Nem todos os elétricos têm que ser altos e SUV, podem ter a configuração de uma carrinha. A VW mostrou isso com o ID.7 Tourer, uma versão que promete vender muito mais que a berlina ID.7 e que não tem rivais diretos. Primeiro Teste TARGA 67 conduzido por Francisco Mota.
Desde 1962 que a Volkswagen tem versões carrinha de alguns dos seus modelos, a primeira foi a Type 3 Variant, uma carrinha de três portas, como se usava na altura pois a utilização destas versões era sobretudo para uso comercial. Desde a primeira carrinha que o nome Variant serviu para as identificar, a mudança acontece agora com a carrinha do ID.7 que recebe o nome Tourer. Novo na marca, mas não no mercado, por isso se perde um pouco de identidade. Mas apenas no papel, pois basta olhar para a ID.7 Tourer e logo se percebe o seu propósito. Tem 4,961m de comprimento e 2,971m de distância entre-eixos, valores tão generosos que nem precisaram de ser aumentados em relação à berlina, são rigorosamente os mesmos.
Mesmo tamanho
Mas o perfil é o típico da uma carrinha, com o tejadilho mais plano, beneficiando a facilidade de acesso aos lugares da segunda fila e, logicamente, aumentando a capacidade da mala. As costas dos bancos de trás regulam em inclinação, por isso, quando estão na posição vertical libertam 605 litros, que descem aos 545 litros, com as costas inclinadas no ângulo normal. Com o banco rebatido, atinge os 1714 litros. Tudo medidas até à altura do enrolador da chapeleira, depois ainda há a versatilidade da maior altura que a berlina, para transportar objetos mais altos.



O estilo exterior segue o da berlina ID.7, numa mistura entre a linguagem dos modelos a combustão, como o Passat e o Golf, e algumas linhas tiradas do ID.4, o mais vendido dos ID, resultando num desenho sem demasiada ousadia, como os clientes da marca preferem e com um Cx de 0,25. O habitáculo segue o mesmo da versão berlina, com um grande monitor central tátil no topo da consola, que foi melhorado mas ainda exige alguma imaginação do utilizador para encontrar aquilo que procura.
Boa qualidade
O painel de instrumentos de pequenas dimensões tem as informações básicas, evitando ter de desviar os olhos para o monitor central. Bom volante, com pega anatómica, muita amplitude de ajustes e boa posição relativa aos pedais e ao banco, que é confortável e tem apoio lateral mais que suficiente. Há dois volumosos porta-objetos com tampa na consola. Boa qualidade de materiais, de uma forma geral.



Pelo contrário, a direção está bem assistida e a resposta do motor elétrico traseiro não entrega excesso de binário às rodas traseiras, mal se toca no acelerador, como acontece noutros rivais. A suspensão é o grande destaque do ID.7 e isso mantém-se no ID.7 Tourer. Passa por cima de bandas sonoras com grande indiferença e trata o empedrado irregular como se fosse asfalto perfeito.
Muito confortável
A visibilidade é muito boa, o que minora os efeitos das generosas dimensões, quando é preciso manobrar. A travagem é fácil de dosear e a alavanca rotativa da transmissão está na coluna de direção, dispondo da posição “B” de maior regeneração na desaceleração, muito fácil de aceder a qualquer momento. Durante este Primeiro Teste não tirei conclusões do tejadilho panorâmico em vidro em relação ao isolamento do calor. A VW anuncia 7 camadas protetoras.


A VW aposta num elevado nível de equipamento de série, para conseguir combater rivais premium como o BMW i4, o BYD Seal e Polestar 2. Por isso inclui itens como o sistema de climatização inteligente, “head up display” com realidade aumentada, jantes de 19”, bancos com massagens e, no futuro próximo o inevitável ChatGPT. Há também uma “wellness app” com três modos à escolha e que escolhe combinações de temperatura interior, luz ambiente, massagens e “playlist” de música. A VW diz que é como um Spa.





Neste Primeiro Teste TARGA 67, usei uma versão Pro Urban com bateria de 77 kWh, 286 cv, 545 Nm e autonomia anunciada de “até” 609 km. Carrega a bateria a uma potência máxima de 177 kW e tem performances de 180 km/h de velocidade máxima e aceleração 0-100 km/h em 6,6 segundos. Com tração atrás e preço de 61 828 euros. Há também uma versão Pro S Urban com bateria de 86 kWh, os mesmos 286 cv e 545 Nm, mas com autonomia “até” 690 km. Carrega até aos 200 kW e acelera até aos 100 km/h em 6,7 segundos. Custa 66 736 euros.
GTX no topo da gama
Finalmente, a versão GTX, tem a mesma bateria de 86 kwh, mas com o segundo motor dianteiro aumenta a potência para os 340 cv e o binário para os 560 Nm. Faz os 0-100 km/h em 5,5 segundos e anuncia autonomia “até” 584 km. Custa 71 843 euros.


A condução não pareceu muito diferente da berlina, apesar de o percurso ser curto e pouco variado. Bom conforto, precisão, pouca inclinação lateral e uma ligeira mas bem presente tendência sobreviradora em curvas de grande raio. Uma atitude dinâmica que não é usual nos produtos da VW, mas que é muito bem vinda.
Conclusão
As diferenças entre a Tourer e a berlina, em termos técnicos são quase nenhumas, nem as dimensões mudaram, o que diminui os custos de produção. A ID.7 Tourer mantém todos os méritos da berlina e acrescenta o estilo carrinha, que os portugueses tanto gostam, além de mais capacidade para bagagens. Não admita que o importador, a SIVA, espere que a Tourer domine as vendas da gama ID.7.
Francisco Mota
VW ID.7 Tourer Pro Urban
Potência: 286 cv
Preço: 66 736 euros
Veredicto: 3,5 estrelas
Ver também, seguindo o LINK:Teste – VW ID.7 Pro: Volkswagen já é melhor que Tesla?