Por fora, o Opel Mokka pouco mudou, pois o seu estilo continua perfeitamente atual. Mas a edição de 2025 recebeu algumas melhorias importantes, explicadas em mais um Primeiro Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota.

Esta segunda geração do Opel Mokka foi lançada em 2021, em plena pandemia Covid-19 e sofreu muito com esse desafortunado “timing”, sabendo-se a importância que tem o início de carreira de qualquer novo modelo. Três anos depois, a Opel decide atualizar o Mokka, o seu segundo modelo mais vendido na Europa.
Visual não muda
Desenhado pela equipa chefiada por Mark Adams, já um histórico da Opel, responsável pela radical mudança de visual da marca alemã, de que o Mokka foi o pioneiro, a verdade é que o modelo tem resistido muito bem ao passar dos anos e ao surgimento de cada vez mais concorrentes, no ultra disputado segmento dos B-SUV.



Produzido na fábrica da Stellantis em Poissy, França, na mesma linha de montagem do DS 3, o Opel Mokka partilha a plataforma CMP, a mais usada pelo grupo. Apesar de a maioria dos componentes que mais contribuem para o custo final ser o mesmo em todos os modelos da Stellantis que usam esta base, o Mokka não é confundível com qualquer deles. Tem um estilo muito próprio, com algo de SUV-Coupé na linha do tejadilho, (com apenas 1,53 m de altura) e na inclinação do portão traseiro. A pintura em dois tons faz parte integrante do perfil do modelo e a frente negra “vizor” dá-lhe um ar algo misterioso, mais ainda porque o “blitz”, símbolo da marca com o famoso círculo com o raio ao meio, também é pintado a preto, tendo recebido um novo grafismo.
Fora com os cromados
Nada disto foi substancialmente mudado, os faróis de dia recebem uma nova assinatura luminosa, as jantes têm um novo desenho. Além disso, há aplicações em plástico pintado de preto nas cavas das rodas, nos redesenhados para-choques e na zona inferior das portas. Os cromados foram totalmente banidos. As luzes de trás também têm uma tecnologia de LED nova, mas sem mudar o formato exterior. Poucas mudanças, porque não precisava de mais.




As maiores alterações estão no habitáculo, com um novo volante, plano em baixo e achatado em cima, consola central redesenhada e com menos botões físicos, novo ecrã tátil de 10” com novo software que inclui reconhecimento de voz natural, câmara de visão traseira de 180 graus, ChatGPT e atualização à distância de mapas da navegação.
Motorizações
Quanto às motorizações, disponibilidade da versão 100% elétrica de 156 cv e 260 Nm, com bateria de 54 kWh e autonomia anunciada de 403 km. Velocidade máxima de 150 km/h e aceleração 0-100 km/h em 9,0 segundos (35 515€). Também disponível uma nova versão “mild hybrid” de 48V que usa um motor a gasolina turbocomprimido de três cilindros e 1,2 litros, com 136 cv e 320 Nm (27 465€). Anuncia 209 km/h de velocidade máxima e aceleração 0-100 km/h em 8,2 segundos. Na entrada de gama, uma versão sem sistema híbrido do mesmo motor 1.2 turbo com 130 cv e caixa automática de oito relações ou de 136 cv e caixa manual de seis relações (23 965€), ambos com 320 Nm de binário máximo. Velocidade máxima de 208 km/h e aceleração 0-100 km/h de 8,9 segundos.




Para este Primeiro Teste, a Opel disponibilizou o Mokka Electric de 156 cv e o Mokka mild hybrid de 136 cv. Comecei pelo primeiro, que já estava disponível na gama Mokka antes desta atualização, e que conheço bem de vários outros B-SUV da Stellantis que o usam. Tem três modos de condução (Eco/Normal/Sport) com três mapas de acelerador que variam a sua sensibilidade e a potência máxima disponível até ao primeiro batente do acelerador. Carregando a fundo com o pé direito, todos debitam os 136 cv máximos. Em zona urbanizada, o modo Eco mostrou-se mais do que suficiente para uma condução despreocupada. O pedal de travão é fácil de dosear e existe um botão para a função “B” que aumenta a retenção quando se desacelera e que está muito bem calibrado, ajudando a perder velocidade, sem ser demasiado intenso.

A direção tem uma assistência justa, em todos os modos e a suspensão e pneus conferem um bom conforto, mesmo sobre bandas sonoras. Em autoestrada e passando ao modo normal, o Mokka E é muito estável, com poucas oscilações verticais e limitada inclinação lateral, tal como preferem os condutores alemães nas suas “autobahn”. Pouco ruído de rolamento e aerodinâmico e quase nenhum do motor elétrico montado na frente que puxa as rodas dianteiras. Finalmente, uma estrada com algumas curvas serviu para confirmar que o Mokka justifica, numa condução mais empenhada, o seu visual desportivo. Preciso e rápido a entrar em curva, deixa a subviragem só para os exageros e controla bem os 1615 kg de peso nos encadeados de curvas. Agilidade é a palavra que melhor o descreve.
Mild Hybrid
Depois, passei para a novidade da gama, o mild hybrid de 136 cv. A baixa velocidade, o motor elétrico de 21 cv, montado na caixa de dupla embraiagem de seis relações, é capaz de mover sozinho o Mokka durante alguns metros. Não são muitos, mas a rapidez com que carrega a pequena bateria híbrida permite-lhe repetir a dose com frequência, em trânsito citadino. A retenção em desaceleração é obviamente muito menor que no 100% eléctrico, mas, com alguma atenção, consegue sentir-se. Tal como no Mokka E, a posição de condução não é demasiado alta e o novo volante não complica a tarefa de o utilizar, nem mesmo em manobras. O painel de instrumentos é fácil de ler, pois não tem excesso de informação e o novo monitor central tátil pareceu relativamente lógico. Mas precisarei de mais tempo com o Mokka para tirar mais conclusões. Uma que já ficou registada foi a lentidão e dimensões pequenas do comando da transmissão, que é comum a muitos modelos do grupo. De resto, esta versão “mild hybrid” sente-se claramente mais leve que o Mokka E, o que lhe aumenta a agilidade em traçados sinuosos, tanto mais que o comando da caixa através de patilhas no volante, suficientemente rápidas e obedientes, ajuda ao envolvimento na condução. Curiosamente, o “mild hybrid” não pareceu tão confortável como o Mokka E.



De resto, o Mokka mantém um habitáculo bem construído, agora com tecidos que têm todos uma percentagem de material reciclado. O espaço na segunda fila não é dos melhores do segmento, sobretudo em altura e a mala tem 350 litros de capacidade. A verificação de consumos e autonomias terá de ficar para um teste mais prolongado nas estradas em que são feitos todos os testes de consumos no TARGA 67.
Conclusão
A Opel não “inventou” com esta atualização do Mokka, que nem se pode chamar um restyling. Enriqueceu os conteúdos, nomeadamente ao nível do infotainment, agora com software da Qualcomm e adicionou uma versão “mild hybrid”, seguindo a tendência do mercado neste momento e para se adaptar às novas normas de emissões poluentes. Mais importante talvez seja que esta operação serve também como deixa para o marketing voltar a falar do Mokka, um produto muito válido no disputado segmento dos B-SUV.
Opel Mokka
Potência: 136 cv (Hybrid)/156 cv (Electric)
Preço: 27 465€ /Hybrid)/ 35 515€ (Electric)
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