A chinesa BYD anuncia-o como o seu SUV mais acessível à venda na Europa, o Atto 2 entra no segmento dos B-SUV, o mais disputado, com um modelo 100% elétrico. Conheça todos os detalhes e qual o preço no Primeiro Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota.

Entre o Dolphin e o Atto 3 havia um espaço para mais um modelo, na gama da BYD. Espaço que vai ser preenchido ainda este mês pelo novo Atto 2, um B-SUV que assim leva a marca chinesa para o coração do mercado, o segmento mais disputado na Europa. O BYD Atto 2 encaixa perfeitamente neste segmento, com 4,31 metros de comprimento, quase o mesmo que os 4,30 metros do Peugeot E-2008, referência da classe, que lidera, em Portugal. Para já, o Atto 2 estará disponível apenas com motorização 100% elétrica e com uma bateria de 45,12 kWh de capacidade, perto dos 46,3 kWh da versão de 136 cv do Peugeot E-2008. Mas está prevista uma versão com bateria maior (talvez próxima dos 51 kWh do Peugeot E-2008 de 156 cv) e 420 km de autonomia mista. Não será especular muito dizer que a BYD poderá estar a estudar outras motorizações, adaptadas às incertezas do mercado em relação aos 100% elétricos.

O BYD Atto 3 utiliza a plataforma e-platform 3, conhecida de outros modelos da marca que se caracteriza por não ter um piso convencional. Em seu lugar está a caixa da bateria, que aumenta a rigidez torcional em 32%. É aquilo a que a BYD chama “cell-to-body” e que tem ainda a vantagem de reduzir a altura sob os bancos. A suspensão recorre a um esquema MacPherson, na frente e barra de torção, na traseira. O motor está montado na frente, junto com o inversor, a transmissão e todos os outros periféricos, naquilo a que a BYD chama um “8 em 1”. A tração também é às rodas da frente, não existindo notícia de uma versão de tração às quatro rodas. O motor faz 16 000 rpm e debita 130 kW (177 cv) e 290 Nm de binário máximo.
“Blade battery”
Quanto à bateria, tem química LFP e uma estrutura em que cada célula é uma lâmina, por isso a marca lhe chama “blade battery”. A capacidade é de 45,12 kWh e pode ser carregada a uma potência máxima de 65 kW DC, ou 11 kW AC. No primeiro caso, demora 37 minutos para ir dos 10 aos 80% de carga, no segundo caso demora 5h30 para ir dos 0 aos 100%. Existe uma bomba de calor de série e função V2L. A autonomia anunciada é de 312 km, em ciclo combinado e de 463 km, em cidade de acordo com os protocolos WLTP. A garantia da bateria é de 8 anos ou 200 000 km e a bateria de 12V também é LFP, suportando 3000 ciclos em vez dos 500 típicos de uma bateria de chumbo.




Wolfgang Egger continua a ser o diretor de estilo da BYD e o Atto 2 segue na mesma linha do Atto 3, com linhas discretas, uma faixa negra a unir os faróis da frente e um friso luminoso a unir as luzes de trás. A silhueta é a de um SUV convencional, com capôt quase horizontal e tejadilho sem nenhum tique de coupé. As cavas das rodas têm uma moldura negra para fazer a altura ao solo e as rodas parecerem maiores, as jantes de 17” levam pneus de medida 215/60 R17. A distância entre-eixos é de 2,62 m (2,61 m, no Peugeot E-2008) mas a altura de 1,67 m (1,53 m, no Peugeot E-2008) impede o Atto 2 de ter proporções mais equilibradas.
Abaixo do ATTO 3
Para quem conhece o Atto 3 por dentro, vai estranhar o ambiente muito menos imaginativo no interior do Atto 2. Os materiais são quase todos duros, com algumas aplicações em imitação de pele com pespontos a dar uma boa perceção de qualidade. Faltam alguns dos detalhes de estilo do Atto 3, mas está disponível um sistema de karaoke. Útil para quando o Atto 2 está a carregar a bateria. O monitor central de 12,8” continua a ter a função de rotação de 90 graus, através de um sistema elétrico e uma página de atalhos que se puxa desde o topo. Deslizando três dedos na vertical, muda-se a temperatura da climatização e na horizontal, a velocidade do ventilador. O painel de instrumentos de 8,8” tem gráficos pouco imaginativos. Em ambos, o tipo de letra usado é muito pequeno, dificultando a leitura.




A posição de condução é relativamente alta, para um B-SUV, o volante tem uma pega razoável e teclas físicas. Mas a coluna de direção está demasiado inclinada. A consola tem dois andares, com uma prateleira, por baixo e o comando da transmissão por cima, num estilo convencional de punho grande em plástico a fazer lembrar cristal. À sua volta tem vários botões físicos, entre eles o da escolha dos modos de regeneração (dois níveis) e quatro modos de condução (Eco/Normal/Sport/Snowfields).
Muito espaço
O espaço nos lugares da frente é razoável e nos de trás o comprimento para os joelhos é bom, se bem que o piso liso esteja um pouco alto em relação ao assento, deixando as pernas mal apoiadas. A altura é generosa e a entrada e saída muito fácil. O lugar do meio é de recurso mas a mala tem uns bons 400 litros de capacidade (434 litros, no Peugeot E-2008), além de um espaço sob o piso para guardar os cabos da bateria.



Este Primeiro Teste TARGA 67 foi feito na região de Madrid. Primeiro no centro da cidade, onde o Atto 2 se mostrou confortável de suspensão e suave na entrega de binário, desde logo em modo Eco. A direção transmite muito pouca informação das rodas da frente e está demasiado assistida, para o meu gosto. O pedal de travão é razoavelmente fácil de dosear e os dois modos de regeneração, têm pouca diferença entre si, sendo o mais intenso, ainda assim, o mais adaptado à cidade.
Ruídos indesejáveis
Seguiu-se um trajeto em autoestrada, onde o Atto 2 mostrou que a suspensão o deixa fazer algumas oscilações típicas dos SUV, nada de preocupante. Em modo de condução Normal, ganha-se um pouco mais de sensibilidade no acelerador, mas nada de especial. Na verdade, o binário disponível é mais do que suficiente para puxar os 1570 kg. A velocidade máxima anunciada é de 160 km/h. O ruído de rolamento é muito baixo, mas já o mesmo não posso dizer dos ruídos aerodinâmicos, demasiado presentes.




Por fim, oportunidade de testar o ATTO 2 numa estreita e sinuosa estrada de montanha, com piso húmido. Passando ao modo Sport, os 0-100 km/h anunciados de 7,9 segundos pareceram credíveis e permitem bom progresso nas retas curtas. A entrada em curva não é especialmente precisa, nem rápida, com alguma inclinação lateral.



À saída de curvas mais lentas, acelerando a fundo, a roda interior à curva tende a patinar um pouco até o ESC entrar em ação. Mas vou precisar de mais quilómetros no Atto 2 para tirar conclusões mais sólidas sobre este assunto e sobre os consumos e autonomias.
Conclusão
A BYD já está em 24 países europeus e em breve estará em mais 14. O ritmo de expansão acompanha a subida nas vendas, que em 2024 atingiu os 4,3 milhões de unidades, subindo de 9ª a 3ª marca mais vendida no mundo. Considerando marcas, não grupos ou alianças. O Atto 2 tem quase tudo o que é necessário a um B-SUV elétrico, com um preço base de 29 990 euros. A marca continua a rejeitar um posicionamento de baixo preço, preferindo assentar a sua imagem no que os seus modelos têm para oferecer. A estratégia certa, para quem tem planos a longo prazo.
Francisco Mota
BYD Atto 2
Potência: 177 cv
Preço: 29 990 euros
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