A versão mais potente do Alfa Romeo Tonale foi apresentada e usa uma motorização híbrida “plug-in” com tração às quatro rodas. Já o guiei em Itália, num primeiro teste a partir da histórica fábrica de Pomigliano D’Arco, onde é produzido.
Partilhando a mesma plataforma e o mesmo sistema híbrido “plug-in” com o parceiro do grupo Stellantis, o Jeep Compass, a versão Plug-in Hybrid Q4 do Tonale é, contudo, um automóvel muito diferente.
Das evoluções feitas ao nível da estrutura e da suspensão, já aqui falei no teste à versão “mild hybrid”. Mas a marca italiana também evoluiu o sistema PHEV face ao Compass.

Desde logo em termos de potência máxima combinada, que sobe dos 240 cv, do Jeep aos 280 cv, do Tonale. E as diferenças não se ficam por aqui.
PHEV em nova evolução
O sistema híbrido recarregável emprega o motor a gasolina de quatro cilindros turbocomprimido 1.3 MultiAir a debitar 180 cv de potência máxima e 270 Nm de binário máximo.
Através de uma caixa automática de seis relações com conversor de binário, faz mover exclusivamente as rodas da frente. Tem ainda integrado um gerador/motor de arranque de 33 kW (45 cv) e 53 Nm que é usado para o arranque e mover o Tonale a baixas velocidades, tipicamente em manobras, além de carregar a bateria.

No diferencial traseiro está integrado um motor elétrico de 90 kW (122 cv) e 250 Nm que move exclusivamente as rodas de trás. Não existe veio de transmissão entre o motor e o eixo traseiro.
Bateria ao centro
No seu lugar está instalada a nova bateria de 15,5 kWh, com 84 células fornecidas pela CATL. Esta é a maior diferença para o Compass PHEV, que tem uma bateria de 11,4 kWh fornecida pela LG Chem.

Esta mudança de capacidade e de fornecedor foi o que demorou mais tempo, pois obrigou a novos protocolos de validação. Em nove meses, a bateria foi sujeita a uma utilização equivalente a 240 000 km, com 2000 ciclos de carga/descarga.
Só assim a marca pode oferecer uma garantia de 8 anos ou 160 000 km. A localização da bateria permitiu baixar o Centro de Gravidade em 3% e a distribuição de pesos pelos dois eixos é de 53/47 (fr./tr.), contra os 59/41 daquele que a Alfa Romeo considera o concorrente mais direto, o Volvo XC40 Recharge T5.
Autonomia até 80 km
Com a nova bateria, a autonomia anunciada em modo elétrico é de 80 km, em ciclo urbano e de 69 km, em ciclo misto sendo a velocidade máxima de 135 km.

A carga completa da bateria demora 2h30 a fazer numa wallbox de 7,4 kW AC e 1h30 para fazer os 0 a 80%. É a primeira vez que esta bateria é usada na Stellantis, pesa 118 kg mas não é compatível com carregadores rápidos DC.

A Alfa Romeo garante que o sistema elétrico assiste o motor a gasolina até aos 180 km/h, depois é o 1.3 MultiAir a levar o Tonale até aos 206 km/h. A aceleração 0-100 km/h demora 6,2 segundos.
Modos de condução redefinidos
Os modos de condução são os mesmos dos outros Tonale, os conhecidos A, D e N mas adaptados a esta motorização. Em Advanced Efficiency, o modo 100% elétrico, a regeneração na desaceleração é mínima, para deixar o Tonale rolar.
Mas, nas descidas mais íngremes, a própria regeneração faz atuar o modo e-Coasting que limita a velocidade a 50 km/h, quando se tiram os pés dos pedais. Contudo, é possível ajustar essa velocidade com o acelerador ou travão.

Em modo Natural, entra-se num nível médio de regeneração e no modo Dynamic a regeneração é máxima. O modo mais desportivo muda também o amortecimento para o nível mais firme, mas há um botão para descer ao nível menos firme. O mesmo botão que muda entre os modos, também serve para desligar o ESC.
Cidade e um pouco de serra
Neste primeiro teste, foi possível guiar a nova versão em ambiente urbano, onde o modo elétrico mostrou grande facilidade em mover os 1835 kg com suavidade e decisão.

A suspensão de afinação desportiva e os pneus 235/40 R20 resultam num pisar pouco confortável nos pisos menos que perfeitos. A direção é bastante direta, mas demasiado assistida, ficando muito leve. O pedal de travão não mostrou dificuldade de doseamento, nem na passagem da regeneração para a fricção.
Passando ao modo Natural, o primeiro modo híbrido, a entrada do motor a gasolina nem sempre é suave mas, ainda em ambiente urbano, o modo elétrico faz quase todo o trabalho, desde que a bateria tenha carga.

Existe um botão “e-Save” na consola que serve para manter a carga na bateria, para usar mais tarde e também para carregar a bateria em andamento.
Um som mais Alfa Romeo
No modo Dynamic o Tonale ganha outra “tensão”, não só em termos de resposta ao acelerador como de intervenção mais decidida do motor a gasolina, que passa também a emitir um som mais de acordo com a história da marca.

E isso, através dos seus dois escapes de grande diâmetro, específicos desta versão. Há também um “elettro-biscione” no vidro de custódia traseiro esquerdo, para identificar este Q4 PHEV.
O percurso de autoestrada denunciou algum ruído de rolamento, típico dos pneus Pirelli PZero, mas poucos de origem aerodinâmica. Em estrada secundária, a força combinada dos dois motores torna a experiência de condução bem mais entusiasmante que nas outras versões, com acelerações convincentes.

A suspensão mantém um bom controlo das massas, em curvas mais rápidas, os pneus resistem bem à sub-viragem e a tração nunca é um problema. Em curvas mais lentas, acelerando forte na segunda metade, é possível obter um indício de sobreviragem que ajuda o Tonale a rodar e dá diversão à condução.
Conclusão
Este Plug-In Hybrid Q4 emite 26 g/km de CO2, o que permite fazer descer a média de emissões da gama Tonale em 40%. As encomendas já abriram com entregas para o início de 2023 com a Edizione Speciale de lançamento a custar 51 800 euros e a Veloce a tocar nos 56 300 euros.
Francisco Mota
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