O maior dos atuais Skoda faz 90 anos desde que foi lançado o primeiro modelo com este nome. Mas faz também 25 anos, desde que surgiu a primeira de quatro gerações feitas no âmbito do Grupo VW. Um bom pretexto para recordar a sua história e perceber as razões do sucesso.
Há 25 anos, o lançamento da primeira geração do Skoda Superb pode ter parecido um contra-senso, tendo em conta a imagem que se colou à marca durante muitos anos, posicionada como “value for money” em todos os segmentos em que operava. Que sentido faria então uma berlina e carrinha do segmento D, o dos familiares médios, onde o preço não poderia nunca ser muito baixo?

O mercado deu a resposta. A estratégia da Skoda, aplicada a quase todos os seus modelos – de oferecer modelos maiores do que a média do segmento – também foi aplicada ao Superb dando-lhe na verdade uma habitabilidade muito próxima à de modelos do segmento “E” dos grandes familiares. E aí, as coisas mudaram realmente de figura. O Skoda Superb acabava por não ter rivais diretos: uma berlina/carrinha do tamanho do segmento E, vendida ao preço das ofertas mais acessíveis do segmento D.
O primeiro Superb
Mas a história dos modelos Skoda Superb começou umas décadas antes, mais precisamente em Março de 1935 quando a Skoda lançou o primeiro Superb. Primeiro como veículo de passageiros de alta qualidade e depois em versões militares durante os seguintes 15 anos.

O primeiro Superb impressionava pelo conforto, mesmo nas estradas em mau estado da altura; e pelo espaço interior que levava até sete pessoas, dois argumentos que hoje continua a ter. Foi também aplaudido por algumas inovações, invulgares dos anos 1930, como os travões com assistência hidráulica, e um sistema elétrico de 12 Volt. Outras inovações importantes foram o chassis com “coluna vertebral” e suspensão independente às quatro rodas. O primeiro motor era um seis cilindros em linha a gasolina com 55 cv. Mas também existia um potente V8 de 4.0 litros com 96 cv e até chegou a ser feita uma versão 4×4 para uso militar. A produção terminou em 1949, com apenas 890 unidades de passageiros vendidas e 1630 variantes militares, para uso das forças armadas alemãs ocupantes da República Checa.
Renascimento após 50 anos
Meio século depois, passados vários momento fulcrais da história mundial, o nome Superb volta ao mercado quando a Skoda o mostrou pela primeira vez em 2000. O início da comercialização foi em 2001, desta vez com a Skoda já integrada no grupo Volkswagen, mas com o Superb a conseguir exibir qualidades únicas e um caráter diferente dos modelos com os quais partilhava a plataforma e outros componentes mecânicos. O conforto e o generoso espaço a bordo continuaram a ser argumentos desta primeira geração do novo Superb, mas agora num modelo na vanguarda da tecnologia do início do novo século.

Esta primeira geração moderna usava a versão para o mercado chinês do Passat da altura, com mais 10 cm de distância entre-eixos para aumentar o espaço na segunda fila de bancos. Estava disponível em carroçaria sedan de três volumes como viria a suceder com todas as gerações seguintes da Skoda Superb. Partilhava a plataforma com o modelo VW Passat contemporâneo, o que também viria a ser uma constante daí para diante. Mas com especificações próprias ao nível do interior e de afinações de suspensão.

Na primeira geração, o Skoda Superb estava disponível com uma gama de motores que ia dos 115 cv aos 193 cv incluindo os best-sellers TDI e o topo de gama V6 2.8, todos em posição longitudinal, como o Passat e o A4 da altura, com os quais partilhava a plataforma. Existia como opção a caixa automática Tiptronic de cinco relações e faróis bi-Xénon, entre outros equipamentos. A partir de 2005, a versão mais equipada passou a chamar-se “Laurin & Klement” numa homenagem aos fundadores. A primeira geração foi produzida entre 2001 e 2008 num total de 137 000 unidades.
Segunda geração
A segunda geração apareceu em 2008 e, na versão sedan, apresentava um enorme portão traseiro que se podia abrir apenas como uma tampa normal ou como um portão incluindo o vidro traseiro. Esta solução aumentava a versatilidade de utilização, a capacidade de carga e a facilidade de utilização.

Foi também na segunda geração que surgiu pela primeira vez uma versão de carroçaria carrinha, que viria a ser a favorita de muitos compradores. Como seria de esperar, tendo em conta a generosa habitabilidade e a acrescida capacidade de carga. Esta segunda geração foi produzida ente 2008 e 2015 e atingiu um total de 618 000 unidades vendidas, entre a berlina e a carrinha.

Terceira geração
A terceira geração aparece em 2015 feita com base na nova plataforma MQB, com motores transversais mas seguindo a mesma estratégia em termos de tipos de carroçaria disponível, berlina e carrinha, mas com um estilo modernizado e, de alguma forma, enriquecido ao nível dos detalhes exteriores, de onde se destacava uma grande grelha cromada. As linhas eram menos conservadoras do que o habitual, com os designers e a administração a arriscar um estilo que, de alguma forma, dava ao Superb uma aura de luxo como o modelo nunca tinha tido desde 2001. O mesmo se podia dizer do interior com acabamentos de qualidade e detalhes mais próprios de modelos premium. Quanto à capacidade de carga, a versão carrinha tinha 633 litros de mala. Surgiu pela primeira vez uma versão Scout, com suspensão mais alta e proteções nos para-choques, guarda-lamas e fundo, para condução fora de estrada. Esta terceira geração foi fabricada entre 2015 e 2023 tendo acumulado um total de 805 000 unidades, das quais 56% eram da versão carrinha.

Quarta geração
A atual geração usa a plataforma MQB Evo atualizou-se em todas as áreas, desde logo em termos de motorizações disponíveis, que passaram a contar com opções “mild hybrid” e PHEV, além de Diesel TDI e gasolina TSI. A mais recente evolução do Plug-In consegue fazer 120 km em modo estritamente elétrico, segundo a Skoda. A carroçaria melhorou a aerodinâmica em 15%, no caso da carrinha, passando a contar com “air curtains” nos para-choques da frente. No interior surge uma linha de luz na base da zona vidrada que muda de cor consoante a mensagem que quer transmitir ao condutor. O condutor dispõe do “virtual cockpit”, um painel de instrumentos digital e configurável, além de um grande ecrã tátil central para comando do sistema de infotainment.

Existe um botão rotativo na base da consola que pode assumir várias funções definidas pelo condutor. O volante passou a ter mais comandos e o interior recebeu materiais têxteis feitos de matéria 100% reciclável. Existe um total de 28 funções “simply clever” a começar por uma caixa de 5,5 litros de capacidade sob o apoio de braços e o famoso guarda-chuva encaixado na espessura das portas da frente. Também há massagens nos bancos da frente e um “heads-up display”. A mala da carrinha atinge agora os 690 litros de capacidade, que pode chegar aos 1920 litros, com os bancos de trás rebatidos. Esta quarta geração do Superb atingiu as cinco estrelas nos testes Euro-NCAP. Lançada em 2023, até agora, o quarto Superb da era moderna já vendeu 65 000 unidades até 2025.

Conclusão
O Superb tem tido um papel importante no crescimento da Skoda como marca, na era do Grupo VW. Mostra a competência da marca na execução de modelos do segmento D, aliás, a Skoda ficou com a responsabilidade do desenvolvimento conjunto das últimas versões do Superb e Passat, que partilham quase tudo em termos técnicos. E essa competência tem descido a outros modelos da marca, com destaque para os elétricos Enyaq e Elroq.
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