Entre o C-HR e o RAV4 faltava à Toyota um SUV mais convencional, por um lado e mais compacto, pelo outro. O Corolla Cross cumpre as duas coisas e ainda estreia a quinta geração do sistema híbrido da marca. Primeiro teste, para ver o que traz de novo.
Concorrer contra modelos como o VW Tiguan ou Peugeot 3008 com o C-HR ou o RAV4 não era tarefa fácil. A um faltava tamanho, ao outro faltava preço.
Estou a referir-me ao mercado europeu, pois nos EUA o RAV4 já é compacto o suficiente. E sabe-se como as prioridades da Toyota variam de acordo com a procura de cada região.

Depois de lançar o Yaris Cross, para o segmento B-SUV, o que mais continua a crescer na Europa, a Toyota decidiu que, para o segmento acima o C-HR seria um produto demasiado específico, com um estilo demasiado diferenciador.
Posicionado ao milímetro
Entra então em cena o Corolla Cross – com 4,46 m está perfeitamente enquadrado entre o C-HR (4,36 m) e o RAV4 (4,80 m) em termos de dimensões. Era mesmo o que faltava à Toyota.

Apesar de se adaptar perfeitamente ao segmento C-SUV europeu, a verdade é que o Corolla Cross foi projetado inicialmente para os mercados Asiáticos.
O lançamento remonta ao verão de 2020, na Tailândia, onde é produzido. Mas também é fabricado na África do Sul, Brasil, China, EUA, Malásia, Taiwan, Reino Unido e Japão.

Só dois anos depois, o Corolla Cross chega à Europa, com a missão de ajudar a Toyota a atingir o objetivo de vender 400 mil carros, até 2025, no segmento mais competitivo do mercado no nosso continente.
Plataforma GA-C
O novo SUV estreia a quinta geração do sistema híbrido autorecarregável da Toyota, mais eficiente e mais potente, bem como um novo “infotainment” e mais ajudas eletrónicas à condução.
Feito com base na plataforma GA-C, que partilha com o Corolla e vários outros modelos da marca, o Corolla Cross apresenta um estilo inspirado no do RAV4, mas numa interpretação menos “off road.”

Os faróis e luzes de trás têm um desenho específico para os mercados europeus, mas a grelha faz lembrar mais o RAV4 que o Corolla, bem como os para-choques e as cavas das rodas com recorte trapezoidal. Um desenho de que é fácil gostar.
Híbrido 5ª geração
Quanto ao sistema híbrido da Toyota, o Corolla Cross tem a honra de estrear a quinta geração, que usa o mesmo motor 2.0 a gasolina da anterior geração, com 152 cv, tal como um motor elétrico mais potente de 112 cv.

A potência total combinada é 8% mais alta, chegando aos 197 cv, contra os 184 cv da geração anterior. A transmissão mantém o trem epicicloidal típico da Toyota, mas com uso de óleos de menor viscosidade, para reduzir os atritos internos, num sistema de lubrificação mais eficiente.
A gestão do sistema híbrido foi melhorada, mais uma vez no sentido de diminuir o efeito sonoro da variação contínua, de forma a que a subida de regime seja mais proporcional à subida de velocidade.
Corolla por dentro
Abrindo a porta do condutor, percebe-se de imediato a partilha do desenho e componentes com as outras versões do Corolla, o Hatchback, o Touring Sports e o Sedan.

O tablier tem as mesmas formas, com o mais recente painel de instrumentos digital de 12,3” que tem gráficos e conteúdos específicos para a Europa. Um deles indica a percentagem de modo elétrico que foi usado na última deslocação.

O sistema de infotainment tem um ecrã tátil de 10,5” bem destacado no topo da consola central, com um desempenho muito melhor que o da geração anterior e com atualizações à distância.
Espaço apenas suficiente
O espaço na frente é mais que suficiente, mas nos lugares traseiros o Corolla Cross não pareceu muito generoso, talvez por ter a mesma distância entre-eixos do C-HR. A bagageira tem 428 litros de capacidade.

A outra área em que o Corolla Cross traz novidades à gama é nas ajudas eletrónicas à condução, reunidas no T-Mate que inclui “pré-colisão com supressão de aceleração a baixa velocidade”, nas palavras da marca. Há também um novo airbag central entre os bancos da frente.
Primeiro teste
Este primeiro teste do Corolla Cross foi curto e incluiu mais autoestrada que estradas nacionais ou cidade. Não foi o melhor terreno para avaliar a suavidade do renovado sistema híbrido, nem os consumos.

Mas foi perfeito para ver que o motor a gasolina não sobe tão depressa para os regimes altos e estacionários, quando se acelera com mais decisão.
Também serviu para comprovar que os ruídos aerodinâmicos e de rolamento são baixos quando se circula a 120 km/h.
Ao volante
A posição de condução não é tão alta como a do RAV4, ficando mais próxima à do C-HR, não muito mais alta que a do Corolla.

O volante tem boa pega, mas precisava de mais regulação em alcance. A transmissão tem uma alavanca convencional e uma posição “B” que faz um pouco mais de retenção na desaceleração.

Há três modos de condução: Eco/Normal/Sport, com maiores diferenças na sensibilidade do acelerador. No percurso dentro de localidades, ficou clara a intervenção frequente do motor elétrico de 112 cv, capaz de levar sozinho o Corolla Cross durante períodos curtos, mas frequentes.
A ajuda elétrica
A nova bateria de iões de Lítio está sob o banco de trás e tem mais 14% de potência, menos 14% de peso e menos 14% de perdas que a anterior. O sistema trabalha a 500 Volt, antes era a 350 Volt.

A ajuda elétrica é fácil de perceber na suavidade e boa resposta a baixos regimes. A suspensão, independente às quatro rodas e os pneus de medida 225/50 R18 conseguem um nível de conforto muito bom.
Acelerando um pouco mais, para aproveitar os 197 cv combinados, percebe-se que a aceleração é mais forte que na geração anterior, com os 0-100 km/h anunciados em 7,6 segundos.
Dinâmica típica Toyota
O comportamento em curva pareceu eficiente, com direção direta o suficiente e bem assistida. A atitude neutra mantém-se até velocidades de entrada em curva elevadas. Mas terei que explorar melhor esta parte num teste mais completo.

O percurso incluiu também 20 km em estradas de terra, de piso pouco irregular, mas com muita água e alguma lama.
Neste cenário, o Corolla Cross mostrou que o controlo de tração funciona bem e que o sistema híbrido tem aqui clara vantagem, pois o binário elétrico chega ao chão mais cedo e sem ser preciso acelerar tanto.
Conclusão
O Toyota Corolla Cross já está à venda com preços a partir dos 38 190 euros, para a única motorização híbrida disponível, a que usei neste primeiro teste do TARGA 67. Entre outras coisas, falta medir consumos, para ver até onde progrediu a quinta geração do sistema híbrido único da Toyota. Um conceito que, até hoje, nenhuma marca se atreveu a seguir.
Francisco Mota
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