Quem diria que Portugal haveria de produzir o modelo mais vendido da VW na Europa? O T-Roc ultrapassou o Golf nas preferências dos europeus, sendo o terceiro modelo mais vendido no continente. Razões para um teste à versão T-Roc@PT 1.0 TSI exclusiva para o nosso país.
Há dois anos que o T-Roc é o modelo mais vendido da VW na Europa, batendo o Golf. Em 2022, o T-Roc vendeu 181 153 unidades, contra os 177 203 Golf que foram entregues a clientes europeus. Estes números colocaram o T-Roc como o terceiro modelo mais vendido na Europa, só batido pelo Peugeot 208, o atual líder com 206 816 e pelo Dacia Sandero, com 200 550 unidades.
Fabricado desde 2017 na Autoeuropa de Palmela, Setúbal, Portugal, o T-Roc já ultrapassou a barreira do milhão de unidades produzidas, mostrando que a aposta da marca neste modelo e no nosso país, foi uma aposta ganha.

É também um sinal claro da transferência de clientes dos segmentos tradicionais para os SUV, pelo menos no que diz respeito à Volkswagen, que não consegue ter no Polo um rival à altura do Peugeot 208.
Entre o B e o C
Posicionado no topo do segmento B, ou na base do segmento C, o SUV de Palmela é feito com base na plataforma MQB A0 do Polo e T-Cross e conseguiu acertar em cheio nas necessidades e desejos de uma boa parte dos compradores europeus, nesta franja do mercado.
O ligeiro facelift que recebeu serviu para atualizar detalhes de estilo, reforçar equipamento e melhorar alguns dos aspetos mais criticados na primeira versão.

Por fora, passou a ter faróis de LED de série em todas as versões, redesenho dos para-choques, grelha com friso luminoso (em opção), novas luzes de dia na frente, novas luzes de trás em LED, novos desenhos de jantes, piscas dinâmicos e mais cores.
Melhorou por dentro
A maior diferença está por dentro, com o topo do tablier a ser forrado em plástico macio com pespontos, em vez do plástico duro que tinha até agora e que critiquei sempre que testei um T-Roc.
Há novos bancos anatómicos, o volante do Golf, um ecrã tátil central com 9,2”, comandos táteis para a climatização e painel de instrumentos digital. A conetividade e os sistemas de ajuda eletrónica à condução também foram melhorados.

A novidade, a nível de versões de equipamento, é a versão especial para Portugal, o T-Roc@PT que parte da versão Life e acrescenta vidros escurecidos atrás, jantes de 17” e o logótipo da versão no pilar traseiro do tejadilho. Está disponível nas versões 1.0 TSI de 110 cv de caixa manual (30 271 euros) e 1.5 TSI de 150 cv de caixa de dupla embraiagem DSG.
Detalhes de ergonomia
Não há nenhuma modificação mecânica no T-Roc face ao modelo lançado em 2017, a introdução de uma versão “mild hybrid” ainda não aconteceu desta vez. Neste teste usei a versão 1.0 TSI com caixa manual de seis relações.
Claro que a subida de qualidade é relevante, mas é pena não ter continuidade no topo das portas da frente. Os comandos táteis do módulo separado da climatização não são perfeitos, pois obrigam a desviar os olhos da estrada.

A posição de condução é alta, mas não muito, facilitando o acesso e a visibilidade, com o volante a oferece regulações amplas e a alavanca da caixa colocada à distância certa. O espaço atrás é suficiente para dois adultos e os 445 litros da mala são mais que razoáveis.
Motor 1.0 TSI cumpre bem
Os bancos são confortáveis e têm apoio lateral suficiente. Desde o arranque que o motor 1.0 turbo de três cilindros agrada pela suavidade e disponibilidade dos 200 Nm de binário, que a caixa aproveita muito bem. Pena o pedal de embraiagem ter um curso exagerado.

Mesmo “puxando” um pouco pelo regime, o motor continua a mostrar que está bem insonorizado e que os 110 cv são mais que suficientes para uma condução despachada. A sua resposta a baixo regime é boa, não exigindo demasiado “trabalho” de caixa, o que nem seria um problema pois é suave e precisa.
A VW anuncia uma aceleração 0-100 km/h em 10,8 segundos, mais que suficiente para uma utilização familiar e uma velocidade máxima de 185 km/h.
Confortável e fácil de levar
A direção está muito bem calibrada na relação entre esforço e efeito, sendo precisa e confortável de usar. O mesmo se pode dizer da suspensão, que permite movimentos relativamente amplos da carroçaria, mas sem perder nunca o controlo.
Mesmo em mau piso, a suspensão de barra de torção atrás e os pneus relativamente altos de medida 215/55 R17, proporcionam excelente conforto, sem perder uma ligação próxima ao asfalto.

A ritmos mais acelerados, este T-Roc mostra precisão e rapidez de movimentos mais que suficiente para a sua missão. Não entra facilmente em subviragem e a traseira só “enrola” as curvas se o condutor a provocar.
Consumos bons em estrada
Em autoestrada, tem um desempenho mais próximo de uma berlina convencional que de um SUV, com muito poucas oscilações longitudinais e boa estabilidade, mesmo em mudanças de faixa mais repentinas. Pouco ruído aerodinâmico e menos ainda de rolamento.

Em termos de consumos, o meu teste em cidade revelou um valor de 7,2 l/100 km, que desceu aos 5,7 l/100 km, em autoestrada a 120 km/h estabilizados. São bons valores, tendo em conta a mecânica sem componente elétrica e os 1301 kg.
Conclusão
O T-Roc tem tido uma carreira em crescendo, o que não é comum. A relevância do modelo na oferta da VW tem aumentado, à medida que aumenta a procura por SUV compactos. A verdade é que o preço acaba por não estar muito longe do praticado pelos líderes do segmento B-SUV. E esta versão T-Roc@PT tem uma boa relação preço/equipamento.
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
VW T-Roc@PT 1.0 TSI
Potência: 110 cv
Preço: 30 271 euros
Veredicto: 4 (0 a 5)
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