Já está em Portugal o elétrico Hyundai Ioniq 6, na versão de tração atrás e 228 cv. Uma berlina para rivalizar com o Model 3 da Tesla, que aposta forte na aerodinâmica para aumentar a autonomia. Primeiro Teste TARGA 67, muito breve, só para recolher as primeiras impressões deste “irmão” do Ioniq 5, com condução de Francisco Mota.
A moda dos SUV nunca teve na eficiência aerodinâmica uma aliada, pelo contrário. As formas quadradas e as grandes superfícies frontais projetadas vão no sentido de produzir grandes resistências ao avanço, sobretudo na condução em autoestrada.
O que mais sofre com isso são os consumos o que, nos veículos elétricos, se traduz por autonomias menores do que se consegue obter com carroçarias mais baixas e mais eficientes, do ponto de vista aerodinâmico.

Este foi o ponto de partida para o projeto Ioniq 6, além da vontade da Hyundai em colocar no mercado um modelo o mais próximo possível do Tesla Model 3, o fenómeno de vendas conhecido em todo o mundo.
“Irmão” do Ioniq 5
O Ioniq 6 partilha a plataforma E-GMP com o SUV Ioniq 5, bem como toda a parte elétrica, do motor traseiro de 168 kW (228 cv) e 350 Nm, à bateria de iões de Lítio de 77,4 kWh colocada sob o piso.

A Hyundai anuncia uma autonomia de 614 km, em ciclo combinado segundo a norma WLTP, resultado de um consumo combinado de apenas 14,3 kWh/100 km.
Aerodinâmica manda
O segredo para esta relação entre capacidade de bateria e consumo é a aerodinâmica, com a marca a anunciar um baixo Cx de 0,21, bem menor que os 0,288 do Ioniq 5 com o mesmo conjunto motor/bateria.
O resultado é que o Ioniq 5 anuncia um consumo de 17,0 kWh/100 km, que se reflete numa autonomia de 507 km, tudo em ciclo combinado.

Ponto importante, os valores de consumo e autonomia do Ioniq 6 só são conseguidos quando equipado com umas jantes aerodinâmicas de 18”.
Optando pelas jantes mais convencionais de 20”, o consumo sobe aos 16,0 kWh/100 km e a autonomia desce aos 545 km, ainda assim melhores que no Ioniq 5.
O estilo “sofre”
Outros detalhes relevantes para este assunto são os puxadores de portas encastrados e os “flaps” ativos na frente, bem como uma série de outros detalhes que se encontram um pouco por toda a carroçaria, como as entradas das “air curtains”.

Claro que a eficiência aerodinâmica obriga a alguns constrangimentos ao nível do desenho. A Hyundai diz ter recolhido inspiração para a Ioniq 6 no perfil de uma asa de avião, o que obrigou a colocar dois spoilers na traseira, para a manter colada ao chão a velocidades mais altas.
O estilo do Ioniq 6 resulta, no mínimo, original. Mas não tem uma estética que agrade ao primeiro olhar, é preciso estudar-lhe os detalhes para o conseguir apreciar. Os próprios responsáveis da Hyundai estão cientes disso.
Por dentro
Com 4,855 metros de comprimento, o Ioniq 6 tem bastante espaço para as pernas dos passageiros da segunda fila, mas o piso é alto e obriga a levar os joelhos altos e as pernas mal apoiadas no assento. A altura reduzida aconselha a cuidados com a cabeça, quando se entra ou sai.

O interior partilha componentes com o Ioniq 5, nomeadamente o painel de instrumentos, ecrã tátil e os comandos, entre os quais o da transmissão, colocado na coluna de direção, atrás do volante, que resulta pouco prático. Também os botões dos vidros elétricos estão aglomerados na consola central de forma pouco elegante.

A Hyundai diz que utilizou alguns materiais reciclados no interior. Não vou dizer que é essa a razão, mas a verdade é que falta sofisticação aos plásticos duros usados em grande parte dos interiores.
Na estrada
Neste Primeiro Teste, muito curto, guiei o Ioniq 6 de 228 cv e tração atrás numa estrada secundária, a velocidades médias e baixas.
Deu para usar os vários níveis de intensidade de regeneração, que se escolhem nas patilhas fixas ao volante, bem como o modo “i-pedal”, mais intenso e o modo automático, que regula a regeneração em função do trânsito e da estrada: o meu preferido.

A disponibilidade do motor é suficiente, desde baixa velocidade, esta versão de 228 cv não tem na performance a sua prioridade, anunciando uma aceleração 0-100 km/h em 7,4 segundos e 185 km/h de velocidade máxima.
Confortável…
A direção não tem um tato muito detalhado, mas o pedal de travão é fácil de dosear e a suspensão pareceu confortável, se bem que o piso utilizado era maioritariamente muito bom.
Vou ter que deixar uma análise dinâmica e avaliação de consumos para um teste mais prolongado, que já está agendado para o TARGA 67.

De resto, merece destaque o sistema de 800 Volt, que a Hyundai usa nesta plataforma, permitindo carregamentos rápidos até 232 KW em DC. Se encontrar um carregador capaz, vai demorar 18 minutos para levar a bateria dos 10 aos 80%.
Conclusão
A Hyundai colocou o Ioniq 6 à venda em duas versões, a Premium com jantes de 18” a custar 59 390 euros e a Vanguard, com jantes de 20” e mais equipamento, por 64 790 euros. Trata-se de um modelo que tem no estilo original e na eficiência aerodinâmica os seus pontos mais fortes, juntando assim a parte emocional à racional de uma maneira pouco comum.
Francisco Mota
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