Vai a terceira geração do Duster conseguir manter a relação qualidade/preço dos seus antecessores? Com um novo estilo, novos interiores e outra plataforma, a Dacia está confiante. Saiba todos os detalhes no blog TARGA 67, num artigo assinado por Francisco Mota.
Finalmente o Duster passa a usar a plataforma CMF-B do Grupo Renault. Não que os compradores das duas gerações anteriores se tenham queixado muito da que os seus carros tinham. Mas a nova base dá acesso a novidades importantes.
Lançado em 2010 e revisto em 2017, o Duster assentava numa evolução de uma plataforma antiga do Clio, para controlar os custos e permitir um preço imbatível para um SUV do seu tamanho. Isso e a otimização da construção na fábrica da marca na Roménia.

O mercado reagiu e a barreira dos 2,2 milhões de unidades foi ultrapassada, chegando a ser o SUV mais vendido na Europa em 2022, nas vendas a particulares.
Como fazer a renovação?
Suceder a um modelo tão bem recebido pelo mercado nem sempre é fácil. É preciso manter o mesmo equilíbrio, enquanto se evolui o produto.
A Dacia está confiante de que fez isso mesmo, nesta terceira geração. A começar pelo estilo, um trabalho que se iniciou pela definição das proporções gerais. A filosofia não mudou, mantendo-se linhas bem marcadas que evocam a estética dos todo-o-terreno tradicionais.

Face dianteira vertical, cavas das rodas destacadas com proteções. Zona vidrada lateral a entrar pelos pilares traseiros e grande portão, são alguns dos pontos fundamentais.
Novidades de detalhe
Mas há novidades, como a faixa em plástico não pintado e com 20% de material reciclado que protege as portas, guarda-lamas e para-choques, dando-lhe um aspeto mais robusto. É um material patenteado pela Dacia que se chama Starkle.
Também as zonas inferiores dos para-choques têm a cor na massa do material, não precisando de repintura em caso de riscos. Os faróis e as luzes de trás estão dispostas como um “Y” deitado, um tema usado também no desenho das jantes polidas, não cromadas.

Curiosamente, segundo os dados preliminares, as dimensões são todas iguais ao decímetro, a altura desceu 37 mm e foi a maior mudança.
Melhor, por dentro
Por dentro, o habitáculo foi totalmente reformulado, com um tablier alto, com face vertical e saídas de ventilação de novo desenho, com um “Y” deitado, replicando as cavas das rodas. Há grampos para fixar vários objetos, o sistema YouClip da Dacia que aumenta a versatilidade.
O ecrã tátil central, em posição alta, tem 10,1” e está virado a 10 graus para o condutor, dando acesso a um novo sistema de infotainment com Android Auto, Apple Carplay e com ou sem sistema de navegação incorporado.

A transmissão automática tem um comando de novo formato e o volante é achatado em cima e em baixo. O painel de instrumentos é digital, configurável e tem 7”. Há um suporte para smartphone na frente, com tomadas USB-C, além de carregador sem fios em opção.
Materiais reciclados
O interior usa tecidos laváveis para os forros dos bancos e tapetes de borracha feitos de material 20% reciclado, incluindo o da mala. Não há pele de origem animal no interior, nem no volante. Nem cromados decorativos.
A nova plataforma permitiu aumentar o espaço disponível no interior, sobretudo em largura e comprimento para pernas na segunda fila. A mala tem melhor acesso e leva 472 litros, em vez dos 445 da geração anterior.

Tal como no Jogger, existe como opção o Sleep Pack, uma caixa amovível que inclui uma cama de casal, mesa de apoio e espaço de arrumação. A Dacia diz que se montam em dois minutos, rebatendo a segunda fila de bancos. Há também uma nova grelha para fixar nas barras de tejadilho, com capacidade de carga de 80 kg.
Plataforma CMF-B
A plataforma CMF-B é partilhada com os outros modelos da Dacia e também com modelos da Renault, como o Clio, Captur e Arkana. É uma plataforma que permite melhorar o comportamento dinâmico e melhorar os índices de NVH (Noise, Vibration, Harshness), como é sabido.
Tão importante quanto isso, faculta ao Duster a possibilidade de passar a ter versões híbridas de vários tipos, conhecidas dos modelos Renault.

O Duster vai também continuar a ser dos poucos modelos dos segmentos mais baratos disponível com versões 4×4, incluindo um programa Terrain Control com 5 modos de utilização: Auto/Snow/Mud-Sand/Off-Road/Eco.
A versão 4×4 tem 217 mm da altura ao solo, ângulo de ataque de 31 graus, e 36 graus de ângulo de saída. Tem ainda controlo de velocidade em descida, que funciona entre os 0 e 30 km/h.
Esta versão fornece informações em tempo real sobre a condução fora de estrada, como a inclinação lateral, inclinação longitudinal e distribuição de binário pelos dois eixos.
Já tem “full hybrid”
Quanto a motorizações, o Duster passa a estar disponível na versão Hybrid 140, que junta um motor 1.6 atmosférico de quatro cilindros e 94 cv a gasolina, a dois motores elétricos. Um de tração com 49 cv (potência combinada de 140 cv) e um motor/gerador que faz o arranque e a sincronização da caixa automática híbrida, que não tem sincronizadores, nem embraiagem.

É o mesmo sistema conhecido da Renault e do Jogger, com quatro velocidades para o motor de combustão e duas para o motor elétrico. Que se combinam em 15 possibilidades. A bateria híbrida tem 1,2 kWh de capacidade.
A Dacia diz que é possível conduzir 80% do tempo em cidade em modo de zero emissões locais, reduzindo os consumos em 20% no ciclo misto e 40%, no ciclo urbano. O arranque é sempre feito em modo elétrico.
Também “mild hybrid” e GPL
A segunda motorização disponível é a TCe 130, que usa um motor 1.2 turbo de três cilindros e um sistema “mild hybrid” de 48V com um motor/gerador e uma bateria de 0,9 kWh. A sua função é ajudar o motor a gasolina de 130 cv no arranque e nas recuperações, com reduções de 10% nos consumos. Esta versão está disponível com caixa manual de seis relações, em 4×2 ou 4×4.

A terceira motorização é o ECO-G 100, o conhecido bi-fuel gasolina/GPL que a marca usa noutros modelos. Anuncia menos 10% de emissões de CO2 quando em uso a GPL e, somando os dois depósitos, alcança uma autonomia de 1300 km. Tem 100 cv de potência máxima, tirada do motor 1.0 turbo de três cilindros.
Mais ajudas e equipamento
Evoluções ao nível dos sistemas eletrónicos de ajuda à condução são vários, bem como uma App para controlo de algumas funções e ainda atualizações à distância.
A Dacia promete continuar a proporcionar a melhor relação qualidade/preço possível. Há três níveis de equipamento: Essential, Expression, Extreme e Jouney, sendo os dois últimos paralelos, ou seja, com o mesmo preço.
No topo, podem encontrar-se items como as jantes de 18”, A/C automático, cartão de acesso mãos livres, travão de estacionamento elétrico, sistema de som com seis colunas, carregador de smartphone sem fios e infotainment com navegação conectada.
Conclusão
O novo Duster estará à venda a partir de Maio com preços ainda não anunciados mas que me surpreenderia muito se subissem consideravelmente. Há uma indicação de que, em França, os preços começam na casa dos 20 000 euros. A ser assim, confirma-se que a Dacia continua a ser a única marca que sabe o segredo para propor ao mercado um SUV com (bem mais do que) o essencial, a preços abordáveis. Agora só falta esperar pelo Primeiro Teste, para ficar a conhecer como a utilização e a dinâmica evoluíram nesta terceira geração do Duster.
Francisco Mota
Ler também, seguindo o link:
Último Teste – Dacia Duster 1.5 dCi: Vai ficar na história