Há restylings e há restylings. Alguns trazem mudanças urgentes e bem visíveis, outros são praticamente desnecessários e invisíveis. O Karoq 2022 é um caso notável da segunda categoria, mas o plano estava traçado.
Talvez nem todos saibam, mas quando um novo modelo é lançado, todo o plano para o seu ciclo de vida comercial, que geralmente ronda os sete anos, está previsto desde o início.
É o caso dos restylings. Quando o público vê um novo modelo pela primeira vez, os designers já definiram como será o seu restyling, vários anos depois. A produção tem que estar preparada para as mudança durante o ciclo, para não aumentar custos ao processo.
Além disso, é comum que seja acrescentado valor ao modelo nos restylings, numa tentativa de continuar a atrair clientes, quando o fator novidade já se desgastou um pouco.

Tudo isto se aplica ao Skoda Karoq 2022, que fui guiar a Viana do Castelo, a localidade escolhida pela marca para os primeiros testes com a imprensa europeia, em mais uma oportunidade de mostrar uma parte do nosso país.
E isso nunca foi tão verdade como agora, não só com os jornalistas da imprensa escrita, mas também através dos autores de vídeos no YouTube. E Viana do Castelo só pode sair bem na fotografia, pois a região é verdadeiramente fabulosa.
Afinal, o que mudou?
Voltando ao Karoq 2022, as mudanças deste restyling foram tão subtis que até a apresentação em sala aos jornalistas se despachou em poucos minutos. As mudanças até foram numerosas, mas seria preciso ter a versão anterior ao lado para perceber bem quais são.
A verdade é que o Karoq, um irmão do Seat Ateca e do VW Tiguan, feito com base na plataforma MQB, foi desenhado com uma linguagem de estilo que ainda não mudou muito nos mais recentes modelos da Skoda, por isso o seu aspeto ainda era perfeitamente atual.

Mas afinal, o que mudou?… Por fora, a grelha deixou de ser trapezoidal e passou a hexagonal, como nos Skoda mais recentes. Os faróis têm um recorte diferente, tal como as luzes de trás. Os para-choques têm formas diferentes, com os da frente a incluirem “air curtains” e há novos desenhos de jantes, que agora têm inserções de plástico, para melhorar a aerodinâmica.
Neste capítulo, também há uma nova carenagem do fundo e um spoiler maior atrás, que melhoram a aerodinâmica em 9%, com a Skoda a anunciar um Cx de 0,30.
Por dentro tem mais qualidade
Por dentro também há mudanças com a mais evidente, aos meus olhos e dedos é a maior quantidade de materiais macios em todo o habitáculo. O pacoter opcional Eco Pack inclui tecido dos bancos feito de fibras recicladas, há aplicações de Alcantara nas portas e nos bancos e luz ambiente.

Mais importante, o painel de instrumento é digital, existindo duas opções com 8 ou 10,25” de diagonal, enquanto que o ar condicionado passou a ter regulação de temperatura em três zonas, também em opção. Para o ecrã tátil central existem quatro opções, a maior não é o mais recente usado no Golf e ainda bem, pois o mais simples deste Karoq tem uma utilização muito mais intuitiva.
Também há mais ajudas eletrónicas à condução, um novo sistema de comando por voz e maior conetividade. Os níveis de equipamento são: Active, Ambition, Style e o mais desportivo Sportline. Depois há nove pacotes opcionais.
Motores Evo
Quanto aos motores, há cinco opções, dois Diesel 2.0 TDI, com 116 cv ou 150 cv; e três a gasolina, o 1.0 TSI de três cilindros (110 cv), 1.5 TSI (150 cv) e o 2.0 TSI (190 cv) apenas com tração às quatro rodas e no nível mais desportivo Sportline.
Em quase todas as versões se pode optar entre uma caixa manual de seis ou uma DSG de dupla embraiagem e sete relações. O 2.0 TDI de 150 também está disponível em 4×4.

Para este primeiro teste escolhi o 1.0 TSI de três cilindros e 110 cv, com caixa manual de seis, que será o mais vendido no nosso mercado. Este motor, como os outros, pertence à mais recente geração de motores do grupo VW, designados Evo.
Muito suave e com força
A resposta a baixos regimes é muito boa, muito suave e com força mais que suficiente para fazer o Karoq avançar com determinação, tanto em cidade como em estrada. A caixa manual é rápida e precisa, aproveitando muito bem os 110 cv disponíveis.
Guiado dentro dos limites, mesmo em autoestrada o 1.0 TSI permite manter ritmos mais do que suficientes para viagens mais longas. E nem o som do tricilíndrico se mostra particularmente alto ou desagradável ao ouvido, mesmo quando se usam as rotações mais altas.

Em estradas secundárias com muitas curvas, e a Skoda encontrou algumas bem interessantes na região para fazer o “roadbook”, a suspensão mantém uma estabilidade e precisão muito boa. A frente não entra em subviragem facilmente e a tração à frente está sempre presente.
A suspensão e os pneus conseguem ainda um compromisso muito bom, sem passar vibrações em excesso para o habitáculo, mesmo em pisos de pioro qualidade.

O Karoq é o terceiro Skoda mais vendido, sendo batido apenas pelo líder Octavia e pelo Kamiq. Desde 2017, quando foi lançado, já vendeu 500 000 unidades e contribui para os 50% de SUV que a Skoda vende neste momento.
Conclusão
Este restyling veio trazer algumas evoluções julgadas necessárias ao Karoq e transformou-o num produto ainda mais competitivo. A Portugal só deverá chegar em Setembro, mas duvido que seja recebido com grande euforia. A Skoda não tem no nosso país a imagem que merece, nem os preços de que precisa num mercado como o nosso.
Francisco Mota
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