Pela primeira vez, a Kia venceu o mais prestigiado prémio da indústria automóvel. O The Car Of The Year 2022 foi atribuído ao elétrico EV6 com os votos de 60 jurados de 23 países. A minha votação foi a seguinte.
O The Car Of The Year é o prémio mais respeitado atribuído à indústria automóvel, sendo também o mais antigo, pois nasceu em 1964.
É um prémio totalmente editorial, criado por um grupo de revistas europeias da especialidade e com um júri formado por jornalistas que têm como principal atividade o teste dos novos modelos lançados pelas marcas todos os anos.
No The Car Of The Year as marcas não se inscrevem, nem pagam inscrições. São os critérios do prémio que determinam que modelos são elegíveis para disputar o prémio, cada ano. Critérios que estão enunciados no website caroftheyear.org
O júri vota, numa primeira fase, para serem escolhidos os sete finalistas e depois vota nos sete finalistas para escolher o vencedor. Nesta segunda fase, cada jurado tem 25 pontos para distribuir pelos sete finalistas, com algumas regras.
Como se vota
O máximo que pode dar a um único modelo são 10 pontos, mas tem que dar mais pontos a um modelo do que aos outros. Tem que atribuir pontos a, pelo menos, cinco modelos.
Mais importante, a votação de cada jurado é publicada no website caroftheyear.org, juntamente com um texto que justifica a sua votação para cada modelo, tudo a bem da total transparência e independência.
Mantendo isto em mente, a minha votação para o The Car Of The Year 2022 foi esta, por ordem alfabética:
Cupra Born – 2 pontos
Depois do Formentor e do seu estilo único, estava à espera que o primeiro modelo elétrico da Cupra fosse mais do que um ID.3 com algumas alterações. Claro, que tem uma frente diferente e muitos detalhes decorativos, tanto por fora como por dentro. Merecia mais. A Cupra afinou a dinâmica para dar ao Born um tato mais desportivo, sem perder muito em termos de conforto e fez um bom trabalho. Mais envolvente de guiar que um ID.3
Ford Mustang Mach-E – 4 pontos
Aquilo que começou com uma “ofensa”, usando o nome “sagrado” do Mustang para um SUV elétrico, acabou, dois anos depois como um EV muito convincente. O estilo vai buscar alguns detalhes do passado e integra-os numa forma de crossover moderno. Espaço interior suficiente e um habitáculo bem desenhado, boa performance e um comportamento dinâmico muito interativo, faz deste um dos poucos carros elétricos realmente divertidos de guiar.
Hyundai Ioniq 5 – 2 pontos
O estilo dá uma nova interpretação a um antigo desenho da Hyundai e adiciona alguns detalhes modernos. A forma que daí resulta tem proporções um pouco invulgares: parece um carro compacto mas, na realidade, é um crossover de dimensões generosas. O habitáculo oferece um ambiente tipo “lounge”, que não tenho a certeza que se adapte bem a um automóvel. Boa performance, fornecida pelo sistema elétrico, mas o comportamento dinâmico é demasiado focado no conforto.
Kia EV6 – 4 pontos
Estilo audacioso faz deste um dos modelo elétricos mais atraentes do mercado e que muda a perceção da Kia como marca. Usa a mesma plataforma do Hyundai Ioniq 5, contudo o habitáculo tem uma abordagem diferente, mais estilo GT, que lhe fica muito bem. O interior tem espaço mais do que suficiente, boa performance e, melhor que tudo, este é um carro elétrico realmente envolvente de guiar numa boa estrada. A afinação da suspensão é muito diferente da usada no Ioniq 5.
Peugeot 308 – 4 pontos
Será que ainda faz sentido lançar um carro novo com motores a gasolina e Diesel? A Peugeot pensa que sim e eu consigo perceber o seu ponto de vista. Os carros elétricos não são fáceis de usar em toda a Europa, neste momento. O novo 308 traz uma evolução no desenho, face à geração anterior, um interior realmente premium e dinâmica modificada. Muito melhor equilíbrio entre dinâmica precisa e conforto de suspensão. As versões PHEV são muito competentes, mas a versão 100% elétrica ainda está um pouco distante.
Renault Megane E-Tech Electric – 5 pontos
Em termos de estilo, é um exercício na tradição da Renault: ousado e inovador. O mesmo pode ser dito do habitáculo, que tem um excelente sistema de infotainment. Há espaço suficiente no interior, para um modelo do segmento C e a performance é mais do que adequada. O sistema elétrico é bastante eficiente e a dinâmica envolve o condutor na ação, sem efeitos secundários em termos de conforto da suspensão. Tal como acontece noutros EV deste segmento, alguns plásticos podiam ser melhores.
Skoda Enyaq iV – 4
Um verdadeiro Skoda, no sentido em que marca muitos pontos em várias áreas. Estilo discreto, perfeitamente integrado no resto da gama. Espaço interior generoso, para passageiros e bagagem e um ambiente quase premium. O sistema elétrico é muito eficiente, bom comportamento dinâmico e confortável. Partilha a plataforma e muito mais com outros EV do grupo VW, mas foi bem diferenciado desses modelos.
Francisco Mota
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