A carrinha do novo Astra é lançada com várias motorizações. Uma delas continua a ter o 1.5D, o motor Diesel de 130 cv, aqui acoplado à caixa automática de oito relações. Para saber se ainda é uma opção válida (e ecológica) passa pelo Teste TARGA 67, conduzida por Francisco Mota e fotografada por João Apolinário.
Há os que pensam que o Diesel é a causa de todos os males, no que às emissões de CO2 diz respeito, e há os que ainda continuam a pensar que os motores a gasóleo são a melhor opção.
Com o pragmatismo que caracteriza a Stellantis, grupo industrial do qual a Opel faz parte, a marca alemã lança a versão Sports Tourer da nova geração do Astra com várias motorizações disponíveis, entre as quais o 1.5 Diesel de 130 cv.

Apesar da popularidade dos SUV, ainda há muitos compradores para as carrinhas, com a Alemanha a liderar a procura. Em Portugal, também ainda muitos as preferem.
O que muda na Sports Tourer
No caso concreto da Astra Sports Tourer, as diferenças para o modelo “hatchback” de cinco portas começam nas medidas. A ST tem mais 268 mm de comprimento, dos quais 211 mm são o aumento do vão traseiro. A altura cresce 9 mm e a largura não se altera.

A distância entre-eixos sobe 57 mm, mas isso não beneficia o espaço em comprimento nos lugares da segunda fila, pois as portas traseiras têm exatamente o mesmo comprimento, só aumentam a altura, facilitando o acesso.
Mala grande
A capacidade da mala é a grande beneficiada: com os cinco lugares em utilização atinge os 597 litros, mais 175 litros que o “hatchback”.
O rebatimento do banco traseiro é feito em três partes nas proporções 40/20/40 existindo alavancas nas paredes da mala, para o fazer à distância.
O fundo da mala é regulável em duas alturas e até foi encontrada uma maneira de guardar o enrolador da chapeleira sob o piso.

Em termos técnicos, as diferenças da ST são uma calibração diferente da suspensão, para fazer face ao aumento de peso e da maior capacidade de carga.
Estilo não muda
No estilo, a preocupação foi mudar o mínimo possível, até as luzes traseiras são as mesmas do “hatchback”. Mantém-se um desenho com alguns “vincos de caráter”, como dizem os estilistas e a grelha negra, a que chamam Vizor. Diria que é impossível confundir um Opel com qualquer outra marca.
Mas a matrícula subiu do para-choques para a tampa da mala, pois a altura do plano de carga desceu, para facilitar as cargas e descargas.

O estilo exterior tem continuidade no interior, também com prioridade para as linhas retas, em vez das curvas. A perceção de qualidade está na média do segmento, com uma aceitável mistura entre materiais macios e duros, além de algumas aplicações com aspeto metálico.
Questões de Ergonomia
A posição de condução não é muito alta, o banco é um pouco duro, mas com apoio lateral suficiente e acompanha bem a linha das costas. O volante tem uma pega anatómica, a coluna tem a inclinação certa e os ajustes são amplos.
O painel de instrumentos digital está integrado na mesma peça encurvada que acolhe também o ecrã tátil central, este com uma organização que não é óbvia.

Em rodapé, tem uma linha de comandos físicos para a climatização, mas a leitura dos comandos faz-se no ecrã, num pequeno friso no topo da imagem. A não ser que se abra a página específica da climatização.
O comando desta caixa automática de oito relações e conversor de binário é o habitual gatilho encastrado, pequeno, com atraso de resposta e que obriga a olhar para ele para o usar.
A caixa também se pode usar em modo manual, através de patilhas fixas ao volante, infelizmente são muito pequenas, mas até têm um curto tempo de reação
Bom binário
Há três modos de condução disponíveis: Eco/Normal/Sport, que variam a sensibilidade do acelerador, assistência da direção e passagens de caixa. E as diferenças notam-se bem.

Em cidade, como o modo Eco, a resposta do motor 1.5 Diesel é rápida desde regimes baixos, pois o binário máximo chega aos 300 Nm, logo às 1750 rpm.
O ruído de funcionamento típico dos Diesel que chega ao habitáculo é muito baixo e as vibrações ainda menores.
Em modo automático, a caixa é suave e faz passagens na altura certa, aproveitando bem a força do motor antes de mudar de relação.
Suspensão firme
A direção não tem demasiada assistência, está no ponto certo entre esforço e efeito, beneficiando a experiência de condução. O mesmo se pode dizer do pedal de travão.

A suspensão é um pouco firme, sacudindo os ocupantes quando o piso piora. Os pneus de medida desportiva 225/40 R18 também não ajudam.
Apesar do comprimento de 4,64 metros, o diâmetro de viragem aumentou apenas 0,19 m face ao “hatchback” sendo relativamente fácil manobrar a ST em locais com pouco espaço. Até porque a visibilidade é boa em todas as direções e ainda há uma câmara de marcha-atrás para ajudar.
Consumos baixos
No meu habitual teste de consumos em cidade, feito sempre com o A/C desligado, obtive um valor de 5,9 l/100 km. Muito bom, tendo em conta que não há nenhum sistema híbrido.

Já em autoestrada, o meu teste de consumos a 120 km/h estabilizados, ainda em modo Eco, registou um valor de apenas 4,4 l/100 km. Mais uma vez, muito bom!
A estabilidade em autoestrada é muito boa, com controlo apertado dos movimentos da carroçaria. Um Opel típico, “à prova de autoestrada”, como a marca diz.
Dinâmica ágil
Em estradas com mais curvas, a dinâmica é ágil e com reações rápidas. A frente entra em curva com rapidez e precisão, com boa aderência.
Em modo Sport, a direção não fica demasiado pesada, mas ganha consistência. A inclinação lateral em apoio é reduzida, mantendo sempre uma sensação de controlo.

O motor parece ter mais do que os 130 cv anunciados, pelo vigor com que avança, quando se pede tudo o que tem para dar. Os 0-100 km/h estão anunciados em 11,0 segundos.
Querendo uma condução um pouco mais atrevida, a Astra ST reage bem a desacelerações em apoio, fazendo rodar ligeiramente a traseira. Mas só se for esse o desejo do condutor.

Numa condução rápida, mas sem atrevimentos, a postura é controlada e neutra, sem perder uma boa noção de agilidade e leveza.
Conclusão
Esta versão Diesel da carrinha Astra Sports Tourer consegue consumos muito reduzidos, que equivalem a emissões de CO2 contidas. Tem boas prestações e bastante espaço. Talvez a suspensão um pouco firme e os pneus de baixo perfil desta versão GS não sejam do agrado de todos, mas permitem uma dinâmica ágil. A moda anti-Diesel é o seu principal problema.
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
Opel Astra ST 1.5D GS EAT8
Potência: 130 cv
Preço: 32 250 euros
Veredicto: 3,5 estrelas
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