A Peugeot estreia um novo sistema “mild hybrid” que será usado na generalidade dos modelos do segmento B e C da Stellantis. Tem por base o motor 1.2 PureTech, muito transformado, e resulta num funcionamento acima de um “mild hybrid” comum. Descubra tudo em mais um Primeiro Teste TARGA 67, com condução de Francisco Mota.
Há “micro-hybrid”, “mild-hybrid”, “full hybrid” e “plug-in hybrid” mas a Peugeot e a Stellantis conseguiram criar um novo conceito híbrido, para o qual ainda não há um nome definido. Na base, é um “mild-hybrid”, mas faz muito mais que o normal neste tipo de sistemas híbridos ligeiros. Por mim, chamo-lhe “mild hybrid plus” ou MHEV+ a ver se pega…

Para ser honesto, a primeira marca na qual guiei um sistema deste tipo foi também da Stellantis, a Alfa Romeo e o seu Tonale 1.5 Hybrid que utiliza o mesmo conceito. Mas, além do conceito, nada é comum entre essa versão do Tonale e o novo 3008 (e 5008) Hybrid 48V.
Sem sinergias
O projeto do Tonale começou antes da formação da Stellantis e partilha a plataforma e a mecânica com o Jeep Compass, ambas marcas da então FCA.

A fusão com a PSA não chegou a tempo de aplicar sinergias neste caso. Por isso há dois sistemas de conceito semelhante no grupo, mas que não partilham componentes relevantes entre si.
Uma solução de futuro
O Hybrid 48V agora estreado pela Peugeot será aplicado na generalidade dos modelos dos segmentos B e C do grupo num futuro próximo, daí ter uma importância muito grande para a redução de emissões poluentes nos modelos das marcas que fazem parte deste gigante industrial.

É a preparação do grupo para as normas anti-poluição Euro 7 e chamo-lhe MHEV+ porque, ao contrário da maioria destes sistemas, o da Stellantis é capaz de fazer rolar o 3008 que testei em modo 100% elétrico.
Acontece durante pouco tempo seguido e a baixa velocidade, mas com alguma frequência. A marca afirma que, em cidade, o sistema é capaz de rodar com o motor a gasolina desligado durante 50% do tempo de condução.
Motor 1.2 modificado
O motor a gasolina é o conhecido tricilíndrico 1.2 PureTech, mas com as alterações necessárias para funcionar no ciclo Miller. Ou seja, tem uma distribuição nova, com válvulas atuadas por “martelos”, em vez de “touches” e árvores de cames comandadas por corrente, em vez de correia.

Tem também um turbocompressor de geometria variável. A este motor 1.2 está agregado um motor/gerador de 2 kW para fazer o arranque do motor a gasolina, desde parado ou em andamento mas que também pode gerar energia elétrica.
A grande diferença
A diferença, para a maioria dos MHEV, é a existência de um segundo motor elétrico de 21 kW, incorporado numa nova caixa de velocidades de dupla embraiagem e seis relações.

Este motor tem por missão principal ajudar o motor 1.2 a baixos regimes, compensando o tempo de resposta do turbocompressor para resultar numa resposta “cheia” e linear.
Também faz “boost”
Pode também substituir por completo o motor a gasolina, em situações de baixa aceleração, funcionando até um máximo de 145 km/h e fornece um acréscimo (boost) de 12 cv, em recuperações abaixo dessa velocidade. A partir daí, deixa de ser eficiente a sua utilização.

A bateria de 0,89 kWh (0,432 úteis) está colocada sob o banco do condutor. O acréscimo de peso de todo o sistema híbrido é de apenas 75 kg, a aceleração 0-100 km/h é de 10,0 segundos.
Ao volante
Em circuito urbano, ficou clara a suavidade do sistema em quase todas as situações. Apenas se nota alguma hesitação da caixa quando tem que fazer uma redução logo após a entrada em funcionamento do motor a gasolina, algo que foi reconhecido pelos técnicos como uma limitação natural do sistema, pois as duas ações têm que ser feitas uma da cada vez.

Também se nota o ruído de funcionamento do comando da caixa, mas só com o rádio e a climatização desligados. Em estrada, o 3008 Hybrid 48V sente-se leve e ágil, com os 136 cv combinados, mais 6 cv que o mesmo motor sem hibridização, a mostrar uma boa resposta a solicitações mais exigentes.
Dinâmica ágil
A dinâmica está bem equilibrada entre precisão e conforto, com um pouco de prioridade à primeira, o que agradará a um certo tipo de condutores. A caixa de dupla embraiagem tem uma resposta aceitável, usando as patilhas fixas à coluna de direção, que pareceram curtas.

A regeneração na desaceleração é suficiente, não é mais intensa porque a capacidade da bateria não comportaria mais carga.
Também aqui, será necessário um teste mais prolongado e com um tipo de condução mais homogéneo, para tirar conclusões em relação aos consumos.

A Peugeot anuncia uma redução de até 15% e um consumo combinado de 5,6 l/100 km. O início das vendas será depois do Verão, com preços ainda não anunciados.
Conclusão
Neste Primeiro Teste, o novo sistema Hybrid 48V estreado na Peugeot mostrou méritos a vários níveis, sobretudo na condução em cidade. E mostra como um conceito mais simples que um “full hybrid” tem o seu lugar na oferta atual de mecânicas híbridas, seguramente com custos de produção mais baixos.
Francisco Mota
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