A Toyota vai fabricar em Portugal um veículo elétrico para os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris. O APM tem como missão transportar atletas dentro do recinto, mas poderá ser o princípio de uma nova categoria de meios de transporte elétricos de curta distância.
A fábrica de Ovar da Salvador Caetano foi a escolhida para fabricar o APM, um veículo elétrico concebido no centro de desenvolvimento da marca na Bélgica, para ser utilizado nos próximos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris em 2024.
O APM (Acessible People Mover) terá como missão transportar atletas dentro do recinto dos JO, em particular atletas com deficiência para as provas dos Jogos Paralímpicos. Contudo, durante o período do evento, terá uma matrícula para poder ser movido pelos seus próprios meios nas vias públicas.
Devido às suas necessidades específicas em termos de dimensões, para poder transportar facilmente uma cadeira de rodas e ainda mais quatro ocupantes, o APM excede as normas dos quadriciclos com motor.
Doados a Paris
Mas a intenção da Toyota é mostrar às autoridades francesas que um veículo deste tipo poderá ser muito útil em deslocações curtas, justificando um novo tipo de homologação.
Para incentivar a que isso aconteça, após os JO, a Toyota vai doar as 250 unidades do APM usadas nos JO à edilidade de Paris, para que sejam utilizados em locais de perímetro limitado, proporcionando mobilidade de curta distância a indivíduos com mobilidade reduzida. A exemplo do que aconteceu nos JO de Tóquio.
Made in Portugal
Portugal e a fábrica da Salvador Caetano em Ovar foram escolhidos para garantir a produção dos APM, devido à grande flexibilidade da fábrica e dos seus trabalhadores. E também porque existe em Portugal um bom “know-how” sobre construção de estruturas tubulares, como é a que constitui o APM.
Este veículo para os JO de 2024 em Paris, é uma evolução do utilizado pela Toyota nos JO de Tóquio em 2020. Além do estilo, que é diferente, também outras evoluções foram feitas, por exemplo ao nível das dimensões.
A maior distância entre-eixos facilita o transporte de uma cadeira de rodas, enquanto que a rampa de acesso em alumínio, que tem de ser operada pelos voluntários no local, é agora mais leve, para lhes facilitar a tarefa.
Muito versátil
Há três filas de bancos, para quando não é preciso transportar cadeira de rodas. A fila do meio é virada para trás e os bancos são rebatíveis, libertando um espaço onde podem ser transportados outros objetos. As dimensões são suficientes para uma euro palete. O APM poderá ser usado também em casos de emergência.
Ao contrário da versão de Tóquio, que tinha a posição de condução central, esta versão europeia tem volante à esquerda para permitir transportar mais um passageiro. Todos os lugares têm agora cinto de segurança.
Volante do Aygo X
A visibilidade para a frente foi melhorada, com uma frente mais curta e vidro mais alto. Há uma cortina no lugar do vidro traseiro, para proteção contra o Sol e cortinas de plástico laterais recolhíveis, para proteger da chuva.
Alguns componentes interiores são oriundos de modelos da Toyota, como o volante do Aygo X e os bancos, que recebem um forro decorado com traços que fazem lembrar as ruas de Paris. As formas do tejadilho de plástico aludem à pirâmide do Louvre.
100 km de autonomia
O tejadilho é agora mais alto e tem uma zona pintada em verde fluorescente, que se estende aos pilares, para melhor visibilidade pelos utilizadores.
Em termos mecânicos, o APM tem um motor elétrico dianteiro e tração às rodas da frente, atingindo os 20 km/h de velocidade máxima. A bateria tem 100 km de autonomia e carrega em 5h00 numa tomada de 220 Volt. Quanto às dimensões, são 3731mm de comprimento, 1657 mm de largura e 1970 mm de altura.
A Salvador Caetano construiu uma linha de montagem para a produção do APM, tendo recebido uma comitiva de engenheiros japoneses, com a missão de ajudar a fazer arrancar o projeto, o que está marcado para Fevereiro de 2024.
Toyota nos JO
Segundo a Toyota, o APM não tem intuitos de promoção da marca, nem dos seus produtos elétricos. O APM não vai aparecer nas transmissões televisivas, fazendo o seu papel nos bastidores, a favor da inclusividade. Outros pequenos veículos, como reboques de cadeiras de rodas também vão ser fornecidos pela Toyota.
No total, a marca japonesa vai fornecer 2650 veículos eletrificados à organização dos JO, entre os quais 700 são para curtas distâncias, conhecidos como “last mile”. Mas também Mirai e Proace elétricos.
Conclusão
Com este projeto, a Salvador Caetano dá mais um passo no sentido da produção de veículos elétricos, juntando-se o APM aos autocarros “fuel cell”. Nada foi anunciado em relação ao futuro, mas poderá ser o início de outros projetos deste tipo, o que seria uma excelente notícia.
Francisco Mota
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