Não. Não é uma versão mais acessível do GR Yaris. O GR Sport é híbrido e tem os mesmos 116 cv dos outros Yaris híbridos. Mas acrescenta um pacote de modificações que lhe dão um sabor a desportivo… híbrido. Saiba como a Toyota concebeu esta versão.
O GR Yaris de 261 cv e tração às quatro rodas é um dos meus pequenos desportivos preferidos, mas está posicionado num patamar muito superior ao dos outros Yaris. Na verdade, de Yaris, tem relativamente pouco.
Existe uma versão 1.5 VVT-i de 120 cv, mas ainda não tive ocasião de a testar, para ver se será uma espécie de GR Yaris júnior. Entretanto, a Toyota lançou uma nova versão do 1.5 HDF de 116 cv a que chamou GR Sport, uma sigla que já tinha usado no Corolla.

O cinzento é específico do GR Sport, bem como o desenho das jantes, a grelha em favor de mel, os logótipos GR Sport e o difusor no para-choques traseiro. Por dentro também há detalhes de decoração desportivos, bem como vidros traseiros escurecidos e o topo de equipamento da gama.
GR Sport não é só equipamento
Mais do que um simples nível de equipamento, os GR Sport pretendem disponibilizar uma versão com um ligeiro sabor a desportivo, feito de elementos estéticos, mas não só.
Assim, para este Yaris GR Sport, a suspensão desportiva é mais firme que em todos os outros Yaris e a direção tem uma assistência com uma calibração específica, ligeiramente menos intensa.

Além disso, as jantes são de 18 polegadas com pneus Bridgstone Turanza TDDS de medida 215/40 R18, bem maiores que os 185/65 R15 da versão base.
Mesmo sistema híbrido
No motor e sistema híbrido não foram feitas alterações, mantendo-se o três cilindros de 1490 cc e 91 cv, um motor elétrico de 59 kW (80 cv), um gerador, uma bateria de iões de Lítio de 4,3 Ah e um trem epicicoidal que distribui os fluxos de energia para as rodas da frente.
A potência máxima de 116 cv permite fazer os 0 -100 km/h em 9,7 segundos e atingir os 175 km/h. Não menos importante é que o sistema é capaz de rodar em modo 100% elétrico até aos 130 km/h. Desde que as condições necessárias estejam reunidas.

A Toyota estima que durante 80% do tempo de circulação em cidade, o Yaris o faça sem emitir poluentes, ou seja, em modo 100% elétrico, ou em roda livre, com o motor a gasolina desligado.
Muito suave… quase sempre
O motor elétrico tem 141 Nm de binário máximo, mais do que os 120 Nm do motor a gasolina, por isso a resposta ao acelerador em cidade é muito rápida e totalmente suave, sobretudo quando se anda a um ritmo calmo, o que não quer dizer lento.

Claro que a transmissão, com variação contínua de relação, coloca o motor a gasolina a funcionar sempre na sua rotação mais eficiente. Por isso, quando se acelera com maior brusquidão, o ruído sobe rapidamente. Mas a banda sonora já nada tem a ver com a de sistemas semelhantes do passado.
Consumos muito baixos
Há três modos de condução, Eco/Normal/Sport, além da posição de regeneração máxima nas desacelerações, selecionando a posição “B”. E foi no modo Eco, com a função B ativada, que fiz o meu habitual teste de consumos em cidade, resultando num valor muito baixo de 4,6 l/100 Km.

Em autoestrada, a 120 km/h e com A/C desligado, como o tinha feito em cidade, o sistema híbrido tem menos hipóteses de brilhar, mas o consumo que registei foi de 5,8 l/100 km, o que continua a ser muito bom.
Claro que, depois de já ter testado o Yaris 1.5 Hybrid Dynamic Force em detalhe quando foi lançado e eleito (com os meus votos…) “The Car Of The Year 2021” a grande curiosidade estava no desempenho dinâmico desta versão GR Sport.
Acerto mais desportivo
Em cidade, tinha ficado claro que a suspensão mais firme e os pneus de perfil mais baixo tinham degradado o conforto, tornando o Yaris menos tolerante com o mau piso. Mas, numa estrada secundária com as curvas certas e sem trânsito, foi possível descobrir a outra face da moeda.

A primeira impressão vem da direção, ligeiramente mais precisa, o que atribuo à assistência menos intensa, que facilita o trabalho das mãos quando se anda depressa. E aos pneus mais largos e mais rígidos.
A resistência à subviragem é claramente superior, com o GR Sport a entrar na trajetória escolhida com maior precisão e sendo capaz de levar mais velocidade para dentro da curva sem sair da linha.
Maior agilidade
A inclinação lateral é também menor, com um controlo mais apertado das oscilações, quando o piso não é perfeito. Ainda assim, a suspensão, com barra de torção atrás, consegue manter a estabilidade, mesmo nesses pisos.

O outro ganho desta nova especificação dinâmica encontra-se na maior agilidade da traseira, quando se decide provocá-la com uma desaceleração brusca em apoio; ou numa travagem tardia, já com o carro comprometido com a curva.
Mesmo sem ser possível desligar por completo o ESC, a verdade é que a traseira se deixa deslizar com mais facilidade e de forma mais plana e benigna. Ajuda a rodar um pouco o Yaris e apontar a frente para a próxima reta.

A boa rigidez da estrutura, que subiu 37% face à geração anterior do Yaris e a boa posição de condução, mais baixa e melhor alinhada com os comandos principais, promovem um envolvimento do condutor muito melhor que na geração anterior do Yaris.
Conclusão
No final do teste a conclusão a tirar é que este GR Sport tem “mais chassis que motor” uma expressão que significa algo muito simples. Os 116 cv sabem a pouco, quando se tem uma suspensão deste nível, capaz de lidar com bastante mais força. Mas o conceito do GR Sport é mesmo este: condução mais envolvente, sem perder nada em eficiência.
Francisco Mota
Toyota Yaris 1.5 HDF GR Sport
Potência: 116 cv
Preço: 27 830 euros
Veredicto: 4 (0 a 5)
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