23/04/2021. Feitas as contas aos automóveis novos vendidos em 2020, Portugal foi o terceiro mercado com menos emissões de CO2. Na Europa, a descida foi de 12% e os elétricos já tiveram influência.
Fundada em 1984, a Jato Dynamics é uma empresa especializada na recolha e tratamento de dados relativos à indústria e mercado automóvel global. Está presente em 51 países e fornece os seus serviços tanto aos construtores, como à imprensa.
O seu último relatório foi publicado esta semana e refere-se às emissões de CO2 nos carros novos vendidos em 21 países europeus, entre os quais Portugal.
Feitas as contas, a Jato concluiu que as emissões de CO2 dos carros novos vendidos em 2020 desceram, em média, 12% face ao ano anterior, situando-se precisamente nos 106,7 g/km.
Descida não foi causada pela pandemia
Note-se que esta descida da média europeia se refere aos carros novos vendidos e aos valores de CO2 declarados pelos construtores.
É por isso um valor perfeitamente comparável com 2019. O facto de, em 2020, muitos carros terem estado parados devido à pandemia, não tem influência direta neste resultado.

Mas tem influência indireta, como afirma Felipe Munoz, analista global da Jato: “a pandemia levou muitos compradores a alteraram as suas intenções de compra de carro novo, tendo muitos optado por veículos eletrificados.”
Subida nas vendas dos eletrificados ajudou
Segundo a Jato, este quebra de emissões de CO2 está ligada à subida das vendas de carros 100% elétricos e de híbridos “plug-in”.
Em 2020, estes dois tipos de motorizações atingiram os 1,21 milhões de unidades vendidas, representando 10,6% do total de carros vendidos no ano, o que se traduz numa subida de 3,1% relativamente a 2019.

Claro que os incentivos financeiros oferecidos por alguns governos para a compra de carros eletrificados também tiveram uma importância decisiva na opção de compra.
Contudo, a venda de modelos com motores de combustão interna ainda é largamente maioritária. Segundo a Jato, um em cada quatro carros vendidos em 2020 ainda tinha exclusivamente um motor a gasolina ou gasóleo.
As vendas deste tipo de veículos desceram dos 14,7 milhões, em 2019, para os 8,6 milhões, em 2020, mas aqui a pandemia teve um papel fundamental.

O grupo industrial com melhor performance na Europa é a Toyota, com uma média de 97,5 g/km de CO2, superando por pouco o grupo PSA, com 97,8 g/km de CO2. Todos os outros grupos ficam acima da barreira dos 100 g/km de CO2.
SUV a contribuir melhor
Entre os cinco principais segmentos do mercado europeu, o dos SUV já representa 40% e foi aquele onde a quebra de emissões de CO2 foi maior, tendo descido, em média, 16,2 g/km.
A justificação para isto está diretamente ligada ao crescimento da oferta de SUV elétricos e eletrificados ao longo de 2020.

Mas a verdade é que os SUV ainda continuam a ser o tipo de carro que emite mais CO2, por serem mais pesados e por terem pior aerodinâmica que os carros convencionais. Pelas contas da Jato, os SUV são 18% mais poluentes.
Seis países abaixo das 100 g/km de CO2
Talvez o dado mais interessante seja que, em 2020, as emissões dos automóveis novos vendidos em seis países europeus já ficaram abaixo dos 100 g/km de CO2.
Sem surpresa, tendo em conta os incentivos dos governos locais, na Suécia, 32% dos carros vendidos já foram eletrificados. Segue-se a Holanda onde 25% dos compradores leva um eletrificado para casa.

Em termos de emissões médias dos carros novos vendidos em 2020, a Holanda tem o valor mais baixo de 83,1 g/km, a Dinamarca fica-se pelos 90,1 g/km e logo a seguir vem Portugal, em terceiro lugar, com 90,8 g/Km.
Portugal vai em terceiro
Pelas contas da Jato, Portugal foi o terceiro país menos poluidor em 2020, no que às vendas de carros novos diz respeito e considerando as emissões de CO2 anunciadas pelas marcas.
Portugal bateu assim a Suécia, França e Finlândia. Um facto que bem poderia acalmar a fúria reformista de alguns dos nossos governantes, no que toca às próximas restrições de emissões de CO2 provenientes dos automóveis.
Francisco Mota
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