Foi apresentado em 2016 e fez uma carreira sem mácula. O Kodiaq está prestes a ser substituído, depois de ter levado a marca para os SUV. Ocasião para um Último Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.
Com 4,70 metros de comprimento e 1,68 metros de altura, o Skoda Kodiaq surgiu em 2016 como um SUV de dimensões generosas, se visto do prisma do segmento C, com a vantagem adicional de ter versões de sete lugares e tração integral.
Como é hábito na marca, o Kodiaq posicionou-se no topo do segmento C, em termos de dimensões e habitabilidade, mas com preços abaixo daquilo que oferece. Foi um modelo muito significativo para a Skoda e terá uma segunda geração já em 2024.

O nome é inspirado no urso da ilha de Kodiak, no Alasca, com o k substituído por um q, como depois seria usado em todos os SUV da marca. O Yeti de 2009 foi o primeiro crossover da Skoda, mas foi o Kodiaq que levou a marca checa para os SUV em 2016.
Best-seller
O Kodiaq é o SUV mais fabricado de sempre pela Skoda. Até agora, já foram produzidas mais de 841 900 unidades, em fábricas de quatro países, continuando a ser um modelo de sucesso em mercados tão díspares como a China ou a Índia.
Desde o lançamento do Yeti, a Skoda já fabricou mais de 3 milhões de SUV, um tipo de carroçaria que hoje representa metade da produção da marca, contando com o Karoq, Kamiq e o elétrico Enyaq.

Quanto ao Kodiaq, impressionou desde o início pela habitabilidade, qualidade de construção e integridade mecânica, ou não partilhasse uma versão ampliada da plataforma MQB do grupo Volkswagen.
Restyling em 2021
Em 2021 recebeu um ligeiro restyling, que mudou o desenho da grelha, dos faróis e dos para-choques, mas tudo de forma muito subtil. Também os acabamentos do interior foram melhorados, o volante trocado e o sistema de infotainment evoluído, além das ajudas à condução aumentadas.

Na verdade, o Kodiaq não precisava de grandes alterações para continuar a convencer compradores. Hoje, sete anos depois de ter sido mostrado pela primeira vez, o maior SUV da Skoda continua a ter um aspeto atual.
Boa qualidade
Por dentro, os acabamentos estão a um nível muito bom para o segmento, com materiais macios e outros mais duros mas de bom aspeto. O painel de instrumentos digital tem boa legibilidade, o ecrã tátil central está bem integrado no tablier, é fácil de usar e contém as principais conetividades.
Os comandos da climatização estão agrupados num módulo separado, a meio da consola, proporcionando uma utilização intuitiva que não obriga a desviar os olhos da estrada durante muito tempo. A alavanca da caixa DSG7 de dupla embraiagem é anatómica e existem ainda patilhas no volante para passagens manuais, mas são muito pequenas.

Mais porta-objetos na consola seriam bem-vindos. A posição de condução é alta para os padrões do segmento, mas o volante de dois braços está bem colocado e tem regulações amplas, tal como o confortável banco, que tem suporte lateral suficiente. Boa visibilidade em quase todos os ângulos, pois a linha de cintura não é alta.
Sete lugares
Na segunda fila de bancos, repartida em duas metades assimétricas, há imenso espaço em comprimento e o banco desliza em comprimento. A terceira fila de dois lugares rebate-se para o piso e quando erguida é capaz de acolher dois adultos, se não forem muito altos.
Claro que os ocupantes da terceira fila vão com os joelhos em posição alta, pois o assento fica perto do piso e é preciso que os ocupantes da segunda fila puxem o banco um pouco para diante, para lá caberem.

A mala varia a capacidade de acordo com o número de lugares em uso e a posição da segunda fila. Com cinco lugares erguidos e a fila do meio puxada para a frente, a capacidade é de 735 litros. Deslizando o banco para trás, desce aos 560 litros e com sete lugares em uso, restam 270 litros. Há espaço sob o piso para guardar o enrolador da chapeleira.
Em cidade
Apesar do comprimento, o Kodiaq não é difícil de guiar em cidade, desde logo porque a visibilidade é boa, mas também porque o diâmetro de viragem é de 12,2 metros. Claro que a caixa automática de dupla embraiagem e sete relações também ajuda, mesmo se por vezes possa ser um pouco hesitante no trânsito.

O motor 2.0 TDI tem 150 cv entre as 3000 e as 4200 rpm, é a última evolução deste bloco Diesel que tanta fama teve durante tanto tempo. Continua a ter boa disponibilidade desde baixos regimes, pois o binário máximo de 360 Nm chega logo às 1700 rpm e permanece até às 2750 rpm.

Mas é verdade que, com 1751 kg de peso nesta versão de sete lugares, a resposta ao acelerador não é muito rápida. As coisas melhoram substancialmente quando se passa a caixa do modo D ao modo S, ganhando-se prontidão na resposta, sem acrescentar nervosismo.
Consumos comedidos
A direção tem a assistência certa e transmite bastante informação das rodas dianteiras, que são as motrizes, enquanto que os travões são muito fáceis de modular. A suspensão, independente às quatro rodas, é bastante confortável, mesmo no mau piso, com os pneus de medida 285/55 R18 a dar a sua contribuição.

No meu habitual teste de consumos em cidade, sempre com o A/C desligado, obtive um valor de 7,1 l/100 km, resultado de não existir nenhum tipo de ajuda híbrida nesta unidade motriz.
Já em autoestrada, rolando a 120 km/h estabilizados, o consumo desceu para os 6,1 km/h, mostrando como um bom motor Diesel pode ser eficiente numa utilização de baixa aceleração.
Estável e silencioso
Na condução em autoestrada sente-se a altura do Kodiaq, com algumas oscilações típicas dos SUV, mas nada que ponha em causa a confiança ao volante. Estável e silencioso, no que ao som do motor diz respeito e com uma dose reduzida de ruídos aerodinâmicos. A velocidade máxima é de 204 km/h e paga Classe 1 com Via Verde.

Em estradas secundárias com mais curvas, o Kodiaq é competente nas trocas de massas mais rápidas, nos encadeados de curvas. Mas não se espere uma grande aglidade na entrada em curva, nem alguma disponibilidade para aceder às vontades de condutores mais impacientes.
Os 150 cv do motor Diesel são suficientes para um andamento despachado, com os 0-100 km/h anunciados em 9,8 segundos. A utilização das patilhas traz um pouco mais de controlo, útil nas descidas, enquanto que a atitude do Kodiaq é sempre muito neutra, nem que tenha de chamar o ESC.

Os 190 mm de altura ao solo foram pensados para evitar tocar no chão, durante incursões por estradas de terra, o que fazem com facilidade. Mas a tração apenas à frente não incita a sair de caminhos de progressão fácil.
Conclusão
O Kodiaq chega ao fim da sua carreira com grande parte dos seus atributos perfeitamente atuais. Faltam-lhe versões híbridas, que vão chegar na segunda geração em 2024. Mas a verdade é que, em tudo o resto, o SUV da Skoda continua a ter a mesma competência de sempre, aprimorada ao longo dos anos de produção.
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
Skoda Kodiaq 2.0 TDI DSG7
Potência: 150 cv
Preço: 44 613 euros
Veredicto: 3,5 estrelas
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