28/4/2023. O VW T-Roc, fabricado em Palmela, tem sido o modelo mais vendido da marca na Europa nos últimos anos, ultrapassando o Golf. Após alguma incerteza quanto ao seu futuro, uma fonte da marca adiantou à imprensa inglesa que o modelo vai passar a ser elétrico e vai chamar-se ID.Roc. Resta saber se continuará a ser feito em Portugal.
A Volkswagen já registou o nome ID.Roc para a futura geração elétrica do seu modelo mais vendido na Europa, o atual T-Roc, fabricado na Autoeuropa de Palmela, Portugal. Uma fonte oficial da marca, que não foi identificada, confirmou isso à imprensa inglesa, mais em concreto à revista Autocar.
A mesma fonte, começou por dizer que o registo tinha como único objetivo garantir que nenhum outro construtor poderia ficar com o nome. O que seria no mínimo bizarro. Mas qual seria a marca que teria intenção de copiar um nome que a VW fez famoso ao longo de seis anos de mercado?…
Melhor que o Golf
O sucesso do T-Roc nos últimos anos, ao posicionar-se como o terceiro modelo mais vendido na região em 2022, só superado pelos Peugeot 208 e Dacia Sandero, além de ser o modelo mais vendido da marca na Europa, ultrapassando o Golf que deteve essa posição durante muitos anos, obrigou a VW a olhar para o futuro do T-Roc com muito cuidado.

Neste momento, o T-Roc é fabricado apenas em Portugal, para venda em todos os mercados Europeus, levando a Autoeuropa a passar por uma fase de grandes volumes de produção e laboração intensa nos últimos anos. Mas o mercado é sempre muito rápido a mudar de preferências, mais ainda num segmento, o B-SUV, com inúmeros concorrentes.
O último VW térmico
Neste momento, o T-Roc é fabricado apenas em versões a gasolina e gasóleo, sem nenhuma versão híbrida, nem sequer um “mild hybrid” (híbrido suave) existe na gama, o que não tem feito diferença nas vendas, até agora, nem sequer nas emissões da gama, pois os motores mais vendidos, 1.0 e 1.5 TSI, são pouco poluentes.

Contudo, está já confirmada uma segunda geração, prevista para ser lançada em 2026 e que continuará a ser feita sobre uma versão simplificada da plataforma MQB, tal como o modelo atual.
A VW já anunciou que será o último modelo novo que vai lançar com motores térmicos. E essa segunda geração já terá versões híbridas. Provavelmente, só terá mesmo versões híbridas, “mild hybrid” na sua maioria.
Híbrido suave é o próximo passo
Ainda não foram revelados detalhes, mas é mais que provável que o T-Roc passe a usar soluções MHEV já conhecidas do Golf, esperando-se para ver se os “full hybrid” poderão fazer parte da oferta. Julgo ser pouco provável que um PHEV venha a fazer parte da gama, apesar da enorme experiência da VW nesta tecnologia.

Até agora, os PHEV têm-se revelado demasiado dispendiosos para o segmento B-SUV, sendo muito poucos os construtores que os oferecem ao nível de preço típico deste segmento de mercado.
Elétrico a 100% depois
Contudo, a grande novidade, confirmada pela tal fonte da VW, é que o T-Roc irá passar a ser um modelo 100% elétrico, na sua terceira geração, a lançar depois de 2030. A anterior política da VW, que chegou a fazer pensar que todos os VW se iriam transformar em ID, com o estilo criado para o ID.3 e números em vez de nomes para os identificar, está a mudar.
O sucesso dos ID.3, ID.4 e ID.5 ficou aquém do esperado pela VW e a razão encontrada pela administração foi a de que os potenciais clientes consideravam esses modelos demasiados “frios”, tanto em termos de nomenclatura, como de estilo.
ID. Buzz mostrou o caminho
O sucesso do ID.Buzz, pelo menos em termos mediáticos, mostrou que o estilo neo-retro é mais ao gosto dos potenciais compradores, por isso se está a assistir a uma inversão do conceito ID. A recente apresentação do ID.2ALL, com estilo muito próximo do atual Polo, é disso mais uma prova.
A VW também já confirmou que vai ter um ID.Golf na sua gama, depois de ter dito que o ID.3 substituia o Golf com motores de combustão. Juntar o estilo inspirado nos grandes “best-sellers” da marca às plataformas elétricas, parece ser a filosofia dominante no momento, defendida pelo novo CEO Thomas Schäfer.
VW quer ser “amada”
Uma das primeiras frases que Schäfer disse quanto assumiu a liderança foi que queria “fazer a VW voltar a ser uma marca amada” e o estilo neo-retro é uma aposta segura para conseguir isso, como outros construtores têm mostrado, veja-se o sucesso mediático do futuro Renault 5 elétrico, que ainda só foi mostrado como “concept-car”.

Tendo o T-Roc conquistado um lugar de destaque nas vendas atuais da VW é lógico que a marca não queira deixar de ter um modelo com este nome, mesmo quando o tiver que passar a 100% elétrico. Daí o registo do nome ID.Roc.
A fonte alemã da Autocar, acabou por confirmou isso mesmo, apesar de não avançar datas para o lançamento de um ID.Roc, até para não prejudicar as vendas da segunda geração do T-Roc, agora híbrido.
E a Autoeuropa?…
Com a estratégia definida, resta saber se a Autoeuropa, a fábrica-mãe do T-Roc, será convertida para produção da geração elétrica. A passagem para os MHEV não levanta qualquer problema, mas a mudança para a plataforma MEB exclusivamente elétrica é um assunto mais complexo.

O investimento da VW em Espanha, onde está a construir a fábrica onde vão ser feitos os utilitários elétricos da VW, Cupra e Skoda tem sido visto, por alguns, como uma ameaça a um investimento semelhante em Portugal. Tanto mais que a VW também vai ter uma fábrica de montagem de baterias para veículos elétricos em Espanha.
Conclusão
A Autoeuropa está muito bem cotada, dentro do Grupo VW, tanto em termos de eficiência como de qualidade e de flexibilidade. Já lá foram feitos monovolumes, descapotaveis, coupés e SUV. Um elétrico não seria problema para os operários especializados portugueses. Mas a decisão terá certamente mais de política que de técnica.
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
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