Em 2027, toda a produção da Alfa Romeo será de veículos 100% elétricos. Mas, até lá, é preciso cuidar dos modelos que constam do seu catálogo. Por isso o Giulia e o Stelvio receberam ligeiros retoques, para esta fase final do seu ciclo de vida, que fui conhecer num Primeiro Teste TARGA 67.
Para muitos dos célebres “alfistas” ainda deve ser difícil dizer na mesma frase Alfa Romeo e carros 100% elétricos. Mas a rota para a eletrificação está muito bem definida e foi relembrada durante este Primeiro Teste TARGA 67 dos retocados Giulia e Stelvio.
Recordando então o calendário para a eletrificação: a primeira versão 100% elétrica de um modelo atual estará no mercado em 2024 e deverá ser o Tonale a ter a honra de levar a marca para o mundo exclusivo dos eletrões.

Depois, em 2025, será a vez do lançamento do primeiro modelo que só estará disponível com motorização elétrica e em 2027 acabam-se os motores a combustão.
Ou seja, daqui a quatro anos, será impossível comprar um Alfa Romeo novo que não seja um 100% elétrico, um BEV. Uma mudança radical para uma marca com tanta e tão rica história no mundo dos motores a gasolina. Mas é uma realidade que se impõe.
Novos clientes
Por mais que amem a Alfa Romeo e a sua história – e que olhem com ceticismo para a eletrificação – a verdade é que não são os “alfistas” que vão garantir o futuro da marca. Provavelmente nunca foram.

A marca fundada em 1910 precisa de novos clientes, clientes que apreciem os novos produtos por aquilo que eles vão ser e não pelo passado, que foi muitas vezes um fardo difícil de carregar para cada novo modelo lançado. Por melhor que fosse, nunca estava ao nível dos clássicos.
A reta final
Mas enquanto a eletrificação não domina o catálogo, é preciso garantir que os modelos atuais consigam fazer uma despedida da melhor maneira possível. Uma reta final a fundo!
Estes ligeiros retoques no Giulia e Stelvio são tão ligeiros que não chegam a ser um “facelift” é, sobretudo, um pretexto para voltar a falar destes dois modelos que até terminaram o ano de 2022 numa tendência positiva. Segundo a marca, o Giulia foi a berlina Diesel mais vendida do segmento D.

A marca admite que o ponto de comparação, o ano de 2021, é de vendas tão baixas que qualquer subida seria sempre percentualmente significativa. Como marca, a Alfa Romeo subiu 24%, mas é claro que as vendas foram dominadas pelo lançamento do Tonale, que já representa 60% do total.
O que mudou?
Mas afinal o que mudou no Giulia e no Stelvio? Para começar, os faróis passam a ter matriz de LED com três elementos a fazer lembrar o SZ Zagato e as luzes de trás também foram reformuladas no seu interior. A clássica grelha “Trilobo” recebeu um novo acabamento, idêntico ao estreado pelo Tonale.

Por dentro, o painel de instrumentos digital TFT de 12,3” passou a ser semelhante ao usado no Tonale, com três visualizações, mas o ecrã tátil central não foi mudado e continua muito pequeno, para os padrões atuais, mas com atualizações “over the air”.
Os dois modelos passaram a vir equipados com a tecnologia NFT (Non-Fungible Tokens) que permite um registo digital inviolável da vida do carro, incluíndo todas as revisões e reparações feitas na rede oficial, o que potencia o valor residual.
Os mesmos motores
Não há alterações mecânicas, a gama disponibiliza uma versão de base do Diesel 2.2 com 160 cv e tração atrás e duas versões com tração às quatro rodas Q4.

Uma com o mesmo Diesel , mas com 210 cv e outra com o motor 2.0 a gasolina de 280 cv, todos de quatro cilindros e turbocomprimidos. Existe um autoblocante mecânico em opção para as versões Q4 mais potentes e para o RWD. Mais tarde vai voltar o Quadrifoglio.
Há uma nova App para comando de algumas funções à distância, maior conetividade e evolução nas ajudas eletrónicas à condução.
Base continua competente
De resto, o Stelvio e o Giulia continuam a oferecer aquilo que se conhece de bom da plataforma Giorgio. Estilo inconfundível, ambiente do habitáculo muito italiano e uma experiência de condução realmente desportiva.

Isso mesmo tive oportunidade de revisitar num trajeto em montanha, perto de Madrid ao volante do Stelvio Q4 AWD a gasolina de 280 cv. Piso molhado, alerta de nevões na rádio mas estrada ainda limpa e sem trânsito.
Um gozo de guiar
A distribuição de pesos de 50% por eixo fica bem patente na maneira como o Stelvio distribui os esforços pelas quatro rodas e como negoceia as curvas de forma eficiente.
A suspensão de braços sobrepostos à frente permite uma excelente rapidez na entrada em curva, bem ajudada por uma direção muito direta, que pareceu melhor calibrada do que em unidades que guiei no passado.

A suspensão traseira multibraço controla muito bem os movimentos da traseira, quando se pede um pouco mais ao sistema de tração às quatro rodas, capaz de entregar binário suficiente às rodas de trás para fazer rodar o Stelvio nas curvas em que o condutor desejar.
Claro que o tato da suspensão é um pouco firme, mas não em excesso, não sacode os ocupantes de forma violeta quando o piso piora, sabe processar o asfalto irregular. Informa, mas não incomoda.
Motor mais que suficiente
A resposta do motor a gasolina de 280 cv pode ser regulada no comando rotativo ADN, desde a primeira posição, mais lenta e indicada para pisos escorregadios e para condução económica, passando pelo modo normal, que serve para quase tudo e chegando ao modo D, que é sem dúvida o mais emocionante

É neste modo que vale mesmo a pena passar a alavanca da caixa automática de oito relações para a posição manual e usar as grandes patilhas metálicas fixas à coluna da direção, não ao volante. A sua atuação é muito rápida e decidida, seja a subir ou a descer, acrescentando maior controlo à condução.
Conclusão
Os preços do Giulia começam nos 53 350 euros e os dos Stelvio nos 62 150 euros, ambos para as versões Diesel de 160 cv e tração atrás. A gama inclui versões Super, Sprint, Ti e Veloce, além de uma nova versão especial Competizione, que acrescenta jantes maiores, suspensão de amortecimento variável e sistema de som Harman-Kardon à versão Veloce. Se o Giulia ou o Stelvio sempre estiveram na sua lista de carros que gostaria de ter, esta é a sua última oportunidade. Estão à venda a partir de Abril.
Francisco Mota
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