Pode parecer uma ideia bizarra: fazer um monovolume de luxo com fisionomia de furgão, mas estrutura de SUV. O Lexus LM não tem rivais no mercado, mas talvez tenha descoberto um novo mercado, como pode ler no Targa 67 num primeiro contato do Francisco Mota.
Desta vez não foi mais um Primeiro Teste, nem um Hoje Guiei Um. Isso ficará para mais tarde. Para já foi um primeiro contato com um modelo que não tem rivais diretos no mercado, neste momento.
O Lexus LM 350h tem que ser considerado um monovolume, pelo seu perfil geral e pelo interior de piso plano, alto e que pode levar até sete lugares. Mas o aspeto exterior é mais próximo de um furgão de passageiros, numa versão super luxuosa.
Na verdade, o LM é um pouco a mistura dos dois, mas com o objetivo de apanhar o segmento das berlinas de luxo, que estão a ser cada vez menos compradas. A ideia será proporcionar, com o LM, uma alternativa à berlina LS.
Se a troca lhe parece improvável, fique a saber que já foram encomendados 600 unidade do LM na Europa, quatro das quais devem vir para clientes portugueses.
Plataforma GA-K
A grande diferença entre o LM e as versões de luxo de furgões de passageiros é que este Lexus partilha a plataforma GA-K com outros modelos de passageiros como os SUV NX e o RX; enquanto os furgões são feitos com base em veículos comerciais, portanto com requinte mais superficial.
No caso do LM, o requinte começa na suspensão independente atrás, variável adaptativa, que controla a postura na travagem e aceleração, para evitar as oscilações longitudinais.
Tem interligação eletrónica entre os amortecedores da frente e os de trás. Quando os primeiros passam sobre um obstáculo, é recolhida informação que é usada para ajustar os de trás de forma a atingirem o maior conforto possível, quando passarem por cima do mesmo obstáculo.
Full Hybrid
Claro que o conforto é a prioridade suprema do LM, mas a dinâmica beneficia de uma plataforma feita a pensar em carros premium de passageiros, com muito mais rigidez, insonorização e competência dinâmica que um furgão, por mais luxuosa que seja a conversão.
Só está disponível uma versão, a 350h, um “full hybrid” que utiliza um motor a gasolina 2.5 atmosférico de quatro cilindros e ciclo Atkinson com 190 cv e 239 Nm.
Depois, há dois motores elétricos, um está agregado ao motor a gasolina dianteiro, com 182 cv e 270 Nm. O segundo está no eixo de trás, tem 54 cv, 121 Nm e garante a tração às quatro rodas.
Além disso, há um trem epicicloidal que gere todos os fluxos de energia numa transmissão de variação contínua e uma pequena bateria de Níquel, o normal na marca.
A potência máxima combinada é de 250 cv, a aceleração 0-100 km/h é feita em 8,7 segundos, a velocidade máxima atinge os 190 km/h e o consumo misto é de 7,0 litros/100 km. O peso é de, pelo menos, 2345 kg.
Primeira classe
O painel de instrumentos, volante, consola e ecrã tátil central são partilhados com o RX, como seria de esperar, incluindo ainda o comando da transmissão e outros comandos secundários. Mas a prioridade vai toda para os lugares de trás.
Há duas versões do LM, uma com sete lugares, onde a prioridade do conforto vai para a fila central de dois lugares e uma versão de apenas quatro lugares. Esta é a mais impressionante.
Atrás, tem só dois bancos que mais parecem os usados pelas companhias áreas de topo na primeira classe dos vôos de longo curso, incluindo uma mesa que se dobra para dentro dos apoios de braços.
Claro que as regulações do banco são muito completas e muito amplas, podendo ser feitas através de dois mini-tablets, um para cada banco, ou através de uma consola no tejadilho.
Cancelamento de ruído
Espaço é coisa que não falta nesta segunda fila, que está separada da fila da frente através de uma divisória que pode ser escurecida, tal como os vidros laterais.
Mas a grande atração é mesmo o gigantesco ecrã de 48 polegadas, que pode passar filmes, vídeo, ligação internet ou mesmo ligar dois computadores portáteis em simultâneo.
Este sistema beneficia de outro sistema, o de som desenvolvido em colaboração com a Mark Levinson, como é hábito na Lexus e que inclui uma evoluída função de cancelamento de ruído.
Segundo a Lexus, o sistema foi desenvolvido até um ponto de tanta eficácia, que acabou por gerar um ambiente demasiado silencioso, que se tornava desagradável.
Por isso foi deixado entrar parte do som gerado pela deslocação do ar em redor da carroçaria, o que dá a sensação de velocidade. A aerodinâmica ajuda, pois o LM tem um Cx de 0,333, bom para um veículo de 1945 mm de altura e 1890 mm de largura.
Estilo polémico…
Outra das vantagens de usar uma plataforma de carro de passageiros é ter disponíveis todas as ajudas eletrónicas à condução e os sistemas de segurança passiva, coisa que num derivado de um comercial é mais improvável.
Falando do exterior, o LM tem no desenho da frente, com a sua enorme grelha, o ponto de maior polémica, sendo uma opção da Lexus para marcar bem a presença do modelo na estrada. Não quer ser confundido com os outros, isso é certo. Os 5130 mm de comprimento ficam abaixo dos 5240 mm da berlina LS.
Conclusão
As primeiras entregas do LM vão acontecer no final deste ano, com preços que podem ser uma surpresa para alguns: a versão de sete lugares custa 143 850 euros e a versão, mais luxuosa, de quatro lugares é vendida por 170 500 euros, valores ao nível das berlinas de luxo, com as quais o Lexus LM quer rivalizar.
Francisco Mota
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