Depois do SUV elétrico U5, a marca chinesa Aiways lança o U6. E no final deste Primeiro Teste em estradas portuguesas, fiquei com a certeza de que é muito mais do que a versão SUV-Coupé do modelo original. Conheça todos os detalhes e as primeiras impressões de condução.
Oficialmente, a Aiways foi a primeira marca “start-up” chinesa a vender um automóvel elétrico em Portugal, sob o método de agência e com a Astara como parceiro, na Europa e no nosso país.
Na altura que testei o U5 aqui no Targa 67, as impressões foram globalmente mais positivas do que esperava, por isso as expetativas para este U6 não podiam ser baixas. Em teoria, o U6 é uma derivação do U5, uma versão SUV-Coupé, mas acaba por ser bem mais do que isso.

No estilo exterior, as diferenças são óbvias, com uma carroçaria mais baixa e ligeiramente mais longa onde o vidro traseiro está muito mais inclinado. Mas a Aiways aproveitou e modificou também a frente e a traseira, resultando num desenho muito mais apelativo que o do genérico U5. O Cx melhorou de 0,29, no U5, para 0,248.
Revolução no interior
Por dentro, as modificações foram ainda maiores. Na verdade, pouco ou nada ficou do U5. O painel de instrumentos atrás do volante é novo, muito mais pequeno, mas mais fácil de ler. O ecrã central tátil tem 14,6” e também é mais fácil de consultar.

Tem dois rodapés com informação fixa, em cima e em baixo, sendo o inferior reservado à climatização. É compatível com Apple Carplay e Android Auto além de poder receber atualições à distância e fornecer muito mais informação que o do U5. Está à altura dos melhores concorrentes.

Os bancos também são diferentes, mais confortáveis e com melhor sustentação lateral, a posição de condução é alta, como se espera de um SUV, mas o tejadilho panorâmico em vidro, sem cortina, não fica muito acima da cabeça.
Detalhes curiosos
Novidade interessante é o comando da transmissão, que parece o acelerador de uma lancha rápida, mas que seleciona as posições R, N e D da transmissão rodando o punho cilíndrico, como no acelerador de uma moto.

O ambiente do habitáculo é muito mais colorido que o do U5, mas a impressão de qualidade é a mesma, com utilização de bons materiais em muitas zonas do interior.
O espaço na frente não é penalizado em largura pela consola central, ao contrário do que acontece no U5, e tem alguns úteis porta-objetos. Nos lugares de trás, o desenho mais baixo do tejadilho não atrapalha o acesso, nem o espaço em altura.
SUV-Coupé, mas espaçoso
De resto, há muito comprimento disponível para as pernas, devido à distância entre-eixos de 2800 mm, a mesma do U5. A bateria está sob o habitáculo, por isso o piso acaba por ficar um pouco alto, deixando os joelhos altos e as pernas desapoiadas, nos lugares de trás.

A mala tem acesso por uma quinta porta de abertura elétrica, que ajusta a altura máxima antes de parar. A capacidade anunciada é de 472 litros, um pouco acima dos 432 litros do U5. Ainda hé um pequeno “frunk” sob o capót da frente.
Plataforma MAS
A plataforma é a mesma MAS do U5, usando uma mistura de peças em aço com 52% de peças em alumínio, por isso o U6 tem um peso total de apenas 1790 kg, só mais 20 kg que o U5 e abaixo de muitos concorrentes.
A bateria usa células da CATL dispostas em sanduíche para reduzir a altura e anuncia uma capacidade bruta de 63 kWh, a mesma do U5.

A Aiways anuncia uma autonomia média de 405 km, o que fica dentro dos padrões do segmento. Pode ser carregada em DC até 90 kW, demorando 30 minutos para ir dos 30 aos 80%. Em AC, carrega até 11 kW.
Motor Aiways
O único motor do U6, deixou de ser comprado à Bosch e passou a ser fabricado pela própria marca. Está colocado à frente e debita 160 kW (218 cv), atingindo os 315 Nm de binário máximo.

Move as rodas da frente e permite fazer a aceleração 0-100 km/h em 7,0 segundos, enquanto a velocidade máxima está limitada aos 160 km/h. Valores ligeiramente melhores que os do U5.
Na estrada
Este Primeiro Teste incidiu sobretudo em autoestrada e estrada sinuosa. No primeiro terreno, o U6 mostra força suficiente para uma condução sem preocupações, quando é preciso fazer uma ultrapassagem mais rápida. A utilização do acelerador é suave o suficiente e o ruído de motor que se sente no U5, está aqui ausente.

Há cinco modos de condução: Eco/Normal/Sport/Pedal/Individual, com o Pedal a ser o de maior regeneração. Leva a retenção na desaceleração para um nível bastante intenso, que exige alguma habituação.
Travagem pouco progressiva
Mas o pedal de travão precisa de ser melhor calibrado. No principio do curso pouca ação tem na diminuição da velocidade, o que leva o condutor a pressionar mais forte. Só que, de repente, aumenta a força de travagem de forma exagerada, sendo difícil de dosear, tanto em trajetos citadinos como em estradas sinuosas.

A suspensão MacPherson, à frente e multibraço, atrás, usa a mesma arquitetura do U5 mas o acerto é claramente mais desportivo, com melhor controlo dos movimentos da carroçaria, que são menores, tanto no sentido longitudinal, como no transversal.
Pneus de perfil mais baixo
Os pneus de medida 235/45 R20 (são 235/50 R19, no U5) dão uma ajuda no aumento da precisão de entrada em curva, devido ao perfil mais baixo. A direção também ganha com isso, mas continua a ter um tato um pouco distante.

Perde-se um pouco em conforto, que é um dos pontos fortes do U5, mas nada de grave.
A condução é um pouco mais envolvente que a do U5, sem que o U6 passe a ser um desportivo. A ritmos mais ambiciosos, o ESC controla muito bem a dinâmica, mantendo-a neutra à custa de gerir a potência do motor, mais do que a travagem.
A Aiways prepara outras versões do U6 e U5, com baterias de maior e menor capacidade, de acordo com o desenvolvimento das redes de carregamento público da cada país. A potência dessas versões deverá variar na mesma proporção.
Conclusão
O U6 estará à venda em Portugal no segundo semestre de 2023 e o preço é cerca de 2500 superior ao do U5, com motorização equivalente, ficando-se pelos 42 490 euros. Comparando os dois, o U6 é muito mais do que uma versão Coupé do SUV original, é quase uma segunda geração, apresentando melhoramentos que o valorizam claramente e o tornam numa opção mais atrativa.
Francisco Mota
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