









Nos próximos dois a três anos, a gama da Audi será completamente diferente da que conhecemos hoje e, nessa altura, o novo Q6 e-tron vai ser lembrado como o modelo que deu início a uma revolução sem precedentes ns Audi, que se vai tornar numa marca de modelos exclusivamente elétricos em 2033. Mas em Portugal, foi anunciado que isso acontecerá três anos mais cedo, logo em 2030, daqui a seis anos.
As mudanças são bem vindas na Audi, não só porque alguns dos modelos mais importantes estão a envelhecer, mas também porque as vendas estão a cair. De janeiro a junho deste ano, a Audi desceu 8,2% nos EUA e 8,1% na Europa. A boa notícia é que as vendas dos modelos elétricos subiram 1,3%, não é muito, mas é um sinal positivo, quando muitos “comentadores” andam já a proclamar o “falhanço” dos elétricos.

Em Portugal, no ranking das vendas de elétricos, a Audi está no oitavo lugar, mas subiu 9%. As razões são fáceis de perceber, a marca só tem três modelos 100% elétricos para oferecer ao mercado. É urgente lançar mais, por isso este Q6 e-tron é tão importante. Até ao final deste anos, vão ser lançados mais dois, perfazendo seis elétricos o que começa a ser interessante, para uma marca que lançou o seu primeiro modelo do género, o SUV simplesmente designado e-tron, em 2019.
Pares são elétricos
Daqui em diante, todos os Audi com número par vão ser elétricos e os ímpares são híbridos a combustão. Uma das razões que levou ao desaparecimento do A4, substituído pelo A5, que passa a ter uma versão Avant. A lógica acima de tudo…

O Q6 e-tron estreia na marca a plataforma PPE (Premium Platform Electric) que será usada por dezenas de modelos dentro do Grupo Volkswagen. É uma plataforma que suporte arquitetura elétrica de 800 Volt e tem enorme versatilidade dimensional. O novo SUV elétrico estreia ainda uma nova filosofia de habitáculo, que também vai fazer escola nos futuros Audi. E ainda estreia um novo software desenvolvido pela marca, o culpado para o atraso no lançamento do modelo.
Prioridade: Europa
Com 4,77 metros de comprimento, o Q6 e-tron fica entre os 4,58 metros do Q4 e-tron e os 4,90 metros do Q8 e-tron. Tem a dimensão ideal para os mercados da Europa, que a Audi aponta como a prioridade do modelo, deguindo-se os EUA e o resto do mundo. Não será um modelo de grande volume, mas será um modelo relevante.

Se o Q6 e-tron estreia muita coisa e revoluciona outro tanto, a área em que a Audi foi mais conservadora foi claramente o estilo. O aspeto geral é fácil de gostar à primeira vista, como todos os modelos da marca. Mas tem muito pouco de novo, quando se compara com os outros SUV Audi. Lá está a enorme “grelha” “single frame” que já não é uma verdadeira grelha, pois isso não é becessário num EV. Os faróis matriz de LED são de uma nova geração, capazes de fazer animações e dando ao condutor a hipótese de escolher entre oito assinaturas luminosas.
Só uma bateria
As luzes de trás têm um estilo conhecido e usam tecnologia OLED e têm também várias funções de animação, com a novidade de poderem afixar sinais de perigo para os condutores que seguem atrás. E depois não podiam faltar os “alargamentos” nos guarda-lamas, inspirados nos do clássico quattro dos ralis nos anos 1980. O Cx é de 0,29, o que não deixa de ser notável.

Com 2,899 m de distância entre-eixos, não falta espaço para a bateria se instalar sob o habitáculo. Por isso a Audi escolheu uma com capacidade de 100 kWh (94,9 kWh úteis), que serve para as três versões disponíveis no lançamento. Mas já lá vou às versões, performances e preços. Primeiro, o habitáculo.
Tudo novo por dentro
Neste evento estático não guiei o Q6 e-tron, mas foi possível apreciar o interior com algum detalhe. A maior novidade é o novo painel de instrumentos digital e o monitor central tátil que ocupam quase todo o tablier. Têm formas ovaladas que se distinguem da concorrência e os gráficos têm um aspeto muito bom.

Na verdade, os dois ecrãs quase se fundem num único, em termos visual, encurvado e ligeiramente virado para o condutor. Mas ainda sobra espaço para um terceiro ecrã, também tátil, em face ao passageiro da frente. Tem uma tecnologia que impede que o condutor o possa ver, permitindo assim ao passageiro ver conteúdos que poderiam distrair o condutor da sua função primordial.
Muito espaço
Sob o para-brisas há uma linha de LED que pode assumir várias funções, entre sinais de aviso e também o nível de carga da bateria, chama-se a luz de interação digital. Ainda há um head-up display com realidade aumentada e com dimensões muito generosas, obviamente projetado no para-brisas. Depois há os comandos vocais melhorados para dar resposta a uma fraseologia mais informal e altifalantes nos encostos de cabeça.

A outra vantagem da grande distância entre-eixos é a grande disponibilidade de espaço para as pernas na segunda fila de bancos. Nos da frente também não falta espaço e os bancos pareceram muito bons, na maneira como encaixam o corpo, sem serem duros, como acontecia em alguns Audi do passado. Quanto à qualidade, a sala estava mal iluminada para auma análise cuidada, mas o tato disse-me que está ao mais alto nível da Audi. A mala tem 526 litros de capacidade e ainda há um “frunk” com 64 litros, sob o capót da frente.
Três versões
Quanto às versões, a gama Q6 começa no e-tron 50 que tem tração atrás e 306 cv, anunciando os 0-100 km/h em 6,6 segundos e atingindo os 210 km/h. A autonomia anunciada varia entre os 634 km e os 836 km, respetivamente em ciclo misto e urbano. A bateria pode ser carregada em postos rápidos até 270 kW, demorando, nesse caso, 21 minutos para or dos 10 aos 80%. O preço é de 77 350 euros.

A versão intermédia é a e-tron 55, com dois motores e tração às quatro rodas com 388 cv e fazendo os 0-100 km/h em 5,9 segundos, chegando aos 210 km/h. A autonomia anunciada é de 618 km e 788 Km, também para ciclo misto e urbano. Custa 82 950 euros.

Finalmente, a versão mais desportiva SQ6, tem dois motores e 490 cv. Anuncia os 0-100 km/h em 4,4 segundos, a velocidade máxima é de 230 km/h e a autonomia varia entre 596 km e 722 km. Custa 97 820 euros. Além destas três versões, ainda haverá uma especialmente dedicadas às empresas, com base o e-tron 50 mas menos equipamento e preço de 62 490 euros. O peso das versões AWD é de 2350 kg e o RWD pesa 2200 kg.
Conclusão
Claro que não vai ser o Q6 e-tron a fazer “explodir” as vendas dos Audi elétricos, nem na Europa, nem, muito menos em Portugal. Só para se ter uma ideia, no primeiro semestre deste ano, foram vendidos 312 Q8 e-tron e 409 Q4 e-tron. Mas é um modelo que vai influenciar muito os próximos elétricos da Audi. Em breve, estará aqui no Teste TARGA 67, para lhe conhecer todos os detalhes.