A procura de automóveis utilitários nunca foi tão grande, ao ponto de se fazerem listas de espera para alguns modelos. Se a versão híbrida é a mais mediática, o 1.0 VVT-i continua a ser uma escolha segura, na quarta geração do Toyota Yaris.
Se a versão híbrida é a mais mediática e o GR o mais emocional, a verdade é que o 1.0 VVT-i continua a ser a opção mais racional e mais acessível, na gama da quarta geração do Yaris.
Equipada com o consagrado motor de três cilindros e 998 cc, que continua a ser usado sem sobrealimentação, o Yaris menos potente tem apenas 72 cv, o que pode parecer pouco, face a alguns concorrentes sobrealimentados, mas nem todos.

A VW continua a ter uma proposta semelhante na gama diretamente concorrente, o Polo 1.0, que também tem um três cilindros, sem turbo e com 80 cv. Ambas sabem que há clientes para modelos com forte imagem de marca e motores apenas suficientes.
Quarta geração Yaris
No caso do Yaris, esta quarta geração estreou a plataforma GA-B, mais eficiente que a da geração anterior e com um peso total que, nesta motorização, se fica pelos 960 kg. E isso já vale uns quantos “cavalos”.

Esta foi também a geração em que o Yaris deu um salto em termos de estilo, abandonando a pose pouco inspirada das duas gerações anteriores e revivendo a originalidade do primeiro Yaris.
O mesmo se pode dizer do desenho do habitáculo, bem mais apelativo que no modelo anterior, se bem que continue a apostar em materiais que dão prioridade à longevidade.
Um conceito diferente
Mais importante que isso, o quarto Yaris tem soluções de ergonomia muito melhores que no passado, abandonado que foi o conceito de banco alto e linha de cintura muito baixa, que resultava numa coluna de direção muito inclinada.

Nada disso se passa neste Yaris, que tem uma excelente posição de condução, com regulações amplas o suficiente do volante e banco. O aro do volante tem um tato muito bom e a alavanca da caixa manual de cinco está perfeitamente posicionada.
O painel de instrumentos é analógico mas fácil de ler. O ecrã tátil ao centro tem um aspeto pouco moderno e uma utilização mediana. Mas os variados espaços para objetos não foram esquecidos, numa tradição deste modelo.
Não tem muito espaço
Basta entrar para a segunda fila de bancos para perceber que a habitabilidade para cinco não foi uma prioridade do projeto. A distância entre-eixos de 2,56 metros não permite muito espaço para as pernas e a largura de 1,75 metros não incentiva a levar três adultos.

A mala tem 286 litros de capacidade, uma boca de carga larga o suficiente e formato fácil de aproveitar.
Ao volante do Yaris, a sensação de estar bem melhor “encaixado” que na geração anterior é evidente. O motor 1.0 não renega a sua arquitetura e transmite alguma vibração à estrutura, quando se põe em marcha.
Motor suficiente em cidade
Mas a vibração fica muito atenuada quando se começa a andar e o regime sobe para uma frequência menos incómoda. E se está perguntar se os 72 cv são suficientes, o que posso dizer é que a caixa manual dá uma boa ajuda.

Com relações curtas nas mudanças mais baixas e um manuseamento certo e despachado, a caixa faz o motor dar o seu melhor em quase todas as situações de condução em cidade.
O Yaris 1.0 VVT-i avança sem problemas por entre o trânsito, com a acelerador a ter uma resposta muito linear e mais que suficiente para uma condução descontraída. Os 93 Nm não são sinónimo de binário alto, mas a desmultiplicação faz o resto.
Bem afinado
A direção tem o peso certo, é direta o suficiente e ajuda a uma condução suave e precisa, mesmo em cidade. Os travões estão bem calibrados, aqui não há a preocupação com nenhum sistema híbrido.

A suspensão, com MacPherson à frente e barra de torção atrás, é confortável o suficiente nas ruas com piso menos bom e os pneus de medida 185/65 R15 mostraram ser o compromisso certo entre controlo e conforto.
No meu habitual teste de consumos, em cidade o Yaris 1.0 VVT-i gastou 6,3 l/100 km e em autoestrada desceu aos 5,9 l/100 km, circulando a 120 km/h. Bons valores para o segmento.
Estrada e autoestrada
Claro que a condução em autoestrada mostra mais a baixa potência desta versão, apesar de o motor se esforçar por não deixar ficar mal o Yaris. Mas a relação de quinta é relativamente longa, para fazer baixar os consumos.
Contudo, a suspensão mostra excelente estabilidade a velocidades mais altas, ficando óbvio que está preparada para receber muito mais potência. Em estrada secundária, a sensação de ter muito mais chassis que força, também fica óbvia desde as primeiras curvas.

Só para ficar registado, a Toyota anuncia a aceleração 0-100 km/h em 14,6 segundos e uma velocidade máxima de 160 km/h.
Esta geração do Yaris é muito mais eficiente e ágil em curva do que qualquer uma das anteriores, mas com 72 cv não há força para grandes aventuras, a não ser numa estrada a descer, onde o Yaris mostrou rapidez e precisão de entrada em curva.
Conclusão
Se bem que muitos tenham a versão híbrida na mira, a verdade é que esta motorização base 1.0 VVT-i acaba por ser uma escolha racional, custando desde 18 190 euros. Pode parecer caro, mas só até descobrir quanto custa um Aygo X com o mesmo motor.
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
Toyota Yaris 1.0 VVT-i
Potência: 70 cv
Preço: 18 190 euros
Veredicto: 3,5 (0 a 5)
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