Os monovolumes passaram de moda, substituídos pelos SUV. Mas será que as suas qualidades continuam válidas? Testei a segunda geração do BMW Série 2 Active Tourer, para descobrir se ainda é uma boa opção de transporte neste regresso às aulas.
O mercado já ofereceu monovolumes em praticamente todos os segmentos, mesmo se muitos já se esqueceram disso. Os SUV “roubaram-lhes” o papel de familiares por excelência fazendo os MPV (Multi Purpose Vehicle) praticamente desaparecer dos configuradores.
Mas alguns conseguiram sobreviver. É o caso do BMW Série 2 Active Tourer, que entrou agora na segunda geração, partilhando a plataforma de tração à frente com o mais recente Série 1 e alguns modelos da Mini.

O Active Tourer talvez tenha na relação entre as dimensões compactas exteriores de 4,4 metros e o generoso espaço interior o segredo da sua sobrevivência.
Segunda geração
Face ao seu antecessor, manteve a distância entre-eixos mais aumentou a largura das vias e todas as cotas principais, ganhando volume, por fora e por dentro.
Claro que não é de nada disto que fala quem aponta com o dedo para a frente do carro, quando o vê na rua. Como nos mais recentes modelos da BMW, a grelha no tradicional duplo rim aumentou brutalmente de dimensões.

Em parte, foi para albergar todos os sensores necessários às ajudas à condução. Em parte, foi por uma opção de estilo, que não será do agrado de todos, mas que inclui um para-brisas menos inclinado e um capót mais horizontal, para lhe dar menos ar de monovolume.
Diesel de 150 cv
A versão que testei foi a 218d, equipada com o motor 2.0 de quatro cilindros, Diesel e turbo, uma solução que também deixou de ser a última moda. Contudo, a potência de 150 cv permite-lhe uma grande desenvoltura, tanto em cidade como em estrada.

A aceleração 0-100 km/h anunciada é de 8,8 segundos e a velocidade máxima de 220 km/h, para um peso total de 1545 kg. Valores que dão algum brilho à condução.
Mais ainda quando ajudado por uma caixa automática de dupla embraiagem e sete relações, tão suave em modo “D” como rápida, usando as patilhas do volante. O ruído e a vibração do motor Diesel são coisas do passado.
Consumos muito baixos
Nota-se um ligeiro “formigueiro” mas muito distante e a resposta deste conjunto motor/caixa a baixos regimes quase parece a de um carro 100% elétrico.
Os consumos são muito baixos. Em cidade, no meu habitual teste de consumos, obtive uma média de apenas 5,9 l/100 km, com A/C desligado e no modo de condução Efficient.

Em autoestrada, onde o meu teste de consumos indicou um excelente valor de 4,1 l/100 km, a estabilidade continua a impressionar, bem como o bom isolamento acústico. A caixa faz “bolina” sempre que se desacelera em terreno plano ou em descida ligeira.
Fácil de usar
A maior altura das portas, face a uma berlina normal, facilita o acesso ao habitáculo, também porque a altura ao solo não é tão alta como num SUV.
Na segunda fila há espaço mais que suficiente para dois adolescentes altos, só o lugar do meio é mais estreito.

Os bancos estão divididos em duas partes desiguais e deslizam para trás e para a frente, de modo a otimizar o espaço para passageiros ou aumentar a capacidade da mala. Na posição normal, há 470 litros na bagageira e um grande compartimento sob o piso.
Ao volante
Nos lugares da frente também não falta espaço e os bancos desportivos são confortáveis e têm bom apoio lateral. O volante está muito bem posicionado, nada a ver com os MPV de volante “deitado” do passado, mas o aro é demasiado grosso.

A consola flutuante tem um espaço aberto por baixo, para as carteiras das senhoras. A alavanca da caixa de velocidades foi substituída por um botão muito pequeno e pouco prático, sobretudo nas manobras.
Em frente aos olhos do condutor está um novo painel digital que junta, na mesma peça, os instrumentos e o ecrã tátil central. O aspeto é moderno e a utilização não é muito complicada.
Moda versus ergonomia
Apesar de ter desaparecido o botão rotativo “iDrive”, que tão bem serviu a BMW ao longo de tantos anos. O interface 100% tátil venceu a batalha da moda, mas não a da ergonomia.

Os comandos da climatização estão no ecrã tátil, o que dificulta a sua utilização sem tirar os olhos da estrada. Mais abaixo, há um amplo porta-objetos com um local para colocar o smartphone, que fica preso por uma mola: “simply clever”, como diria a Skoda.
Dinâmica BMW
Mesmo tratando-se de um monovolume, o 218d Active Tourer não deixa de ter a dinâmica típica de um BMW. A direção é um pouco leve, mas é precisa e direta o que dá imensa confiança.

A entrada em curva é rápida e precisa e a suspensão traseira independente até se deixa provocar e descreve uma ligeira deriva, quando se desacelera bruscamente a curvar.
A tração dianteira lida bem com a força do motor, apesar de os pneus Hankook Ventus Prime 3 não serem o cúmulo da aderência, nesta medida 205/60 R17.

A inclinação lateral em curva é menor do que se poderia esperar de um monovolume, mantendo elevada estabilidade. Na verdade, este 218d Active Tourer nem precisava de tantos mérito dinâmicos, sendo um monovolume compacto familiar.
Um preço a pagar
Claro que há um preço a pagar pelo rigor e precisão da dinâmica, que é o conforto, ou a falta dele. Em piso menos que perfeito, a suspensão é firme em excesso para um familiar como este.

Mas devo dizer que esta unidade que testei estava equipada com o pacote desportivo M opcional, que inclui a suspensão desportiva.
Conclusão
Com um bom nível de qualidade de materiais no habitáculo, este 218d Active Tourer pode não ser o modelo mais “à moda” entre os familiares. Mas uma coisa é certa: cumpre a sua função com enorme facilidade e eficiência, acrescentando o fator “premium” (e o preço…) apreciado por tantos compradores no nosso país.
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
BMW 218d Active Tourer
Potência: 150 cv
Preço: 43 470 euros
Veredicto: 3 (0 a 5)
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