O Mazda 2 1.5 Hybrid recebeu um ligeiro restyling, acompanhando as evoluções introduzidas no seu irmão gémeo, o Toyota Yaris Hybrid. Alterações no interior e um desenho da frente que se afasta mais do Yaris. Tudo explicado em mais um Primeiro Teste no TARGA 67, assinado por Francisco Mota.
Não é segredo para ninguém, nem a Mazda o tenta esconder: o Mazda 2 1.5 Hybrid mais não é do que um Toyota Yaris 1.5 Hybrid com os símbolos trocados e ligeiros retoques nos para-choques. Não são parecidos, é o mesmo carro.
Os admiradores da história da Mazda e das suas famosas idiossincrasias talvez torçam o nariz a este Mazda/Toyota, mas a verdade é que a marca de Horoshima precisava de um modelo que fizesse baixar a média de CO2 da sua gama europeia. Isto já vem de 2022.

Foi esta a razão para a Toyota, que detém 5% das ações da Mazda, dar uma ajuda aos seus conterrâneos no hiper-regulamentado mercado europeu. Uma razão que se mantém agora que o Yaris Hybrid foi evoluído. Sendo feitos na mesma fábrica em França, não seria rentável manter a versão anterior só para a Mazda.
Há 2 Mazda 2
É também a razão para que, na gama Mazda, existam dois modelos com o nome 2. Este gémeo do Yaris Hybrid e o 2 a gasolina, que também recebeu atualizações há pouco tempo e que já foi testado aqui no TARGA 67, basta seguir o link no fim do texto para ficar a saber tudo sobre o 2 original.

No mercado aberto, este 2 Hybrid não vai ser a alternativa mais barata ao Yaris Hybrid. Até porque, como o negócio está montado, a Mazda não tem interveção na produção, limitando-se a comprar os 2 Hybrid à saída da fárica da Toyota para depois os comercializar. O preço da versão menos equipada em Portugal é de 26 126 euros, ainda assim uma descida de 500 euros face ao modelo anterior. O Yaris 1.5 Hybrid mais barato custa 27 750 euros, mas o equipamento de série não é totalmente igual.
Quem o compra
Os alvos deste 2 Hybrid são sobretudo clientes da Mazda, que não o querem deixar de ser e encontram neste modelo a resposta à procura, cada vez maior, por modelos híbridos. Só em Portugal, o 2 Hybrid representa 22,5% das vendas e a marca espera duplicar as vendas este ano.
Sendo um produto de uma marca japonesa, mantém o mesmo tipo de atributos que o comprador de modelos nipónicos valoriza. A garantia é de 6 anos ou 150 000 km.

Para quem não conhece o Yaris Hybrid ou, pelo menos, não conhece a última evolução, lançada há poucas semanas, aqui ficam então as minhas impressões de condução, registadas num percurso de teste perto de Barcelona, incluindo uma parte de cidade, outra de autoestrada e no fim uma estrada de montanha particularmente desafiante.
Estilo mais Mazda
No estilo, fica óbvio que houve uma preocupação em distinguir o 2 Hybrid um pouco mais do Yaris Hybrid, com a grelha de 5 vértices da Mazda e os para-choques diferentes dos anteriores e dos atuais do Toyota. Até o símbolo da Mazda parece melhor integrado. Quanto ao resto, as diferenças ficam-se pelos logótipos.
O desenho continua perfeitamente atual, estando a resistir muito bem ao passar do tempo, o que nem sempre acontece com alguns modelos de marcas japonesas. A ampliação da gama de cores disponíveis e do desenho e cores de jantes, ajuda.
Novidades por dentro
Por dentro, a primeira impressão vem da boa mistura de materiais, entre os macios ao toque e os mais duros, mas de aspeto mais que aceitável para o segmento. O painel de instrumentos digital é o mais recente usado pela Toyota. Tem demasiada informação e nem toda de acesso fácil.

O ecrã tátil central também é novo e relativamente simples de usar, incluindo Apple Carplay e Android Auto. Continua a existir um módulo separado no meio da consola para a climatização, o que é sempre de elogiar. Mais abaixo há uma placa para carregamento indutivo do smartphone e botões físicos para os modos de condução e modo EV.
Ao volante
A posição de condução é muito boa, com o volante a ter a inclinação certa e ajustes suficientes. O banco é confortável e tem apoio lateral razoável, também com bom ajuste em altura. A visibilidade para trás não é excelente.
O espaço na frente é aceitável para o segmento, mas nos lugares de trás está longe dos melhores utilitários. A mala tem 286 litros de capacidade.
O sistema híbrido
O sistema “full hyrid” mantém a mesma arquitetura, com um motor atmosférico a gasolina com três cilindros e 91 cv. Depois há um motor/gerador elétrico de 80 cv que ajuda o motor a gasolina a chegar aos 116 cv combinados, fazendo parte da regeneração.

Um terceiro motor/gerador elétrico, menos potente, faz o start/stop e também ajuda na regeneração e mesmo na tração. Tudo conjugado por uma transmissão de variação contínua que utiliza um trem epicicloidal. Aqui, nada de novo.
Em marcha
Motor em marcha e, na verdade, apenas o motor elétrico é usado para fazer arrancar o 2 Hybrid, desde que a bateria tenha a carga necessária. Em cidade, a bateria é carregada com frequência pela regeneração, o que permite ao sistema circular em modo 100% elétrico durante muitos curtos períodos. Tudo somado, metade do tempo de condução em meio urbano faz-se sem usar o motor a gasolina.

Isto permite obter valores de consumos muito baixos. Neste Primeiro Teste, fiz uma pequena amostragem em cidade e obtive 3,9 l/100 km, usando o modo Eco e a função “B”, que aumenta a retenção na desaceleração. Um valor a confirmar num teste mais completo.
Muito civilizado
Em condução urbana, o motor a gasolina nunca precisa de subir muito o regime mantendo a condução muito suave e bem insonorizada. A direção está bem assistida e o pedal de travão não levanta problemas em termos de doseamento.

O conforto é de bom nível, só nas bandas sonoras mais severas a suspensão traseira de barra de torção gera um pouco mais de safanões, em parte devidos aos pneus de baixo perfil da unidade testada, com medida 205/45 R17, sobre dimensionados para a potência disponível na versão Homura Plus, que testei.
Eficiente em curva
Em autoestrada, claro que o regime do motor sobe e mantém-se estacionário durante acelerações fortes, deixando a transmissão contínua fazer o seu trabalho. É a maneira mais eficiente de usar o motor, mas não a mais agradável ao ouvido.
Em estradas de montanha, com muitas curvas lentas e médias, o 2 Hybrid mostrou que os pneus desportivos não servem só para o estilo. A tração é perfeita e a resistência à subviragem, no ataque mais decidido às curvas lentas, é muito boa.

A direção é rápida e direta o suficiente e o modo Power aumenta a resposta do acelerador e não deixa o motor descer a regimes baixos rapidamente. A suspensão permite uma condução rápida e precisa, proporcionando até alguma agilidade da traseira, se for provocada pelo condutor.
Mas a potência máxima não é de forma a tornar este 2 Hybrid num desportivo. A aceleração 0-100 km/h anunciada é de 9,7 segundos, apesar de o peso de ficar pelos 1180 Kg.
Conclusão
O 2 1.5 Hybrid continua a ter na circulação urbana o seu habitat natural, onde a sua condução é muito suave e económica. Para quem não se importe demasiado com o estilo, talvez seja aconselhável escolher uma versão com pneus 195/55 R16 e ganhar alguma coisa em conforto. De resto, a comparação direta com o Yaris 1.5 Hybrid não traz diferenças quase nenhumas.
Francisco Mota
Ler também, seguindo o link:
Teste – Mazda 2 1.5 E-Skyactiv G: O ilustre desconhecido