo, o Austral segue a atual escola da Renault, com influências do Megane E-Tech Electric, na frente com faróis em “C” e o novo símbolo da marca. E do Captur, nas luzes traseiras com o mesmo formato. O perfil tem vincos que fazem realçar as formas e reforçam a distância entre-eixos de 2,67 metros, pouco mais que os 2,65 metros do Kadjar.

O aspeto é bem mais apelativo que o modelo antecessor, aproximando-se em impacte à referência em termos de estilo neste segmento, o Peugeot 3008. Curiosamente ambos foram desenhados sob a direção estilística de Gilles Vidal, que passou da Peugeot para a Renault em 2020.
Mesmo comprimento que o VW Tiguan
Por falar em dimensões, o Austral tem 4,51 metros de comprimento, exatamente o mesmo que o VW Tiguan, o Nissan Qashqai é mais curto, com 4,43 metros de comprimento. A altura é de 1.62 metros (1,67 metros, para o Tiguan) e a largura é de 1,83 metros.

O desenho foi feito para acomodar com a mesma facilidade jantes de 17” e de 20” e a altura livre ao solo chega aos 180 mm. Já que estamos nos números, para as versões com 4Control Advanced (só disponível no “Full Hybrid”) o diâmetro de viragem desce de 11,2 para 10,1 metros, ao nível do Clio.
Terceira geração 4Control
Esta terceira geração de direção às quatro rodas tem um novo atuador elétrico e funciona com a suspensão traseira de quatro braços por roda. Em autoestrada ou via rápida, as rodas de trás viram num máximo de 1 grau no mesmo sentido das da frente, para estabilizar.

Nas manobras ou curvas mais apertadas, as rodas de trás chegam a virar até 5 graus, contra os 3,5 graus da geração anterior, para aumentar a agilidade.
A direção às rodas da frente também foi melhorada, com uma relação mais direta de 14,7:1, contra os 19,1:1 do Kadjar. E a assistência tem uma calibração nova, que varia com os modos de condução.
Tração à frente
No botão Multi-Sense colocado no volante, é possível escolher entre os modos Eco/Comfort/Sport/Perso. Com o pacote opcional “Extended Grip” há mais dois modos: Snow/All-Terrain.

Neste momento, todos os Austral têm tração às rodas da frente, mas não será de excluir que a versão “plug-in” possa ter tração às quatro rodas e todos têm suspensão traseira de barra de torção, à exceção do Full Hybrid com 4Control Advanced.
Mais qualidade
Com a utilização de madeira, couro, Alcantara e tecido reciclado, o interior do Austral pretende dar um salto de qualidade que o posicione a par do 3008. O sistema de infotainment OpenR amplia o salto e ultrapassa o SUV da Peugeot.

Conhecido do Megane E-Tech Electric, o conjunto painel de instrumentos/ecrã tátil central está agrupado numa única peça revestida com um vidro semelhante ao usado nos smartphones. Tem brilho, mas evita os reflexos e consegue ler-se mesmo com luz solar forte.

Além disso, tem algumas funcionalidades Google, que no Megane E-Tech Electric funcionam muito bem. O volante quase quadrado também é partilhado com o EV da marca e também tem um raio exagerado.
Soluções do Megane E-Tech Electric
Outras características comuns são a colocação do comando da caixa automática numa haste da coluna de direção, mesmo acima do ultrapassado satélite de controlo do rádio. Deste modo, liberta-se a consola de botões, permitindo colocar vários espaços de arrumação.

Ambos os displays digitais têm 12” de diagonal, mas o central é vertical e aglomera o controlo das principais funções de utilização, como da iluminação interior variável com a hora do dia e com 48 cores disponíveis.
Acertadamente, foram deixadas algumas teclas em plástico sob o ecrã táil, para funções como a climatização e outras de utilização mais frequente e/ou urgente.
Espaço a bordo
A Renault afirma que o Austral é um dos SUV mais espaçosos do segmento e um dos argumentos que tem para o justificar é a possibilidade de deslizar o banco traseiro (repartido em duas partes desiguais) em 16 cm.

A mala tem 500 litros de capacidade, que desce aos 430 litros nas versões híbridas, devido à localização da bateria de iões de Lítio.
Como seria de esperar, não está prevista nenhuma versão Diesel no Austral, mas não faltam versões “mild hybrid”.
Motor 1.3 com Mild Hybrid
O conhecido motor 1.3 turbo de quatro cilindros que o Grupo Renault partilha com a Daimler, é associado a um sistema híbrido ligeiro de 12 Volt, estando disponível com dois níveis de potência: 140 cv e 260 Nm ou 160 cv e 270 Nm.

A versão menos potente pode ser associada a uma caixa manual de seis ou a uma CVT, enquanto que a de 160 cv só está disponível com a CVT.
A Renault anuncia consumos de 6,2 l/100 km, para as duas versões de potência. A de 160 cv faz os 0-100 km/h em 9,7 segundos e a de 130 cv demora mais um segundo. Todos os Austral estão limitados a 175 km/h.
Novo motor 1.2 turbo
Depois, existe aquilo a que a Renault chama o Mild Hybrid Advanced, que usa uma rede de 48 Volt e tem uma bateria de 0,925 kWh de capacidade, contra os 0,15 kWh das versões acima. Mas a maior diferença nem é essa.
O motor a gasolina é um novo 1.2 de três cilindros turbo que funciona segundo o ciclo Miller, com um motor de arranque/gerador acoplado e caixa manual de seis.

Este Mild Hybrid Advanced tem 130 cv e 230 Nm, anuncia consumo médio de 5,2 l/100 km, fazendo os 0-100 km/h em 10,8 segundos.
Aparentemente, há aqui uma sobreposição entre os Mild Hybrid de 140 cv e de 130 cv, mas deverá ser uma situação transitória relacionada com capacidades de produção de ambos.
Full Hybrid
No topo da gama, está então o E-Tech Full Hybrid. O motor a gasolina é o mesmo 1.2 turbo de três cilindros com 130 cv, associado a um motor elétrico de tração de 50 kW (68 cv) e 205 Nm. Há ainda um segundo motor elétrico de 25 kW (34 cv).

Este segundo motor elétrico faz as funções de motor de arranque, também ajuda a regenerar e coordena a caixa de velocidades Multimodal, que não tem sincronizadores. É o mesmo sistema conhecido de outras versões E-Tech Hybrid da Renault.
E-Tech com 160 ou 200 cv
O motor 1.6 atmosférico foi substituído pelo motor 1.2 turbo de três cilindros, estado disponível em dois níveis de potência: 160 cv ou 200 cv.
Para o mais potente, são anunciados 8,4 segundos nos 0-100 km/h e um consumo médio de 4,6 l/100 km

Uma das novidades é a existência de patilhas no volante, mas não são para fazer mudanças na caixa de 15 velocidades, que permanece automática. São para variar a intensidade da regeneração na desaceleração entre quatro níveis.
Ajudas à condução
A marca anuncia 32 ajudas à condução, que lhe permite condução autónoma de nível 2 e onde se destaca o Active Driver Assist, que inclui cruise control adaptativo, centragem de faixa, travagem autónoma e regulação automática de velocidade, de acordo com os sinais de trânsito, o tráfego e o percurso.

Quanto às versões de equipamento, recebem os nomes Equilibre, Techno e Iconic. Às duas últimas pode ainda ser acrescentado o pacote Esprit Alpine, que consiste em cores de carroçaria especiais, desenho de jantes específico, símbolos da Alpine or fora e por dentro e vários detalhes de acabamento com aspeto desportivo no habitáculo.
O Austral toma o lugar do Kadjar na fábrica de Palência, Espanha e já está disponível para encomenda com as primeiras entregas previstas para Janeiro de 2023.

Os preços que pode encontrar no configurador são de 33 300 euros, para o 1.3 turbo Mild Hybrid de 140 cv Equilibre, 38 800 euros para o E-Tech Full Hybrid de 140 cv Techno Esprit Alpine e de 45 300€ para o Full Hybrid de 200 cv, Iconic Esprit Alpine.
Conclusão
O Austral tem tudo para reposicionar a Renault no topo do segmento C-SUV. Do estilo, aos interiores, passando pelos equipamentos às mecânicas. A oferta de um Full Hybrid é uma vantagem, em relação a marcas que apostam tudo nos “plug-in” que obrigam a maiores preocupações com o carregamento da bateria.
Francisco Mota
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