






















O Polo GTI comemora 25 anos de existência, razão para a VW lançar esta Edition 25. Mas esta espécie está em vias de extinção, num mercado que agora quer outros produtos. Será que um pequeno desportivo ainda faz sentido? Respostas em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.
O primeiro Polo GTI surgiu em 1995, numa edição limitada a 3000 unidades feita com base na terceira geração do Polo e tinha um motor 1.6 16V de 120 cv. A produção ilimitada do mais desportivo dos Polo só começou em 1999, coincidindo no tempo com o facelift que a gama recebeu nesse ano.
O motor 1.6 16V subiu aos 125 cv, com variador de fase e o GTI recebia um kit aerodinâmico específico, suspensão 10 mm mais baixa e jantes BBS de 15”, com o tradicional desenho de raios cruzados, usando pneus 195/45 R15.

Vinte e cinco anos depois, o Polo vai hoje na sexta geração, lançada em 2017 e tendo recebido um ligeiro restyling em 2021, que modificou os faróis, farolins e painel de instrumentos, entre outras evoluções. Para comemorar os 25 anos, a VW lançou o Edition 25.
O que muda no Edition 25
Este Polo GTI Edition 25 distingue-se por ter mais equipamento que o Polo GTI normal, com destaque para os excelentes bancos desportivos e para detalhes de decoração específicos, tanto por dentro como por fora. Mas não só.
A suspensão é 15 mm mais baixa que a do Polo GTI, tem molas mais duras e amortecedores com duas leis de amortecimento. Tem também aquilo que a VW chama um diferencial autoblocante eletrónico, ou seja, um controlo de tração que funciona a velocidades mais altas e trava a roda interior à curva.

Tem também jantes pretas de desenho específico com 18” e maxilas de travão pintadas de vermelho. Os pneus são uns Conti Sport Contact 5, de medida 215/40 R18 e a caixa é a conhecida DSG7 de dupla embraiagem.
Quanto ao motor, trata-se do mesmo 2.0 TSI turbocomprimido de quatro cilindros e injeção direta usado no Golf GTI, mas aqui com a potência limitada aos 207 cv, constantes entre as 4600 e as 6000 rpm e um binário máximo de 320 Nm, constante entre as 1500 e as 4400 rpm.
As prestações
O peso de apenas 1286 kg permite ao Polo GTI anunciar uma velocidade máxima de 240 km/h, um valor de respeito para um utilitário de 4,05 metros de comprimento; e acelerar dos 0 aos 100 km/h em 6,5 segundos, apenas mais 0,3 segundos que o Golf GTI de 245 cv, que pesa 1383 kg.
Não é preciso ser um entendido de automóveis para perceber que este Polo é diferente de todos os outros que se encontram na rua. A suspensão baixa, rodas largas e os subtis, mas presentes, spoiler dianteiro e traseiro deixam a certeza que este é um Polo especial. E quando se vê a sigla GTI, as dúvidas ficam desfeitas: toda a gente sabe o que é um GTI.

Por dentro, não faltam listas vermelhas nos bancos, no volante, no tablier, no painel de instrumentos, na alavanca da caixa e nas saídas de ar da climatização. Talvez um pouco excessivo, mas não há dúvida que o ambiente fica mesmo desportivo.
Claro que isso não esconde os vários plásticos duros presentes, comuns aos outros Polo. O painel de instrumentos digital tem leitura fácil, mas o computador de bordo não é intuitivo, comandado por botões no volante que podiam ser maiores. O ecrã tátil central é razoavelmente fácil de usar e tem uma página com instrumentos específicos no GTI.
Ergonomia
Os botões da climatização estão num módulo separado, mais abaixo na consola e seriam de uso mais fácil se não fossem táteis. A caixa de dupla embraiagem ainda tem direito a uma alavanca convencional, com possibilidade de ser usada para comando sequencial manual. Claro que também há patilhas no volante, mas são demasiado pequenas.
Em termos de habitabilidade, o GTI perde um pouco para os outros Polo, devido ao maior volume dos bancos da frente, mas pouco. Continua a haver bastante espaço nos lugares de trás em comprimento e altura e o acesso é fácil, pois o tejadilho não é baixo. A largura é menos generosa e a presença de um túnel central dificulta a vida do passageiro do meio. A mala tem 351 litros e fácil acesso.

A posição de condução é muito boa, considerando que se trata de um modelo do segmento B, beneficiando dos bancos desportivos com bom suporte lateral e confortáveis o suficiente. O volante tem uma pega anatómica, mas não evita a moda da inútil base plana. O travão de mão ainda é de alavanca, o que pode ser interessante, pois o controlo de estabilidade tem posição Sport e Off.
“Old School”
Para colocar o motor em marcha ainda é preciso rodar a chave no canhão, mais um tique clássico que assenta perfeitamente a um pequeno desportivo um pouco “old school” como o Polo GTI. Mas o som do 2.0 TSI é tudo menos clássico: subtil mas grave.
Os modos de condução disponíveis são os habituais Eco/Normal/Sport/Individual, mas a seleção faz-se num botão colocado na consola, em vez de no volante, onde ficaria muito mais acessível.

Primeiras centenas de metros, em modo Eco, e o motor mostra total suavidade na resposta, muito bem ajudado pelas passagens impercetíveis da DSG7 em modo automático. A suspensão sente-se de imediato firme, mas consegue tratar bem os maus pisos, sem enviar demasiados safanões para o habitáculo. É sempre o sinal de que os amortecedores são de boa qualidade.
A direção está bem assistida, sem excessos, e bem desmultiplicada. A visibilidade é fácil para todos os ângulos, com a área vidrada a deixar perceber onde estão os quatro cantos do carro. O outro indício de que este é um Polo especial está no tato um pouco brusco dos travões em trânsito citadino.
Bons consumos
No teste de cidade, o Polo GTI prova que consegue ser praticamente tão civilizado e competente como qualquer outro Polo e isso é um elogio. Que se estende aos consumos. No Teste de consumos TARGA 67, o computador de bordo registou uma média de 7,9 l/100 km, em modo Eco e com ar condicionado desligado. Para comparação, no mesmo teste, o Polo 1.0 TSI de 110 cv gastou 7,8 l/100 km.
Passando para a autoestrada, a 120 km/h estabilizados, ainda em modo Eco e A/C desligado, o consumo desceu a uns excelentes 5,8 l/100 km, o que é notável para um pequeno desportivo como este.

A aptidão para viagens mais longas fica provada pelo baixo regime e baixo ruído do motor, quando se rola em 7ª velocidade a 120 km/h. A estabilidade da carroçaria é de alto nível, sem que as bossas e lombas do piso gerem desconforto. Os ruídos aerodinâmicos estão bem controlados e os de rolamento também. A sensação é a de estar a guiar um carro do segmento acima.
Vamos às curvas!
Passando para uma estrada secundária com uma elevada densidade de curvas de todos os tipos, o Polo GTI Edition 25 mostra a sua outra face. Selecionando o modo de condução Sport, ganha-se de imediato uma resposta mais rápida do acelerador e da caixa de velocidades. Mas até há a hipótese de manter o modo Normal e passar apenas a caixa ao seu modo Sport, o que pode ser útil quando se quer um pouco mais de resposta, mas sem querer andar a fundo.
O motor sobe de regime de forma muito rápida e linear, sem que se note algum tempo de resposta do turbo a baixos regimes. A determinação com que dispara para as 6000 rpm faz a chegada do corte de ignição chegar com surpresa. Sempre com uma sensação de força que o empura para diante.

A caixa proporciona passagens muito rápidas e sem soluços artificiais, sem quebras de binário nem descontinuidade na entrega de força. O som do motor e escape compõem uma banda sonora típica dos desportivos VW: inspirador mas sem exageros.
Os travões de quatro discos têm um ataque inicial convincente, mas a verdade é que a isso não se segue uma potência de travagem impressionante. Após algumas travagens fortes, a força do sistema diminuiu um pouco.
Caixa DSG7 conservadora
Nas reduções, a caixa mostrou-se um pouco conservadora em excesso, não as autorizando a não ser no regime certo, para manter a sua integridade intocada. Compreendo o instinto de auto-preservação, mas isso obriga a entrar em algumas curvas numa relação mais alta do que gostaria.
Felizmente, a disponibilidade do binário é tão forte a baixos regimes que o problema se resolve por si próprio. A direção é precisa e rápida o suficiente para colocar as rodas da frente na trajetória, ao milímetro. Mas sem ter nunca reações nervosas, pelo contrário, ajuda a definir linhas suaves e eficientes.

A suspensão baixa e relativamente dura impede grande rolamento lateral e promove uma entrada em curva muito precisa. Os pneus desportivos garantem excelente aderência lateral, retardando a chegada da subviragem para velocidades de entrada em curva muito exageradas.
Muito eficiente
No momento em que se carrega a fundo no acelerador para saír de curvas lentas, a tração dianteira coloca no asfalto toda a potência, sem a menor hesitação e sem que se note muito o efeito de travagem da roda interior.

A verdade é que o motor parece ter mais do que os 207 cv anunciados, pela maneira com sobe de regime a partir de qualquer patamar. Quando ao acerto dinâmico da suspensão, é o típico dos desportivos VW: muito virado para a eficiência, da qual o condutor retira o maior gozo.
Contudo, existindo a hipótese de colocar o ESC em posição Sport ou mesmo em Off, há aqui margem para outro tipo de condução, até porque em posição normal, o controlo de estabilidade é demasiado zeloso.

Em modo Sport, ganha-se um pouco mais de liberdade, mas desligando-o fica a conhecer-se por completo a atitude desta suspensão. Provocando a traseira na entrada em curva, é possível faze-la deslizar e promover a rotação do Polo GTI. Claro que os ângulos nunca são muito grandes, por isso quase não é preciso correções com o volante. Basta deixá-lo direito.
Conclusão
Com este Polo GTI Edition 25, a VW volta a ser fiél à filosofia GTI que nasceu em 1976 com o Golf. Um pequeno desportivo, capaz de cumprir as tarefas do dia-a-dia com toda a facilidade e que depois permite uma boa dose de diversão na estrada certa. Uma diversão que vem do brilhantismo do motor e de um acerto dinâmico que aposta na eficiência e no rigor para impressionar e divertir o condutor. Para mim, esta receita continua a fazer todo o sentido.
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
VW Polo GTI Edition 25
Potência: 207 cv
Preço: 43 201 euros
Veredicto: 4,5 estrelas
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