A Toyota anunciou que vai ter 6 modelos elétricos à venda até 2026 e já mostrou alguns deles, com destaque para o Yaris Cross EV. Acrescentou ainda o FT-Se, uma visão do que pode ser o futuro MR-2 e revelou como está a desenvolver novas baterias. Saiba tudo na reportagem TARGA 67, assinada por Francisco Mota.
Mais uma vez, a Toyota organizou em Bruxelas o Kenshiki Forum, um evento onde mostrou os seus planos futuros para a região da Europa. Kenshiki quer dizer “insight”, uma ocasião para mostrar o trabalho que a marca tem estado a fazer.
Além de estrear o APM para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, que será fabricado na fábrica da Salvador Caetano em Ovar e de que já aqui falei no TARGA 67 (pode ler tudo seguindo o link no final do texto) a Toyota mostrou muito mais.
Alguns dos modelos agora vistos em Bruxelas tinham sido estreados no recente salão de Tóquio, mas a Toyota fez questão de trazer os “concept-cars” mais relevantes para a nossa região, para os apresentar à Imprensa europeia.
Toyota atrasada nos EV?
A Toyota sabe que a Europa é a região onde a transição energética se está a fazer mais depressa e as suas vendas de híbridos “plug-in” e elétricos já refletem isso mesmo. Mas também sabe que tem de acelerar o passo.
Para aqueles que dizem estar a Toyota atrasada nos elétricos, esta apresentação do plano de lançamento de 6 elétricos até 2026 é a resposta da marca japonesa. E começando logo pelo segmento que mais cresce na Europa, o dos B-SUV.
O Yaris Cross elétrico
O Urban SUV vai ser lançado já em 2024 e trata-se do equivalente elétrico do Yaris Cross, em termos de dimensões. Vai ser o elétrico mais pequeno deste 6 modelos e terá como alvo o Peugeot E-2008.
As dimensões são de 4,3 metros de comprimento, 1,82 m de largura e 1,62 m de altura. Estará disponível em versões com um motor e tração à frente ou dois motores e tração às quatro rodas. Também haverá escolha entre dois tamanhos de bateria, com duas autonomias distintas.
O estilo assenta em vias relativamente largas, rodas colocadas perto dos quatro cantos da plataforma e uma frente com desenho próximo ao do novo Prius.
“Joint-Venture” com BYD
O Sport Crossover também segue o desenho da frente do Prius, com uma silhueta “fastback” e estará à venda em 2025. É um projeto feito no âmbito de uma “joint-venture” com a BYD e estará à venda na Europa e na China.
Tem um estilo que apela à elegância e a uma certa desportividade, com um perfil de crossover coupé, mas teremos que esperar para saber mais detalhes.
A terceira geração em 2027
Quanto ao FT-3e trata-se de uma terceira geração de elétricos, com horizonte de lançamento numa segunda vaga a começar em 2027-2028.
É um concept que pretende juntar uma nova linguagem de estilo a novas tecnologias para veículos elétricos.
Usa uma nova plataforma exclusivamente para elétricos e que será partilhada com outros modelos que a marca apresentou também agora, como o desportivo FT-Se e a berlina de luxo Lexus LF-ZC.
Esta plataforma modular está separada em três partes, frente, central e traseira, com elementos fundidos, em vez de estampados, para as duas extremidades, que reduzem tempos de fabricação e aumentam a rigidez estrutural.
A aerodinâmica é uma prioridade, para aumentar a autonomia num modelo que mede 4,86 m de comprimento, 1,955 m de largura e 1,595 m de altura. Maior que um Tesla Model Y.
A Toyota afirma também que o FT-3e terá já uma nova geração de baterias, recurso a construção de baixo peso e baixo Centro de Gravidade.
Também há uma nova abordagem à digitalização, tanto no interior como no exterior, com displays a dar informações ao condutor assim que se aproxima do veículo estacionado.
Além do já conhecido bZ4X, do Urban SUV e do Sport Crossover, a Toyota ainda vai lançar mais três SUV, um deles já visto no salão de Shangai, o Compact SUV Concept.
O futuro dos desportivos
Finalmente, o GR FT-Se sugere como poderá ser um pequeno desportivo, um pouco na herança do antigo MR-2. Como todos os concept-cars FT, o significado dessas letras é “Future Toyota” neste caso com as restantes letras a significar “Sports eletric”.
Este concept-car não tem data de lançamento mas mostra a preocupação em encontrar o caminho para o futuro dos pequenos desportivos na era elétrica. Tem 4,38 m de comprimento, 1,895 m de largura e apenas 1,22 m de altura, tendo o mesmo comprimento do GR Supra. A aerodinâmica ativa é usada nos flancos.
Recorre a uma nova geração de baterias, mais leves e com maior densidade de energia. A dinâmica pode ser configurada pelo condutor, a partir da tração elétrica às quatro rodas.
Poderá também ter uma caixa de velocidades manual com embraiagem e som de motor à escolha do condutor. A posição de condução à muito baixa, com a bateria colocada atrás dos bancos em posição central.
Novas baterias
Para os modelos a lançar depois de 2026, a Toyota está a trabalhar em vários tipos de baterias de Lítio. Para os modelos mais caros, usa química NMC e promete o dobro da autonomia com carregamento mais rápido e custos 20% reduzidos, comparando com a bateria do bZ4X.
Também trabalha em baterias LFP, 40% mais baratas, com mais 20% de autonomia (comparando com o bZ4X), para modelos mais acessíveis.
Surgirá ainda um terceiro tipo de bateria, para modelos desportivos, com tecnologia bi-polar e cátodo de Níquel, que permitirá ainda mais autonomia e menos custos.
Estado sólido em 2027
Finalmente, para 2027-2028, prepara baterias de eletrólito sólido, que estima conseguirem 1000 km de autonomia com menos peso e um tempo de carregamento de 10 a 80% de carga em 10 minutos.
A Toyota afirma que desenvolveu um novo processo de fabricação destas baterias que lhe permite fazer várias dezenas de milhar de baterias.
Conclusão
O futuro elétrico da Toyota a curto prazo começa com o Yaris Cross EV em 2024, o primeiro de 6 modelos elétricos que a marca terá à venda até 2026, contando com o bZ4X. A evolução das baterias é claramente um tema prioritário na marca e, pelo que vi, a questão do estilo, muitas vezes um ponto fraco no passado, parece estar a ser bem resolvido. Somando a tudo isto o poderio do maior fabricante de automóveis do mundo, o único a construir 10 milhões de unidades por ano, não será difícil prever onde a Toyota poderá chegar com os elétricos. Apesar de continuar a desenvolver outras tecnologias como o Hidrogénio.
Francisco Mota
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