O Kia XCeed recebeu um “facelift” muito ligeiro, só mesmo porque é um hábito da indústria. Porque a verdade é que o segundo modelo mais vendido da marca no nosso país, não precisava de grandes mexidas no “plantel”. Teste TARGA 67, para descobrir o que mudou.
Lançado em 2019, o XCeed fabricado na Eslováquia chegou ao seu quarto ano de existência e teve que receber o habitual “facelift”, que nem chega a ser um “restyling”. As mudanças são mínimas, por uma razão lógica: as vendas continuam a bom ritmo.
Em Portugal, o XCeed é o segundo modelo mais vendido da Kia, logo a seguir ao Stonic, contribuindo para um resultado de vendas em 2022 que se saldou por uma subida de 20%, face ao ano anterior.

É um resultado importante, tendo em conta que se trata de um modelo do segmento “C” com a Astara, o importador nacional da Kia, a prever um ano de 2023 ainda melhor, estimando uma subida de 4,5% nas vendas da marca Sul-Coreana em Portugal.
Derivado do Ceed
O XCeed é um crossover que partilha a plataforma com o Ceed, mas sem entrar no campo dos SUV, esse papel está reservado para o Sportage. Em relação ao Ceed, o XCeed tem mais 30 mm de altura e os bancos estão posicionados 40 mm mais altos. A altura ao solo é de 170 mm e a tração é às rodas da frente.

Neste “facelift” as mudanças foram as habituais nestas operações, começando um subtil redesenho dos faróis, grelha e para-choques, dianteiro e traseiro, bem como das luzes de trás, agora com LED sequenciais. As jantes de 18” também têm novo desenho e há mais cores, como o verde deste teste.
Versão GT Line
Por dentro, o acabamento do volante e punho da caixa foi revisto, tal como o retrovisor e os botões do volante. A maior novidade do modelo é a disponibilidade do nível de equipamento GT Line, que o XCeed não tinha.

Neste GT Line, há para-choques diferenciados, jantes específicas, bancos desportivos e uma decoração única no interior. A mecânica não foi alterada, neste caso testei o 1.0 T-GDI de três cilindros, turbocompressor e 120 cv, com caixa manual de seis.
Bem sentado
Ao volante, a posição de condução agrada de imediato, sendo pouco mais alta que numa berlina convencional, mas o suficiente para proporcionar boa visibilidade para a frente e para os lados. Para trás, a forma coupé do tejadilho dificulta um pouco.

O banco é confortável e tem sustentação lateral suficiente; e o volante tem ajustes amplos o que permite ter todos os comandos no sítio certo.
O painel de instrumentos digital de 12,3” tem uma organização um pouco confusa, mas oferece várias visualizações. Quanto ao ecrã tátil central de 12,25” não tem uma definição fantástica, mas a utilização é suficientemente fácil e tem ligação à internet.

O espaço nos lugares da segunda fila é razoável para dois adultos e a mala tem 426 litros de capacidade, com acesso fácil. A qualidade do interior é melhor do que parece, esta geração de modelos da Kia ainda não tem o requinte de desenho das mais recentes.
Motor muito “elástico”
O motor 1.0 T-GDI a gasolina de três cilindros é silencioso na utilização em cidade e não transmite muitas vibrações à estrutura. A resposta a baixos regimes é mais que suficiente para uma utilização ágil e despachada em cidade, pois o binário máximo de 172 Nm está disponível logo a partir das 1500 rpm.

A caixa manual não é muito rápida, mas é suave e silenciosa, estando bem escalonada. Críticas para o pedal de embraiagem que se mostrou pouco progressivo, obrigando a muita atenção da perna esquerda para que os arranques não se façam aos soluços.
Bons consumos
A direção tem bom tato e não está demasiado assistida, transmitindo boa sensação de controlo ao condutor.
Ests versão GT-Line está equipada com pneus de medida 235/45 R18, que lhe dão a um visual levemente desportivo mas são um claro exagero em relação aos 120 cv disponíveis. Contudo, não prejudicam muito o conforto: o XCeed fica firme, mas sem “saltar” nos pisos em pior estado.

No meu habitual teste de consumos em cidade com o A/C desligado, obtive um valor de 6,7 l/100 km. Um bom número para um crossover que não tem nenhuma ajuda híbrida, mas pesa apenas 1272 kg.
Em autoestrada, a 120 km/h estabilizados, o meu teste de consumos registou 6,5 l/100 km, mais uma vez um número enquadrado com a concorrência.
Bom tato de condução
A estabilidade a velocidades de autoestrada inspira confiança, a velocidade máxima anunciada é de 186 km/h e não se ouvem demasiados ruídos aerodinâmicos, nem de rolamento. Note-se que a Kia melhorou as ajudas eletrónicas à condução, tanto em termos de funções como de calibração.

Em estrada secundária, este GT-Line mostra uma dinâmica mais próxima de uma berlina que de um crossover, com bom controlo dos movimentos da carroçaria em curva ou em travagens fortes.
Boa precisão da frente, como seria de esperar com o tipo de pneus montados e uma traseira que se deixa rodar, se devidamente provocada pelo condutor.

Claro que a aceleração anunciada 0-100 km/h em 11,5 segundos não lhe permite muitas ambições, mas a caixa manual ajuda a tirar o máximo partido do motor, que mesmo perto do “red-line” continua a mostrar força, sem emitir demasiado ruído ou vibrações.
Conclusão
Esta atualização do Kia XCeed foi subtil mas parece-me suficiente para manter todo o apelo deste crossover, numa opção aos SUV mais altos e de formas mais “quadradas” mostrando uma das tendências dos próximos anos, pois é preciso melhorar a aerodinâmica dos SUV, para que consumam menos.
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
Kia XCeed 1.0 T-GDI GT-Line
Potência: 120 cv
Preço: 27 100 euros
Veredicto: 4 (0 a 5)
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