Na reunião anual para jornalistas e accionistas, a BMW apresentou os resultados de 2024 e os planos para os próximos anos. Saiba o que aí vem de novo na reportagem TARGA 67 de Francisco Mota.

Apesar de ter um modelo de negócio assente em volumes relativamente baixos e margem altas, o típico de uma marca premium, em qualquer setor de economia, a verdade é que numa altura de incertezas como a que atravessamos, isso pode não ser a melhor solução.
Elétricos a subir
Face aos gigantes da indústria, com a Toyota à frente a vender mais de 10 milhões de carros por ano, os 2,45 milhões que o Grupo BMW (BMW, Mini e Rolls Royce) vendeu em 2024 não parecem nada de especial.

Mas a verdade é que a BMW está a subir nos segmentos que mais interessam. Desde logo nos elétricos, com mais 13% de carros vendidos em 2024 do que em 2023, num total de 426 594 BEV, o que representa 17% do total das vendas.

Dentro do Grupo BMW, quem mais subiu nos BEV foi a RR com mais 479,6% (1890), seguida pela Mini com mais 24,3% (56 181) e pela BMW com mais 11,5% (368 523).
Se incluirmos os PHEV nas contas, então 1 em 4 BMW vendidos são eletrificados. Outro dado interessante é a subida, pelo 13º ano consecutivo, dos desportivos BMW M, que subiram 2,4% totalizando 206 582 modelos vendidos com elevadas margens de lucro.
2024 a descer
Mas nem tudo são rosas nos resultados da BMW em 2024. As vendas das três marcas desceram a nível global: menos 2,3%, na BMW; menos 17,1%, na Mini e menos 5,3%, na RR. Em parte as “culpas” são da conjuntura que se viveu no ano passado.

Mas também há razões na transição da oferta das três marcas. A Mini, só no final do último trimestre teve nova gama completa, incluindo as variantes elétricas. O mesmo se pode dizer da RR e no caso da BMW a marca tem estado a investir fortemente na mudança para a nova era com a Neue Klasse. No entanto o índice de ganhos antes de juros e taxas subiu 6,3%, o que é do agrado dos accionistas.
Neue Klasse
Como disse o líder da BMW, Oliver Zipse, “em 2025, as vendas vão subir e os gastos vão descer” com o lançamento dos primeiro modelos feitos com base na nova arquitetura Neue Klasse, o contrário do que se passou em 2024, que foi um ano de investimento no desenvolvimento.

A pegada mundial da BMW amorteceu o que poderia ter sido uma descida de vendas maior. Mesmo com a China a valer um quarto das vendas da marca, um mercado onde a generalidade dos construtores estrangeiros estão em queda, a BMW compensou com um segundo ano consecutivo de recorde de vendas nos EUA.


A Neue Klasse representa um salto de duas gerações, face aos modelos atuais,em todas as áreas, desde a tecnologia de baterias, digitalização, conceito operacional, fabricação e, como não podia deixar de ser, o comportamento dinâmico. Disse Zipse.
Mais do que uma plataforma
Mais do que uma plataforma, trata-se de um conceito que irá influenciar todos os próximos BMW do futuro, seja qual for o tipo de motorização. O primeiro modelo a estrear esta nova plataforma será um SUV, de que já foi visto um concept-car e que terá a sua estreia no salão de Munique para estar à venda no final do ano. E que a BMW vai chamar iX3. Em 2026 teremos uma berlina de três volumes, o sucessor do Série 3 atual, muito provavelmente chamado i3, agora que as memórias do original compacto i3 se desvanecem.

A Neue Klasse terá arquitetura de 800 V, o recém apresentado Panoramic iDrive, um HUD que se estende a toda a largura da base do para-brisas e a sexta geração de baterias feitas com base em células BMW com mais 20% de densidade energética do que as atuais. Vão ter 30% mais autonomia e menos 30% de tempo de carregamento, capazes de armazenar 300 km de autonomia em 10 minutos, segundo a BMW. Tudo isto com custos que baixam entre 40 a 50% e que a BMW fabrica, tal como o software, também desenvolvido pela marca.

Entretanto, a BMW não está parada tendo acabado de lançar a versão renovada do iX, com autonomia alargada até aos 700 km. Para 2025, a BMW estima uma subida nas vendas na Europa e também nos EUA, apesar das taxas que a administração federal quer implementar e que a BMW diz irem ter um efeito não superior a 1% no preço final dos seus modelos. Quanto à China, espera uma estagnação nas vendas

Produzir modelos onde os vai vender é a estratégia que a BMW e muitas outras marcas está a seguir, para evitar taxas, e facilitar a logística. Estamos cada vez mais longe da antiga teoria do modelo global.
Conclusão
Apesar das incertezas e convulsões do mercado, a verdade é que a BMW continua a liderar entre as marcas premium a nível global e o plano para construir cinco novas fábricas de baterias em todo o mundo será uma grande ajuda para permanecer independente.
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