Depois do sucesso do Avenger, em grande parte devido ao seu estilo, a Jeep segue a mesma linguagem com o novo Compass. Saiba os primeiros detalhes na reportagem TARGA 67 do Francisco Mota.
No final da conferência de imprensa onde foi lançado o Jeep Avenger 4Xe, o apresentador de serviço disse as palavras de que a audiência composta exclusivamente pelos jurados do “The Car Of The Year” estávamos à espera: “e agora temos uma surpresa!” A surpresa, que estava prometida, era a apresentação estática do novo Jeep Compass, a terceira geração completamente nova do C-SUV da marca americana da Stellantis, que tem pela frente o desafio de conseguir um lugar na tabela de vendas de que o seu antecessor nunca foi capaz, sobretudo na Europa.

A primeira impressão, assim que foi retirado o pano de cima de uma das primeiras unidades produzidas do Compass foi de familiaridade. Não propriamente um “onde é que já vi isto?…” mas a clara impressão de que o Avenger fez escola. E não é assim tão comum ser um modelo mais pequeno a influenciar a linguagem de estilo de modelos maiores. Geralmente é o oposto que se passa. Só que, o estilo do Avenger, o primeiro Jeep totalmente desenhado fora dos EUA, consegue juntar uma série de tendências do passado da marca, sem perder a imagem de família da Jeep e ainda ganhar uma identidade própria.

Se o estilo resultou no Avenger, por que não tentar a sua adaptação ao novo Compass? A resposta estava alí bem à minha frente. As formas da carroçaria parecem todas lógicas e conhecidas, com as arestas a serem preferidas às curvas, tal como se espera de um Jeep. O aspeto geral é intemporal, os olhos têm facilidade em percorrer a carroçaria, há uma harmonia que transmite os valores da Jeep com tanta eficácia como no Avenger.
STLA Medium
Durante a minha longa carreira como jornalista, já falei com tantos estilistas que parece que já começo a falar como eles. Por isso, o melhor é partir para as coisas concretas como a utilização nesta geração do Jeep Compass da plataforma STLA Medium, uma base multi-energias concebida para receber motorizações a combustão, híbridas e elétricas. Material já conhecido de modelos como o Peugeot 3008, só para dar um exemplo. A sua versatilidade é suficiente para a Jeep fazer um modelo que se parece muito com a linha de modelos “off road” menos radicais que sempre teve.



O Jeep Compass é fabricado em Melfi, Itália mas nem por isso tem um ar menos “US of A”. Continuar a ter o ADN da marca é essencial para a Jeep, mas isso não implica deixar de partilhar o máximo de componentes com outros modelos da Stellantis. Com um comprimento total de 4,55 metros é 15 cm mais comprido que o seu antecessor, com o crescimento da distância entre-eixos a ser ligeiramente maior: 15,9 cm, atingindo os 2795 mm. Isto permitiu aumentar o espaço para pernas nos lugares da segunda fila em 55 mm, segundo a marca e aumentar a capacidade da mala em mais 45 litros, chegando os 550 litros.
Específico Jeep
A plataforma recebeu molas, barras estabiizadoras e amortecedores específicos (FSD no 4xe) e uma afinação própria da Jeep. Nas versões 4×4, os para-choques têm mais partes pintadas na massa, para não se notarem os riscos e formas que melhoram os ângulos fora de estrada oferecendo 27 graus (20 graus no tração à frente) de ângulo de ataque, 16 graus (15 graus, no tração à frente) de ângulo ventral e 31 graus (26 graus no tração à frente) de ângulo de saída. O HDC é de série nestas versões e a altura ao solo é de 210 mm (200 mm no tração à frente). Os modos de condução “Selec-terrain” são de série em todas as versões, tal como a proteção de 360 graus da carroçaria em plástico não pintado para evitar riscos, tal como no Avenger.


Quanto a motorizações disponíveis, começam por um 1.2 turbo de três cilindros “mild hybrid” com 145 cv, seguido por um 1.6 turbo PHEV de quatro cilindros e 195 cv. Este PHEV tem bateria de 21 KWh e anuncia uma autonomia em modo elétrico de 85 km. A oferta de versões 100% elétricas compreende três opções: dois de tração à frente – um com 213 cv e bateria de 73 KWh (autonomia de 500 km); e outro com 231 cv com bateria de 96 kWh (autonomia de 646 km).



No topo de gama está um elétrico de tração às quatro rodas com dois motores e 375 cv. Esta versão 4xe (modelo branco nas fotos) é específica da Jeep, pois utiliza um motor traseiro com mais 49 KW do que a mesma aplicação noutros modelos da Stellantis e um máximo de 232 Nm. Para aumentar o binário às rodas traseiras, as engrenagens redutoras têm uma relação 14:1, traduzindo-se em 3100 Nm às rodas traseiras. Isto permite subir rampas com 20% de inclinação, mesmo com tração zero nas rodas da frente.
Por dentro
O carregamento da bateria de 96 KWh pode ser feito a potências até 160 KW DC, bastando 30 minutos para ir dos 20 aos 80%, podendo também ser carregada a 22 KW AC. A autonomia máxima da bateria é de 650 Km, em parte devido à melhoria do coeficiente de penetração aerodinâmico que desceu 10% até aos 0,30. Para chegar aqui foi preciso usar “air curtains” nos para-choques da frente, cortinas ativas na frente, jantes carenadas e um fundo totalmente plano.



Quanto ao interior, há um novo infotainment com ecrã tátil de 16” e um painel de instrumentos atrás do volante com 10”. Um “head up display” está disponível, bem como mais ajudas eletrónicas à condução, como a mudança de faixa semi-automática, faróis com matriz de LED e condução autónoma de nível 2. O tablier é totalmente plano, para facilitar a visibilidade para a frente e mantém alguns botões físicos que servem de atlhos em rodapé do ecrã central. O seletor da transmissão é um botão rotativo e o “selec-terrain” é basculante com uma moldura vermelha. Em frente ao passageiro da frente existe uma prática prateleira, além de porta-objetos na consola.
Conclusão
O Jeep Compass estará disponível em Outubro e as versões First Edition com reforço de equipamento e disponíveis em duas motorizações, o e-Hybrid de 145 cv (41 000€) e o elétrico de 213 cv (51 750€). Depois de o guiar, o que deverá acontecer dentro em breve, poderei atribuir o meu habitual Veredicto em estrelas. Para já, a lista de características e este primeiro contato estático, prometem.
Ler também, seguindo o Link: Teste – Jeep Compass 4xe: “Plug-in” e tração às quatro