Está oficialmente confirmada a entrada em Portugal da marca chinesa BYD. Será importada e distribuída pelo Grupo Salvador Caetano, começando com uma loja e uma oficina no Porto e outro par igual em Lisboa. No TARGA 67 já testei os modelos de lançamento Atto 3 e Han, agora foi a vez de um Primeiro Teste com o Seal, o rival do Tesla Model 3, que surgirá em Setembro.
A marca chinesa de modelos elétricos BYD decidiu associar-se a importadores experientes em todos os mercados europeus em que está a entrar e, em Portugal, escolheu o Grupo Salvador Caetano. Começa com uma loja e uma oficina no Porto e o mesmo em Lisboa, ficando as lojas nos centros das cidades.

Já testei aqui no TARGA 67 dois dos três modelos de lançamento, o Atto 3, um rival do VW ID.3 e o Han, uma berlina do segmento do Tesla Model S. Falta o SUV de sete lugares Tang, que aqui estará no blog muito em breve.
Rival do Model 3 em Setembro
Em Setembro, a marca alarga a sua oferta com o Dolphin, um B-SUV que também já testei no TARGA 67 e o Seal, uma berlina de 4,8 metros e quatro portas que tem uma missão simples, mas difícil: rivalizar com o Tesla Model 3.

Para resumir a história da marca, a BYD começou em 1995 por produzir baterias recarregáveis para eletrónica de consumo. Em 2003 criou a BYD Auto para fabricar automóveis, camiões, empilhadores e bicicletas. A eletrificação desta área surgiu mais tarde, primeiro com os PHEV, que ainda faz mas não vai trazer para a Europa, pelos menos para já.
Líder nos recarregáveis
Hoje, é a marca que vende mais elétricos na China, e superou em 2022 a Tesla, se bem que somando os elétricos aos PHEV. Em 2022 vendeu 1,85 milhões de PHEV e BEV somados, mas os números do primeiro trimestre deste ano projetam as vendas para os 3 milhões em 2023.

O maior mercado continuará a ser a China, mas agora a atenção centra-se na Europa. Depois dos países do Norte, chegou a vez de Portugal, incluído numa segunda vaga de expansão mais a Sul.
O que é o Seal?
O Seal usa a nova plataforma BYD para veículos elétricos, a “e-Platform 3.0” com o princípio CTB (Cell To Body) em que a caixa da bateria substitui o piso da estrutura monobloco. Por ser feita com interior em ninho de abelha, a tampa desta caixa contribui para o aumento da rigidez torcional do conjunto em 70%, face a uma estrutura convencional, atingindo os 40 500 graus/Nm.
O Seal integra-se na série Ocean da BYD, em que o estilo evoca animais marinhos, como o nome deixa perceber (foca). A bateria integrada na estrutura permite baixar a altura total em 10 mm e ganhar uma silhueta esguia com Cx de 0,219. Além de beneficiar o espaço para os pés na segunda fila de bancos.

A mala tem 402 litros e o “frunk” leva 53 litros. O desenho é ao gosto europeu, ou não tivesse sido feito sob a direção de Wolfgang Egger, um designer com muita história em marcas do Velho Continente, passou pelos grupos VW e Stellantis.
Duas versões à escolha
A bateria LFP usa células em lâmina, tal como os outros modelos da BYD, fabricadas pelo próprio grupo. Cada uma tem capacidade de 0,85 kWh, mais 66% de potência e mais 10% de densidade de energia que uma célula cilindrica, segundo a BYD.
A marca anuncia que o conjunto motriz é um “8 em 1” ao juntar todos os principais elementos num só. A capacidade da bateria é de 80 kWh, na versão AWD (autonomia de 570 km) e de 82 kWh, na versão de tração atrás (autonomia de 520 km). É recarregável até 150 kW DC, demorando 26 minutos para ir dos 30 aos 80%. Também pode ser recarregada em AC até 11 kW.

Como se vê, vão estar disponíveis duas versões do Seal, uma de tração atrás e 230 kW (313 cv) e outra com dois motores, um por eixo. Nesta versão de tração às quatro rodas, o motor da frente tem 160 kW (215 cv) e o de trás tem 230 kW (308 cv) resultando num máximo combinado de 390 KW (530 cv).
Teste em pista
Foi uma unidade pré-produção da versão mais potente que pude experimentar brevemente em dois exercícios numa pista fechada em Espanha.
O primeiro exercício foi a aceleração 0-100 km/h, que mostrou a excelente força dos motores elétricos, com o cronómetro do infotainment a marcar os 3,8 segundos anunciados.

Notei que a frente ficou um pouco leve, quando a aceleração transfere as massas para trás, mas a direção manteve-se precisa. A velocidade máxima está limitada aos 180 km/h.
Dinâmica dá bons sinais
O segundo exercício foi mais interessante, um duplo slalom, com portas a duas distâncias diferentes. Aqui já foi possível perceber a boa inserção da frente e a precisão da direção.
Na saída das portas mais largas, senti a traseira a receber mais binário, deslizando ligeiramente e ajudando o Seal a rodar entre os pinos.

O ITAC (Intelligent Torque Control Technology), um controlo de tração evoluído no que à gestão do binário por roda diz respeito, tem aqui responsabilidade, pois chega a atribuir binário negativo às rodas que o necessitem, ou seja, vectorização de binário elétrico.
A suspensão independente às quatro rodas, com braços sobrepostos na frente, tem amortecedores adaptativos, mas a versão testada tinha ainda especificações para o mercado chinês. Para a Europa é de esperar uma afinação um pouco mais firme, que diminua a inclinação lateral que notei neste exercício.
Convencional, por dentro
Por dentro, o Seal tem um habitáculo convencional, nada a ver com a abordagem minimalista da Tesla. A originalidade é o ecrã tátil central rotativo, que pode se colocado na vertical ou horizontal.

A qualidade pareceu boa, mas vou precisar de mais tempo e da versão europeia para o confirmar. Há espaço suficiente nos lugares de trás, devido aos 2920 mm de distância entre-eixos; e a mala tem 402 litros de capacidade, mais 53 litros no “frunk”.
Conclusão
Falta saber a que preço a BYD vai vender o Seal em Portugal. Se quer fazer guerra direta aos saldos da Tesla, ou se vai manter-se fiél à sua máxima anunciada de ser uma marca “premium acessível”. Um coisa é certa, a BYD não é uma “start-up” que vem à aventura. É um poderoso grupo industrial que já anunciou a abertura de fábricas de montagem de automóveis e de baterias na Europa. É um caso muito sério.
Francisco Mota
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