Na gama Kia Sportage há muitas versões, o que se tornou uma raridade. Uma delas junta o motor 1.6 T-GDI com um sistema “mild hybrid” e caixa de dupla embraiagem. Veja o que se ganha em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.
São hoje poucas as marcas que propõem tantas variantes nas suas gamas de modelos como a Kia com o Sportage.
Entre motores sem híbridização, “mild hybrid”, “full hybrid”, “plug-in”, com caixa manual, dupla embraiagem ou automática de conversor de binário e tração à frente ou às quatro rodas, as combinações são muitas. E isto sem falar nos níveis de equipamento.

Nem todas as combinações estão disponíveis, mas a 1.6 T-GDI MHEV, com caixa de dupla embraiagem e sete relações, é uma das mais relevantes.
O MHEV
Tal como todos os Sportage, a gasolina ou gasóleo, tem um motor de 1.6 litros, quatro cilindros e um turbocompressor, neste caso debitando 150 cv e 250 Nm.
O sistema “mild hybrid” de 48 Volt conta com um motor/gerador elétrico acoplado à caixa de velocidades de dupla embraiagem e uma bateria de iões de Lítio de 0,44 kWh colocada sob o piso da mala.

O objetivo é recuperar energia nas desacelerações e travagem, a única forma de carregar a bateria e depois usar essa eletricidade para ajudar o motor a gasolina.
É o normal para este tipo de hibridização ligeira: o motor elétrico trata do stop/start, ajuda nos arranques, nos baixos regimes e nas recuperações, mas não é capaz de mover só por si o Sportage.

A redução de consumos é o seu principal objetivo e o condutor não tem nenhum tipo de interação com o sistema MHEV.
A quinta geração
O Sportage vai na sua quinta geração, agora feito sobre a plataforma N3 do grupo e sempre a crescer de dimensões, o que faz dele um dos mais habitáveis do segmento C-SUV.
O espaço na segunda fila é muito bom em comprimento para as pernas e em altura. A largura não é um problema, mas o lugar do meio tem o assento mais estreito, alto e duro, além de existir um túnel central alto. A mala anuncia uma capacidade muito grande de 562 litros.

Nos lugares da frente há espaço mais que suficiente, dois bancos confortáveis e com bom apoio lateral, além de regulações amplas, o que se estende também ao volante.
Boa ergonomia
A caixa de dupla embraiagem tem um comando rotativo na consola, que obriga a desviar os olhos da estrada. Mas tem também patilhas no volante.

Na consola estão os comandos da climatização separados do ecrã tátil de 12,3”, o que é sempre bom. São táteis e, acionando um botão, passam a ser atalhos para o infotainment. Têm dupla função. O ecrã tátil é relativamente fácil de perceber e de usar, estando bem colocado.
O painel de instrumentos está englobado na mesma peça e tem as mesmas dimensões. Varia o aspeto de acordo com o modo de condução escolhido.

A qualidade dos materiais segue a hierarquia habitual, com os mais macios no topo do tablier e portas da frente, sendo os restantes duros, mas com alguns detalhes decorativos de bom efeito nesta versão GT-Line.
Modos de condução
Há três modos de condução disponíveis: Eco/Normal/Sport que alteram a sensibilidade do acelerador, assistência da direção, gestão da caixa e da climatização.
Em modo Eco, a caixa mantém as relações altas até rotações baixas, confiando no binário máximo estar disponível entre as 1500 e as 4000 Nm.

A resposta do motor fica um pouco “amortecida” neste modo, retirando alguma vivacidade à condução urbana.
De resto, a posição de condução alta dá boa visibilidade mas o pedal de travão não é muito progressivo. A caixa de velocidades mostra algumas hesitações.
É um pouco lenta nos arranques e em algumas recuperações. Funcionando melhor com as patilhas.
Competente em cidade
A suspensão, independente às quatro rodas, é firme e os pneus 235/50 R19 também não ajudam a um pisar muito confortável. Mas não passam pancadas para o habitáculo.

A direção não transmite muita informação da estrada, mas é precisa e tem uma assistência razoável.
Em retas com declive favorável, sem necessidade de usar o acelerador, a caixa entra em “bolina”, deixando o Sportage em roda livre e o motor ao ralenti para poupar combustível. É aqui que o motor elétrico faz melhor o seu papel, arrancando o motor sempre que preciso.
Consumos
No meu habitual teste de consumos em cidade, sempre com o A/C desligado, registei um valor de 7,8 l/100 km, que não é particularmente baixo e terá no peso de 1561 kg uma das razões.

Em autoestrada, a 120 km/h estabilizados a caixa consegue fazer baixar os consumos para os 6,8 l/100 km. Em ambos os casos, são valores ao nível dos que tinha obtido com a versão de caixa manual e sem sistema “mild hybrid”.
Sem preocupações de consumos, passei ao modo de condução Normal, que ganha um pouco mais de sensibilidade no acelerador, mas não muita. O modo Sport tem realmente uma diferença mais óbvia, com acelerador mais vivo.
Boa dinâmica
Ainda assim, a aceleração 0-100 km/h anunciada é de 10,3 segundos, suficiente para uma utilização familiar, mas nada mais. A caixa de velocidades, mesmo usando as patilhas, nem sempre está virada para uma utilização dinâmica.

Apesar das dimensões volumosas, o Sportage tem uma boa dinâmica em estrada secundária. Claro que os pneus largos lhe dão muita aderência, que é bem usada pela suspensão. A inclinação lateral em curva não é exagerada e a tração dianteira dá sempre conta do recado.
Procurando uma condução um pouco mais viva, o Sportage revela uma entrada tardia em subviragem e uma transição progressiva para a sobreviragem provocada. Tudo muito previsível e eficiente.
Conclusão
As qualidades do Sportage são bem conhecidas, começando pelo espaço interior e qualidade. O estilo é original, não é uma réplica de outros Kia e a dinâmica está em bom plano. Contudo, o sistema “mild hybrid” não mostrou uma vantagem sensível, nem em termos de prestações, nem de consumos. É só um “cheirinho”…
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
Kia Sportage 1.6 T-GDI MHEV
Potência: 150 cv
Preço: 42 850 euros
Veredicto: 3,5 (0 a 5)
Ler também, seguindo o link: