Uma carrinha Diesel era a combinação mais procurada no segmento D, não há muitos anos. Mas o mercado português mudou e hoje é uma espécie em vias de extinção. O que não quer dizer que não continue a ter os seus argumentos, redescobertos em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

O VW Passat deixou de ser produzido em versão berlina, quando esta mais recente geração foi lançada há alguns meses. A razão é simples: não há compradores suficientes que justifiquem a sua continuação em produção. Mas a versão carrinha, a Variant, vai continuar a defender a sua posição, sobretudo porque continua a ter bastante procura no mercado alemão, o que mais consome carrinhas da Europa. Portugal, que também foi um país onde as carrinhas eram preferidas em alguns segmentos, acaba por ser um beneficiário colateral.
Oitava geração
Esta oitava geração da Passat Variant é uma gémea da Skoda Superb Break, tendo ambas sido desenvolvidas pela marca checa e ambas produzidas na fábrica Skoda em Bratislava. Uma maneira inteligente de manter a Passat Variant no mercado, pois a Superb Break continua a ter bastantes apreciadores.


O projeto conjunto permitiu desbloquear orçamento para rejuvenescer a plataforma MQB profundamente, autorizando a que se possa considerar que ambas são novas gerações. Do monobloco reforçado ao sistema de infotainment atualizado e ao interior modernizado, nada foi deixado como estava, incluindo os sistemas de ajuda eletrónica á condução.
Estilo pouco muda
O que pouco mudou foi o estilo, mantendo-se um inconfundível ar de Passat, apesar de todos os painéis exteriores da carroçaria serem diferentes. Claro que há uma aproximação ao ID.7, mas a Passat continua a ter uma frente com a grelha entre os faróis e luzes de trás ligadas por uma barra luminosa. De resto, há uma preocupação com a visibilidade, com três amplos vidros laterais e uma linha de cintura não demasiado alta. Os pilares da frente também foram redesenhados com a mesma preocupação.




Esta oitava geração do Passat, designada internamente por B9, tem mais 14 cm de comprimento, o que é um aumento considerável, acompanhado por uma distância entre-eixos 5 cm maior, para um comprimento total de 4,92 metros, tanto quanto um Audi Q8 e-tron, para dar um termo de comparação. Quem ganha com estas maiores dimensões exteriores é o volume para bagagens, que sobe aos 690 litros e o espaço para os passageiros da segunda fila, que é enorme, sobretudo no comprimento para as pernas e na facilidade de acesso.
Novo interior
O interior foi aquilo que mais mudou no B9. Há agora um desenho mais minimalista, com muito poucos botões físicos no tablier. Quase todos os comandos estão no grande monitor tátil central, alguns pouco intuitivos de encontrar e com alguns dos comandos da climatização sempre visíveis em rodapé do monitor.



A alavanca da caixa passou a ser uma haste rotativa na coluna de direção, obrigando a que todas nas funções secundárias sejam comandadas pela haste da esquerda, mas libertando espaço na consola central, que tem três úteis porta-objetos com tampa. A impressão de qualidade é semelhante à da anterior geração, o que quer dizer das melhores do segmento, com pele sintética com pespontos em vários locais.
Mala enorme
Quanto à mala, tem um acesso baixo e fácil, uma chapeleira automática e lugar parava guardar sob o piso, quando se quiser rebater assimetricamente o banco traseiro, o que se pode fazer através de alavancas nas paredes da mala, ao lado de práticos ganchos para pendurar bagagens pequenas, como sacos de supermercado e uma calha amovível para dividir o espaço de carga.



Voltando ao lugar do condutor, a posição de condução é muito boa, porque o volante está bem alinhado com os pedais e o banco, tem uma pega anatómica e amplas regulações. Ao banco falta um pouco mais de apoio lateral, mas é confortável e também com ajustes para todas as estaturas. Apesar de não ser um SUV, a visibilidade é mais do que suficiente.
Vantagens do Diesel
O motor 2.0 TDI é a última evolução, sendo claramente o melhor de sempre desta linhagem de motores de quatro cilindros turbo Diesel do grupo Volkswagen. Muito silencioso (e com boa insonorização) muito poucas vibrações e resposta decidida mas progressiva, a velocidades de cidade. A caixa DSG7 ajuda-o bem e são raras as vezes em que mostra alguma indecisão entre qual a melhor relação a escolher.



O condutor pode escolher deixar a caixa fazer o que entende, pode escolher o modo “S” desportivo que continua a ser automático ou passar ao modo manual, usando as patilhas, que proporcionam passagens rápidas, muito suaves e quase sempre obedientes, desde que não se lhe peça para fazer reduções a velocidades que o sistema considera altas para a integridade da mecânica.
Sem modos…
A unidade deste ensaio está equipada com pneus 215/55 R17 que, em conjunto com a suspensão, proporcionam um pisar relativamente firme, mas sem passar pancadas secas para o habitáculo no mau piso. Nesta unidade não havia modos de condução, mas também não dei por falta deles. Claro que os amortecedores são passivos, mas fazem um bom trabalho. A direção pode ser considerada pesada por alguns condutores, para mim, está perfeita nesse aspeto e também na progressividade e precisão.




No meu habitual teste de consumos reais TARGA 67, com o A/C desligado, obtive um valor de 6,1 l/100 km, que se pode considerar bom, tendo em conta que não há um sistema híbrido e que o peso ascende aos 1603 kg. Passando para a autoestrada, a 120 km/h estabilizados, o consumo desceu aos 4,3 l/100 km, fazendo lembrar os benefícios do gasóleo em termos de consumos e de emissões de CO2. Com um depósito de 66 litros, a autonomia vale 1534 km até esgotar a última gota de gasóleo.
Autobahn
A condução em autoestrada é o ponto forte da Passat Variant 2.0 TDI, não só pelo baixo consumo, mas pela suavidade e baixo ruído do motor e pelo conforto. Com piso perfeito, a carroçaria vai muito bem controlada pela suspensão independente às quatro rodas e o o motor tem força disponível desde baixos regimes para qualquer ultrapassagem de urgência. A velocidade máxima anunciada é de 223 km/h, um número relevante apenas pelos utilizadores das “autobahn” alemãs.


Passando a estradas secundárias, o motor continua a agradar pela sua disponibilidade e pela maneira vigorosa como chega à rotação a que se atingem os 150 cv máximos. A aceleração 0-100 km/h anunciada é de 9,3 segundos. A caixa é muito rápida e suave, em condução mais apressada, e os travões transmitem confiança e são fáceis de dosear.
Comportamento
O comportamento dinâmico tem na facilidade de condução a sua lógica prioridade. Aumentando um pouco o ritmo, a frente subvira relativamente cedo na entrada rápida em curva, se bem que os pneus GoodYear Efficient Grip Performence 2 também têm alguma responsabilidade. Só em encadeados de curvas, com as massas a serem atiradas de um lado para o outro, se sentem alguns movimentos parasitas, resultado do peso.




Para uma condução um pouco mais despachada, o modo “S” da caixa acaba por ser mais adequado a esta Passat Variant 2.0 TDI do que usar as patilhas, até porque o motor prefere os regimes intermédios aos mais altos. A gestão da caixa faz um bom trabalho com esta função ativada.
Conclusão
Neste Teste TARGA 67, a VW Passat Variant 2.0 TDI mostrou quer a fórmula que fez sucesso no passado mais ou mesmo recente continua a fazer sentido. Preconceitos anti-Diesel ou modas como a dos SUV à parte, uma boa carrinha Diesel como esta continua a ter muito espaço, para passageiros e bagagem, baixos consumos, conforto e facilidade de condução. O preço da versão Business, a mais acessível, é de 58 047 euros.
Francisco Mota
VW Passat Variant 2.0 TDI
Potência: 150 cv
Preço: 58 047 euros
Veredicto: 4 estrelas
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