Já vai na quarta geração, mas a Audi A4 Avant continua entre as melhores carrinhas que se podem comprar. A versão 35 TDI emprega o famoso motor 2.0 Diesel com 163 cv e nesta Special Edition aposta numa forte relação preço/equipamento. Mais um teste TARGA 67, para descobrir se é um bom negócio.
Esta quarta geração da carrinha Audi A4 Avant foi lançada em 2015 e recebeu um restyling em 2019, está portanto a caminho do fim de uma ilustre carreira. Mas isso não quer dizer que não seja uma proposta a ter em conta, mais ainda nesta Special Edition que aposta forte na relação preço equipamento.

É uma versão claramente feita a pensar nas empresas, o que não admira pois todo o segmento D está muito virado para esse mercado específico. Também por isso, esta versão utiliza o famoso motor 2.0 TDI, aqui na versão mild hybrid de 163 cv, sendo a sua designação comercial 35 TDI. Há outras duas versões do mesmo motor, a 30 TDI, com 136 cv e a 40 TDI com 204 cv.
Equipamento “oferecido”
Nos testes TARGA 67, não é costume gastar muito tempo com a enumeração de equipamentos de série ou opcionais, mas, neste caso é um exercício que faz sentido. Aqui vai a lista de equipamento de série desta versão.

Pintura metalizada, volante desportivo multifunções, sensores de parque, cruise control, computador de bordo, jantes de 17”, câmara traseira, vidros escuros atrás, A/C automático 3 zonas, cortinas nas portas traseiras, interface smartphone e aplicações no interior.

Pelas contas da Audi, uma A4 Avant 35 TDI assim configurada custaria 59 205 euros, mas esta Special Edition é vendida por 49 990 euros. Uma redução significativa face ao preço de tabela. Mas vamos ver se fica de fora alguma coisa importante.
Super elegante
O estilo conservador desta geração da A4 Avant tem resistido muito bem ao passar dos anos. O desenho relativamente conservador nunca perdeu a elegância e agora acaba por de destacar ainda mais, numa altura em que os rivais alemãs optam por visuais mais ousados.

A Avant tem mais 22 mm de comprimento do que a versão berlina e a mala tem 495 litros da capacidade, sendo muito fácil de aproveitar e com uma chapeleira de enrolador que funciona muito bem.
Como num desportivo
Num mundo cada vez mais dominado pelos SUV, entrar numa A4 Avant é quase como entrar num desportivo, com os bancos colocados perto do chão. Mas as portas não são demasiado baixas e não dificultam o acesso.

O espaço na segunda fila é bom em comprimento, mas só para dois passageiros. O túnel central no piso é demasiado penalizante para o passageiro do meio.

Nos lugares da frente há espaço suficiente, sobretudo porque a amplitude de regulações do banco e volante é muito grande. Os bancos têm um aspeto muito simples, mas são confortáveis e o apoio lateral é suficiente. O volante desportivo tem uma pega ótima e não tem base aplainada, é perfeitamente circular, como deve ser.
Boa ergonomia
A posição de condução resulta assim confortável e bastante baixa, com as pernas pouco fletidas e os braços exatamente como o condutor os quiser levar. O painel de instrumentos desta versão Special Edition é analógico, com ponteiros reais, mas continua elegante, nada ultrapassado. Honestamente, prefiro-o à versão digital.

O ecrã tátil está destacado no topo do tablier, com bom acesso e botões hapticos muito fáceis de usar. Infelizmente, desapareceu o comando rotativo do sistema de infotainment, que existia na consola central. Pelo menos ganhou-se espaço para mais um porta-objetos, já que o travão de mão é elétrico.

Pelo contrário, o comando da caixa automática de dupla embraiagem continua a ser uma alavanca. Ocupa mais espaço que um botão mais pequeno, mas é mais intuitiva de usar nas manobras. Ao centro da consola fica o módulo da climatização, com botões físicos grandes e fáceis de usar.
Qualidade no topo
Quanto à qualidade, a Audi mostra que continua a dominar o assunto neste, como noutros segmentos. Mesmo os plásticos mais duros, remetidos para as partes mais baixas do habitáculo, têm bom acabamento. A sensação de qualidade ganha realce com algumas aplicações metálicas e com plásticos macios. A montagem é sólida e muda.

Motor em marcha carregando no botão “engine start” e nada se ouve a não ser um murmúrio distante. O quatro cilindros Diesel, com turbo de geometria variável e injeção direta está muito bem equilibrado e o habitáculo bem insonorizado. Não há ruídos nem vibrações que foram a imagem de marca de antecessores desta unidade.
Diesel e “mild hybrid”
O motor tem um sistema “mild hybrid” de 12 Volt, com um motor de 2 cv, capaz de ajudar no arranque, nas recuperações e em algumas situações de circulação com muito pouca aceleração. A sua função é reduzir o consumo e usa uma pequena bateria de iões de Lítio colocada sob o piso da mala.

Noutra concessão ao preço final, também não há modos de condução para o condutor escolher, mas a verdade é que não fazem muita falta. O acelerador está muito bem calibrado e o motor disponibiliza os seus 370 Nm logo às 1500 rpm. Não há tempo de resposta, o motor simplesmente faz avançar o carro, seja qual for a situação.
Dupla embraiagem suave
Muito suave, muito disponível e rápido, este Diesel quase parece um motor elétrico, sobretudo porque o sistema “mild hybrid” faz bem o seu papel e a caixa automática s-tronic funciona muito bem, tanto na escolha da relação mais apropriada, como na rapidez e suavidade das passagens.

A direção está muito bem calibrada, nem leve, nem pesada, está no ponto certo para transmitir precisão e confiança, mesmo em circulação urbana. O mesmo se pode dizer do pedal de travão, muito fácil de dosear.

A condução em cidade é fácil, apesar de a visibilidade não ser perfeita para trás mas a suspensão independente às quatro rodas é confortável o suficiente, ao estilo Audi: deixa saber qual o estado do piso, mas não incomoda em excessso os passageiros. Os pneus 215/50 R17 também dão uma boa ajuda no conforto.
Consumos muito baixos
No meu habitual teste de consumos em cidade, sempre com A/C desligado, o valor que obtive foi de 6,7 l/100 km, muito bom para um carro que pesa 1605 kg e mostrando que o “mild hybrid” faz diferença, a Audi diz que poupa 0,3 l/100 km.

Em autoestrada, o consumo real desceu para os excelentes 4,3 l/100 km, mostrando, mais uma vez, que um bom motor Diesel continua a ser uma proposta difícil de bater, sobretudo em viagens longas por autoestrada.

Um depósito de gasóleo chega para 1256 km. E sempre sem ruídos excessivos de origem aerodinâmica, nem de rolamento. Com enorme estabilidade e aquela sensação de que há sempre binário disponível debaixo do pé direito, caso seja preciso.
E nas curvas?
Apesar de não ser uma versão desportiva, nem sequer ter pneus com mais ambições que não sejam o conforto, a verdade é que esta A4 Avant 35 TDI acaba por convencer também em estradas secundárias. A começar pelo excelente tato da direção, muito precisa e rápida, colocando as rodas frente ao milímetro.

O controlo de massas em encadeados de curvas, com transferências de apoios violentos é o típico da Audi: muito preciso, sem movimentos parasitas.
A tentação de abusar um pouco é irresistível, tanto mais que o motor é capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 8,5 segundos. E o comportamento dinâmico mantém-se controlado e previsível.

Mas, claro que os pneus dianteiros deixam a subviragem chegar relativamente cedo, chamando o ESC para resolver a questão com suavidade. Nota positiva para a tração dianteira, que consegue pôr no chão tanto binário sem grandes dificuldades.
Conclusão
A carrinha A4 Avant 35 TDI continua a mostrar que um bom motor Diesel continua a ter muitas vantagens, seja na excelente elasticidade e suavidade em cidade, seja nos consumos muito baixos em autoestrada. O desenho e a qualidade desta geração do A4 estão longe de ter passado de moda e esta versão Special Edition é realmente um bom negócio.
Francisco Mota
(Fotos de João Apolinário)
Audi A4 Avant 35 TDI s-tronic Special Edition
Potência: 163 cv
Preço: 49 990 euros
Veredicto: 4 (0 a 5)
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