O T-Roc tem sido o VW mais vendido em Portugal e na Europa e recebeu há pouco um ligeiro restyling. Altura para reavaliar a versão intermédia, para tentar perceber se terá o motor certo para este SUV compacto.
Apesar das evoluções nos motores a gasolina nos últimos anos, nomeadamente com a adoção generalizada de turbocompressores, ainda há compradores que olham para a cilindrada como um dado prioritário para imaginarem as capacidades de um modelo.
Para um SUV do tamanho do T-Roc, talvez alguns potenciais compradores fiquem “desconfiados” com o desempenho do motor de três cilindros e 1.0 litros de capacidade, na versão de 110 cv.

Para quem deseja ou precisa de um pouco mais, a VW tem a versão 1.5 TSI, com um motor de quatro cilindros, também turbocomprimido mas com 150 cv. Neste caso, a aceleração desce de 10,8 para 8,6 segundos, o que é considerável. Mas e o resto?
Restyling aos 5 anos
Apresentado em 2017, o T-Roc tem feito uma carreira em crescendo, tendo sido beneficiado pela estratégia de utilização de semi-condutores da VW, o que o levou a posições de vendas inesperadas.
Com cinco anos de vida, era mais que tempo do T-Roc receber um restyling, que não foi muito profundo. A grelha recebeu um friso luminoso, os para-choques têm novo desenho e novas luzes de dia na frente e as jantes têm novos desenhos.
Por dentro, a maior diferença é a qualidade de alguns materiais que melhorou. O topo do tablier deixou de ser em plástico duto e passou a ser em plástico macio.
O painel de instrumentos é digital e o ecrã tátil central e novo e deixou de estar integrado no tablier, passando a estar assente, numa posição mais alta. Também o módulo da climatização é novo, com comandos táteis que, por sinal, são mais difíceis de usar em andamento.
Entre o B e o C
Feito com base uma versão aumentada da plataforma MQB A0, a mesma do Polo, o T-Roc tem dimensões que ficam entre o segmento B e o C. Um pouco mais de espaço nos lugares de trás que um Polo e a mala com 445 litros de capacidade.

Com 4,23 metros de comprimento, é um SUV fácil de usar em cidade, com uma posição de condução não muito alta, mas visibilidade razoável. A direção está muito bem assistida, o raio de viragem não é grande e o pedal de travão está bem calibrado.

Esta versão do motor 1.5 TSI ainda não tem qualquer tipo de assistência híbrida, apesar de já existirem outras marcas do grupo que têm uma versão MHEV. Mas, com a caixa DSG de sete relações que estava na unidade que testei, isso acaba por não ser um problema.
Caixa DSG ajuda muito
Usada em modo “D”, a caixa de dupla embraiagem é suave e faz as passagens na altura certa, no trânsito citadino. Além disso, entra em modo vela com frequência – desliga o motor e segue me roda livre, nos declives favoráveis e se o condutor não tocar no acelerador.
Faz tudo bem feito, esta DSG, por isso esta motorização 1.5 TSI nem tem opção de caixa manual de seis, como o 1.0 TSI de 110 cv

No meu habitual teste de consumos em cidade, os consumos que registei foram de 7,7 l/100 km, pouco mais do que os 7,1 l/100 km, que registei no T-Roc 1.0 TSI 110 cv.
Motor obviamente mais vivo
A diferença é que o 1.5 TSI tem uma resposta ao acelerador mais rápida, subindo de regime com maior facilidade e maior proveito.
A suspensão é confortável o suficiente, mesmo nesta versão R-Line com pneus 225/40 R19, mas é verdade que se percebe bem o relevo dos pisos em pior estado.

A estabilidade em autoestrada é muito boa e o motor 1.5 TSI mostra um à vontade muito bom, a que se dá valor em deslocações mais longas. Há sempre binário disponível para vencer uma subida mais íngreme ou completar uma ultrapassagem.
E sem que a insonorização seja um problema, nem mesmo o som de rolamento dos pneus. Em matéria de ruído, o que mais se ouve são alguns silvos aerodinâmicos.
Rolando a 120 km/h, o meu teste de consumos revelou um valor de 6,1 l/100 km. Com o depósito de 50 litros de gasolina, isto dá para uma autonomia de 650 km.
Muito estável e confiável
Os pneus montados neste R-Line dão-lhe uma aderência mais que suficiente para a potência disponível. Mesmo passando a caixa para o modo “S” ou usando as patilhas do volante em modo manual, as rodas da frente encontram sempre tração.

Os pneus garantem isso e a aderência lateral em curva. É claro que o T-Roc tem uns graus de inclinação lateral superiores aos de um Polo, como seria de esperar, mas nada que torna w condução demasiado bomboleante.
As acelerações e recuperações desde velocidade baixa são rápidas o suficiente para tornar a passagem por uma estrada secundária com boas curvas num exercício com algum divertimento à mistura.
Não se pode dizer que este T-Roc 1.5 TSI tenha veleidades de desportivo, mas é mais do que competente para quem lhe apeteça andar um pouco mais depressa, de quando em vez.
Conclusão
O T-Roc, fabricado na Autoeuropa de Palmela, é um produto muito equilibrado, sem grandes pontos fracos. Os consumos esperam por um módulo híbrido para descerem um pouco, mas a caixa DSG já faz os possíveis nesse campo. A melhoria de qualidade no habitáculo foi um passo positivo. O preço é de 38 388 euros, sem opcionais, valerá a diferença de cerca de sete mil euros para um 1.0 TSI Style com 110 cv e caixa manual? Para quem goste de um pouco mais de potência e maior facilidade de condução em estrada, é uma boa escolha.
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
VW T-Roc 1.5 TSI DSG7 R-Line
Potência: 150 cv
Preço: 38 388 euros
Veredicto: 4 (0 a 5)
Ler também, seguindo o LINK:
Primeiro teste – VW T-ROC@PT: Restyling e versão especial portuguesa