Assim que o Arkana da Renault foi lançado e começou a conquistar compradores, a Citroën não teve dúvidas em acelerar o projeto C4 X. E o resultado é mais do que apenas um C4 com quatro portas e três volumes.
O Arkana trouxe o perfil dos SUV coupé para o segmento C, nas marcas generalistas e os clientes gostaram tanto da ideia que rapidamente se formaram listas de espera. Do lado da Citroën, os concessionários da marca estavam atentos e pediram à casa mãe para fazer um rival.
O projeto do C4 X já estava em marcha, mas a Citroën conseguiu dar-lhe uma aceleração para o ter no mercado ainda no final deste ano. Mas o mais interessante é a maneira como a imagem do modelo se reposicionou.
Originalmente, esta seria apenas a versão de quatro portas e três volumes do C4, como já aconteceu no passado e tendo a Turquia como um dos seus mercados prioritários, onde este tipo de versões têm sucesso, não foi preciso muito para o tornar em algo mais abrangente.
Uma boa base de trabalho
O C4 já fornecia uma base de partida boa, para fazer um rival do Arkana. O visual de suspensão alta e rodas grandes já dava ao modelo de cinco portas uma aparência crossover.
Manter a mesma distância entre-eixos era um imperativo do projeto, mas aumentar o vão traseiro o máximo possível acabou por ser parte da solução, fazendo crescer o comprimento em 24 cm. Contudo, o mais importante foi mesmo o desenho “fastback” da traseira que dá ao C4 X um perfil de crossover coupé.
Claro que não é tão alto como o Arkana, que tem mais 4,0 cm de altura, mas o resultado final encaixa-se perfeitamente na silhueta pretendida, sem perder nada da funcionalidade de um quatro portas, com uma generosa mala de 510 litros de capacidade, contra os 380 litros do C4 normal e os 513 litros do Arkana.
Estilo bem resolvido
Para já, apenas o pude apreciar parado, num armazém em Copenhaga que a Citroën escolheu para mostrar o C4 X, num evento em simultâneo com Istambul. E as primeiras impressões são positivas.
O gabinete de estilo da Citroën soube resolver muito bem a questão, propondo um coupé de quatro portas com suspensão de crossover. Mais uma tentativa da Stellantis de colocar no mercado uma alternativa aos SUV típicos, depois do C5 X e do 408.
O mesmo espaço a bordo
Se os lugares da frente são semelhantes aos do C4, na segunda fila o espaço para as pernas é também o mesmo, mas as costas do banco foram inclinadas em 27 graus, para dar espaço em altura, compensando a menor altura do tejadilho. Claro que a entrada e saída são um pouco mais difíceis.
As mais recentes evoluções dos últimos modelos da marca estão todas presentes, sejam os auxílios eletrónicos à condução, as soluções de conetividade e até os renovados bancos Advanced Comfort, agora mais resistentes ao envelhecimento.
Mecânica não muda
Em termos mecânicos, não há alterações de relevo face ao C4, mantendo-se a suspensão com barra de torção atrás e os amortecedores macios, com batentes hidráulicos progressivos duplos. A plataforma é a CMP, projetada inicialmente para modelos do segmento B, como o Peugeot 208.
A gama tem motores a gasolina e Diesel, mas, para Portugal, apenas a versão elétrica ë-C4 X estará disponível. A razão começa a perceber-se quando a marca afirma que o elétrico já representa, na gama C4, entre 40 a 50% das vendas. O mesmo se vai passar em 14 países da Europa.
Se acha estranho não existir uma versão híbrida, a Citroën afirma que não tem procura para uma versão dessas no C4, mas a verdade é que a plataforma CMP também não está preparada para isso.
O mesmo motor elétrico
A motorização elétrica é a mesma do ë-C4, ou seja, um motor elétrico de 100 kW (136 cv) e 260 Nm, montado na frente e propulsionando as rodas dianteiras através de uma transmissão de uma relação. Tem três modos de condução: Eco/Normal/Sport.
A aceleração 0-100 km/h anunciada é de 9,5 segundos e a velocidade máxima está limitada aos 150 km/h, para poupar a bateria.
A bateria é também a mesma de 50 kWh, colocada em “H” sob os bancos da frente e de trás. A autonomia anunciada, segundo a norma WLTP, é de 360 km e pode ser carregada a 100 kW DC, demorando 30 minutos para ir dos 0 aos 80% de carga.
Fabricado em Espanha
O C4 X é fabricado em Espanha e tem a França e a Turquia como os seus principais mercados, também será vendido em mercados fora da Europa, mas não na China.
O ë-C4 é o líder na Europa entre os cinco portas elétricos do segmento C, segundo dados acumulados até Abril de 2022. A gama C4 vendeu em 2021 cerca de 76 000 unidades, o equivalente a 9,5% do total das vendas da Citroën, que atingiu as 796 868 unidades em 2021.
Conclusão
Sem apontar uma marca rival direta, a Citroën continua a evoluir no seu posicionamento, com modelos que tentam ser diferentes da maioria, seguindo assim a sua herança. E oferecendo bons negócios aos compradores. O preço deste ë-C4 X ainda não foi anunciado, mas não se espera que seja muito diferente do ë-C4.
Francisco Mota
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